Pastor Cleber: junho 2020
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Confia e espera

Ainda que não compreendamos, o tempo de Deus é o tempo certo, e Seu agir é perfeito; tudo o que precisamos é confiar e esperar.

oração
Imagem: Pixabay

“Ele fez tudo apropriado a seu tempo. Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim este não consegue compreender inteiramente o que Deus fez” (Eclesiastes 3:11)


Pr. Cleber Montes Moreira


Embora a Bíblia nos ensine que há tempo para tudo, e que Deus é soberano em suas ações, muitas vezes murmuramos enquanto aguardamos por alguma resposta às nossas orações. Vivemos sob a influência de uma sociedade imediatista, que quer tudo para ontem. A facilidade do controle remoto para trocar o canal da TV, abrir o portão, acender uma lâmpada e realizar outras tarefas, bem como toda comodidade que temos neste tempo de avanços tecnológicos, nos fez mal-acostumados. Esses dias meu filho estava “judiando” (como ele mesmo disse) do controle remoto: é que as pilhas estavam fracas e ele já demorava para obedecer aos comandos. Em relação a Deus muitos querem a mesma prontidão, como se fosse possível apertar uma tecla e o Poderoso responder prontamente.

Jairo era um homem importante. Ele era o líder da sinagora. Quando sua filha única, de doze anos, estava muito doente, ele foi buscar socorro em Jesus. Não sabemos o quanto ele conhecia sobre o Senhor, mas certamente o bastante para confiar que Ele seria capaz de curá-la. O relato bíblico diz que “prostrando-se aos pés de Jesus, rogava-lhe que entrasse em sua casa” (Lucas 8:41).

Enquanto iam, rodeados por uma multidão, Jairo teve de esperar, pois “uma mulher, que tinha um fluxo de sangue, havia doze anos, e gastara com os médicos todos os seus haveres, e por nenhum pudera ser curada, chegando por detrás dele, tocou na orla do seu vestido, e logo estancou o fluxo do seu sangue. E disse Jesus: Quem é que me tocou?” (Lucas 8:43-45). Enquanto isso acontecia, “chegou um dos príncipes da sinagoga, dizendo: A tua filha já está morta, não incomodes o Mestre” (Lucas 8:49). Aquele ‘atraso’ poderia ter deixado Jairo angustiado, decepcionado, com raiva… mas, ele confiou. Jesus lhe disse: “Não temas; crê somente, e será salva” (Lucas 8:50), e assim aconteceu: apesar da desconfiança dos que estavam na casa, e das risadas dos incrédulos, Jesus “pegando-lhe na mão, clamou, dizendo: Levanta-te, menina. E o seu espírito voltou, e ela logo se levantou” (Lucas 8:54,55).

O pedido de Jairo foi atendido, não no tempo que ele imaginava, mas no tempo de Deus, para a honra e glória de Deus e alegria de todos. Ainda que não compreendamos, o tempo de Deus é o tempo certo, e Seu agir é perfeito. Quem não tem fé se desespera, mas quem nele confia espera, mesmo quando aos olhos naturais tudo parece perdido.

Confia e espera, pois “bom é o Senhor para os que esperam por ele, para a alma que o busca. Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor” (Lamentações 3:25,26).

Os homens dos “tempos trabalhosos” serão profanos

Embora pensemos em profanos como pessoas de fora, Paulo trata de ocorrências no seio das igrejas e indica este comportamento como um dos sinais dos “tempos trabalhosos”. De fato, esta é uma característica cada vez mais perceptível nos arraiais evangélicos e que comprova a crescente apostasia da fé

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Imagem de SamWilliamsPhoto. Por Pixabay 

“Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos.” (2 Timóteo 3:2 – grifo do autor)


Pr. Cleber Montes Moreira


Os homens dos tempos trabalhosos também serão anósioi (ἀνόσιοι), conforme a Almeida Corrigida e Fiel “profanos”. Há versões, como a Nova Versão Internacional, a Bíblia King James Atualizada, a Sociedade Bíblica Britânica e a Almeida Revisada da Imprensa Bíblica, por exemplo, que traduzem por “ímpios”. Alguns escritores usam “perverso”. Indica um comportamento sem reverência, sem respeito e de total desconsideração pelo que é sagrado, um desrespeito intencional das coisas de Deus.1 Para Champlin “irreverentes”, pessoa desprovida de santidade, iníqua, sem restrição na maldade praticada. “Tais indivíduos se desfarão de toda a restrição de ordem religiosa, fazendo de si mesmos pequenos deuses.”2 Segundo Hernandes Dias Lopes, “indecente”, “ou seja, o indivíduo que vive abertamente no pecado sem qualquer recato ou pudor. Trata-se daquela pessoa que já perdeu a vergonha e cujo único objetivo de vida é satisfazer seus desejos pervertidos.”3 William Barclay comenta: “O homem dominado por suas paixões mais baixas as gratificará da maneira mais desavergonhada, tal como o mostram as ruas de qualquer grande cidade a altas horas da noite. O homem que esgotou os prazeres normais da vida, e ainda não está satisfeito, buscará emocionar-se com prazeres anormais e que até envergonha nomear. Mais uma vez numa sociedade decadente e envilecida, podem-se esquecer os bons costumes.”4

Na pratica, o é que profanar? Segundo o Dicionário Michaelis, profanar é “violar ou tratar com desrespeito alguma coisa sagrada ou venerável; aviltar pelo uso profano; cometer uma transgressão de um princípio sagrado, de uma regra etc.; tornar maculado ou impuro; Insultar algo ou alguém digno de respeito.”5

O profano/ímpio/perverso/iníquo é aquele que não tem fé, ainda que neste caso sua incredulidade esteja camuflada por um comportamento religioso: “com aparência de piedade, todavia negando o seu real poder” (2 Timóteo 3:5 — BKJA). Este comportamento nos faz lembrar o caso de Nadabe e Abiú, pertenentes à tribo de Levi, sucessores direto de Arão. Apesar de todos os privilégios de que desfrutavam junto à congregação de Israel, não honraram o seu ministério, antes ignoraram a recomendação de Moisés e ofereceram fogo estranho ao Senhor. “De acordo com as instruções que o Senhor, através de Moisés, transmitira aos filhos de Israel, somente o sumo sacerdote estava autorizado a oferecer o incenso no altar de ouro (Êxodo 30:7-9). Todavia, observa-se que ambos, ignorando tal preceito, entraram no lugar sagrado e trouxeram um fogo que Deus não ordenara”6 (Leia Levítico 10:1,2). Mais tarde, pela boca do profeta Ezequiel, Deus reclamou: “Seus sacerdotes cometem violência contra a minha lei e profanam minhas ofertas sagradas; não fazem distinção entre o sagrado e o comum; ensinam que não existe nenhuma diferença entre o puro e o impuro; e fecham os olhos quanto à guarda dos meus sábados, de maneira que sou desonrado no meio deles” (Ezequiel 22:26 — NVI)

Não é leviano afirmar que todo falso crente, bem como todo líder espiritual que, travestido de santidade e autoridade espiritual, prega um evangelho no qual ele mesmo não crê nem pratica é profano; este é o tipo que, ostentando aparência religiosa, vive na carne e não no espírito, contrariando, assim, a exortação paulina: “vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne” (Gálatas 5:16 — NVI). Embora normalmente pensemos em profanos como pessoas de fora, que profanam a fé, também há profanos nas igrejas (é sobre estes que Paulo fala), e esta é uma característica cada vez mais perceptível nos arraiais evangélicos, o que indica um comportamento de apostasia da fé.

Tudo o que ofende a dignidade de Deus é profanação. Em Isaías temos um relato de que a religiosidade de Israel, por causa de seus desvios e pecados, consistia numa profanação:

“Para que me oferecem tantos sacrifícios?”, pergunta o Senhor. Para mim, chega de holocaustos de carneiros e da gordura de novilhos gordos; não tenho nenhum prazer no sangue de novilhos, de cordeiros e de bodes!

Quando lhes pediu que viessem à minha presença, quem lhes pediu que pusessem os pés em meus átrios?

Parem de trazer ofertas inúteis! O incenso de vocês é repugnante para mim. Luas novas, sábados e reuniões! Não consigo suportar suas assembleias cheias de iniquidade.

Suas festas da lua nova e suas festas fixas, eu as odeio. Tornaram-se um fardo para mim; não as suporto mais!

(Isaías 1:11-14 — NVI)

Em Malaquias lemos: “O filho honra seu pai, e o servo o seu senhor. Se eu sou pai, onde está a honra que me é devida? Se eu sou senhor, onde está o temor que me devem?”, pergunta o Senhor dos Exércitos a vocês, sacerdotes. “São vocês que desprezam o meu nome! Mas vocês perguntam: ‘De que maneira temos desprezado o teu nome?’” (Malaquias 1:6 — NVI)

O que ocorreu com Israel não é diferente do que ocorre com as igrejas hoje, sem generalizar, é claro. Será que em certas reuniões cúlticas o nome do Senhor não está sendo profanado nos sermões, música, danças, “artes”, vestimentas, comportamentos, palavreado, sentimentos e valores praticados? Estes cultos não afrontam a Deus? A profanação não acorre apenas quando lésbicas entram num templo e trocam beijos, ou quando um transexual aparece numa cruz numa parada LGBT, nem quando militantes introduzem crucifixos em seus ânus durante manifestações, mas também quando aqueles que, declarando Cristo como Senhor, ofendem sua dignidade, seja na vida privada ou durante seus ajuntamentos.

A teologia da prosperidade, a teologia inclusiva, os sermões de autoajuda, as heresias, os louvores antropocêntricos e triunfalistas, as crendices, a idolatria gospel, a vida dúbia dos crentes, a desonra dos corpos etc., é profanação. Todo desvio da verdade e dos valores bíblicos é profanação. Podemos também dizer que tanto o ativismo quanto o nominalismo religioso é profanação, uma vez que estes comportamentos não glorificam a Deus.

Entre os Dez Mandamentos temos este: “Não tomarás em vão o nome do Senhor teu Deus, pois o Senhor não deixará impune quem tomar o seu nome em vão” (Êxodo 20:7 — NVI). Declarar-se cristão e não viver como tal, é também uma forma de tomar o nome de Deus em vão, e isso é profanação.

Uma outra palavra, usada em Hebreus 12:6 também merece atenção: “que não se abrigue entre vós nenhum imoral ou profano, como Esaú, o qual por uma refeição desejada, vendeu todos os seus direitos de herança como filho mais velho” (Hebreus 12:16 — BKJA). Aqui a palavra para “profano” é bebelos (βέβηλος) cujo sentido é, “literalmente, passando por um limite sem a devida autorização”.7 Esaú, por causa de seu apetite carnal, cruzou uma linha que não deveria, trocando sua primogenitura por uma refeição. Embora a palavra usada em 2 Timóteo 3:2 seja anósioi (ἀνόσιοι), ambas trazem a ideia de carnalidade. Sempre que alguém prefere algo carnal ao espiritual, está agindo como um profano.

Abaixo temos um outro texto que nos apresenta um comportamento profano.

Tendo Jesus entrado no pátio do templo, expulsou todos os que ali estavam comprando e vendendo; também tombou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos comerciantes de pombas. E repreendeu-os: “Está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração’; vós, ao contrário, estais fazendo dela um ‘covil de salteadores’”.

(Mateus 21:12,13 — BKJA)

Guardadas as diferenças de contexto, “Covil de salteadores” parece representar muito bem o que certas igrejas de nosso tempo têm se transformado: empreendimentos humanos rentáveis, por meio dos quais falsos líderes, alegando autoridade espiritual, se enriquecem às custas da “boa fé” de incautos.

A Palavra de Deus traz uma séria advertência aos profanos: “Quão mais severo castigo, julgam vocês, merece aquele que pisou aos pés o Filho de Deus, que profanou o sangue da aliança pelo qual ele foi santificado, e insultou o Espírito da graça?” (Hebreus 10:29 — NVI).

Creio que podemos encerrar com esta outra advertência: “Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear, isso também colherá” (Gálatas 6:7 — NVI).


1 Com informações de https://biblehub.com/greek/462.htm (acessado em 05 de agosto de 2019).

2 Champlin, Russell Norman, Ph. D., Comentário Bíblico, Volume 5, páginas 386 e 387, Hagnos, 2001

3 Lopes, Dias Hernandes. 2 Timóteo, o Testamento de Paulo à Igreja, página 87, Hagnos, São Paulo, 2014.

4 Barclay, William. The Second Letter to Timothy, tradução de Carlos Biagini

5 https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/profanar/ (acessado em 05 de agosto de 2019)

6 https://escoladominical.assembleia.org.br/licao-7-fogo-estranho-diante-de-deus-2/ (Acessado em 08 de agosto de 2019)

7 https://biblehub.com/str/greek/953.htm (acessado em 06 de agosto de 2019)

A Escola de Justino

Quase tudo que Justino sabia sobre Deus, ele aprendera na EBD. As lições recebidas na “maior escola do mundo” cooperaram para forjar seu caráter, formar seus valores, e prepará-lo para a vida

criança lendo a Bíblia
Imagem: Pixabay

“Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti […]. E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.” (2 Timóteo 1:5; 3:15)


Pr. Cleber Montes Moreira


Justino, órfão de pai, criado pela mãe e a avó materna, nunca teve vida fácil. Passou escassez de quase tudo, teve de trabalhar cedo para ajudar nas despesas da casa, não pôde frequentar a escola, e o pouco que aprendeu a ler foi com uma vizinha professora, a quem chamava de tia. Por muito tempo o único livro da casa, a velha Bíblia, e algumas revistas recebidas na igreja foram-lhe bastante úteis para treinar a leitura. Era inteligente, autodidata. Na década de 1970 cooperou na organização de uma igreja no bairro onde morava. Sempre operante, dirigia cultos, pregava, ensinava classes bíblicas e gostava de evangelizar. Desenvolto, hábil no ensino da Palavra de Deus, certa feita alguém lhe inquiriu sobre a escola em que havia estudado, ao que respondeu: “Na Escola Bíblica Dominical.” Sim, ele desenvolveu sua habilidade na leitura desde criança, a partir das revistas da EBD da antiga igreja. Assim como Lóide e Eunice, que instruíram Timóteo na fé, Justino também aprendeu com o testemunho da avó e da mãe, mulheres sábias, que despertaram nele, desde a infância, o interesse pela classe dominical.

Quase tudo que Justino sabia sobre Deus, ele aprendera na EBD. As lições recebidas na “maior escola do mundo” cooperaram para forjar seu caráter, formar seus valores, e prepará-lo para a vida. Mesmo sem formação secular, alcançou sabedoria. Seu testemunho era impactante e persuasivo. Agora era ele quem conduzia seus três filhos no bom caminho.

Creio que se agirmos como Lóide e Eunice, e como a avó e a mãe de Justino, se ensinarmos aos pequeninos as sagradas Escrituras, que podem fazê-los sábios para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus, tais ensinos frutificarão em suas vidas e Deus fará neles a Sua Obra.

A escola de Justino pode ser também a escola de sua família. Pense nisso!

Os homens dos “tempos trabalhosos” serão ingratos

Se concordamos que “a gratidão é a memória do coração”, devemos cuidar para que não sejamos, a exemplo de muitos, acometidos pela demência

Bíblia

“Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos.” (2 Timóteo 3:2 – grifo do autor)


Pr. Cleber Montes Moreira


Os homens dos “tempos trabalhosos” serão acháristoi (ἀχάριστοι), ingratos, desprezíveis, mal-agradecidos. O que Paulo afirma é que “a capacidade de agradecer e reconhecer seu benfeitor e benfeitoria seria escassa. Seria um período de extrema ingratidão. Um tempo de homens implacáveis, homens que não exerceriam a graça de Deus.”1 Champlin nos diz que “esse pecado também é atribuído aos pagãos”2 (Romanos 1:21). Considerando que Paulo fala sobre um desvio de dentro para fora, ou seja, que ocorreria no seio das igrejas, podemos concluir que a apostasia da fé é o espírito pagão que se levanta entre os que confessam a Cristo, sendo uma característica dos falsos crentes. Quanto mais estes cedem ao secularismo, mais se nota o comportamento mundano no seio das igrejas, especialmente a ingratidão.

Certa ocasião, quando Jesus ia para Jerusalém, passando pela divisa de Samaria e Galileia, ao entrar num povoado, “dez leprosos dirigiram-se a ele. Ficaram a certa distância e gritaram em alta voz: ‘Jesus, Mestre, tem piedade de nós’” (Lucas 17:12,13 — NVI). O relato bíblico diz que os dez foram curados, mas só um voltou para agradecer: “Um deles, quando viu que estava curado, voltou, louvando a Deus em alta voz. Prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agradeceu. Este era samaritano” (Lucas 17:15,16 — NVI). Este não era judeu, mas samaritano. Os demais foram cumprir o ritual religioso: deveriam se mostrar aos sacerdotes, para obterem o “atestado” de cura e serem reintegrados à sociedade.

A pergunta que deve ser feita a esta sociedade ingrata e incrédula é: “Não foram purificados todos os dez? Onde estão os outros nove? Não se achou nenhum que voltasse e desse louvor a Deus, a não ser este estrangeiro?” (Lucas 17:17,18 — NVI). Onde estão aqueles que têm recebido da graça divina? De certa forma o comportamento de hoje se assemelha ao do passado: os rituais religiosos têm proeminência sobre a gratidão. Em vez de irem a Deus para agradecer, as pessoas se preocupam mais em se mostrar para os sacerdotes. A gratidão está escassa na sociedade, mas ela é esperada principalmente daqueles que já receberam a salvação pela graça. A ingratidão entre os que se dizem crentes é prova incontestável de que a apostasia da fé é uma realidade entre os evangélicos.

É perceptível na conduta do “povo de Deus” hoje o mesmo comportamento de Israel ao longo de sua história registrada no VT: “Durante quarenta anos fiquei irado contra aquela geração e disse: ‘Eles são um povo de coração ingrato; não reconheceram os meus caminhos’”; “Mas logo se esqueceram do que ele tinha feito e não esperaram para saber o seu plano”; “Esqueceram o que ele tinha feito, as maravilhas que lhes havia mostrado” (Salmos 95:10; 78:11; 106:13 — NVI). Se concordamos que “a gratidão é a memória do coração”, devemos cuidar para que não sejamos, a exemplo de muitos, acometidos pela demência.

No início de uma carta de Inácio a um de seus primeiros companheiros, Simão Rodrigues, lemos:

À luz da divina bondade me parece que, embora outros possam pensar de modo diferente, a ingratidão é o mais abominável dos pecados aos olhos de nosso Criador e Senhor, e de todas as criaturas capazes de aproveitar-se em sua divina e eterna glória. Já que é esquecimento das graças, bens e bençãos recebidas; e além disso aqui se encontra a causa e começo de todos os pecados e desgraças. Pelo contrário, a gratidão que reconhece as bênçãos e bens recebidos é estimada e amada não só na Terra senão também no Céu (18 de março de 1542).

O escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe disse: “Ingratidão é uma forma de fraqueza. Jamais conheci homem de valor que fosse ingrato.” Até mesmo dos autores seculares podemos aprender sobre a ingratidão. O escritor iraniano Muslah-Al-Din Saadi afirmou: “O coração ingrato assemelha-se ao deserto que sorve com avidez a água do céu e não produz coisa alguma.” Certamente que a ingratidão revela um espírito fraco e improdutivo. Como bem disse Miguel de Cervantes, “a ingratidão é filha da soberba”.


 “E sejam agradecidos”

Conta-se que três homens, sendo um ingrato, um egoísta e um agradecido, encontraram pela manhã em suas portas um buquê de rosas, tendo cada um reagido de modo diferente diante do inusitado presente.

O ingrato atirou suas rosas numa lixeira quando ia a pé para o serviço. O egoísta apanhou as rosas, sentiu seu perfume, e colocou-as num jarro para decorar sua sala. O agradecido, radiante de alegria pelo presente recebido, foi visto, enquanto fazia sua caminhada matinal, distribuindo rosas para todos que encontrava. Sempre que ofertava uma rosa, outra surgia milagrosamente em seu lugar, de forma que ao voltar para casa seu buquê ainda contava com a mesma quantidade de rosas de antes, e elas não murchavam.3

As pessoas ingratas são aquelas que tendo recebido da graça, jogam no esquecimento o que receberam. As egoístas são as que recebem e guardam para si. As agradecidas são as que recebem e compartilham com alegria.

Quando reconhecemos o favor divino, além de manifestarmos nossa gratidão a Deus, comunicamos graça ao mundo. O que recebemos — δωρεὰν (dórean) como um presente gratuito, sem pagamento, livremente, sem merecimento4 —, transmitimos, sendo não apenas retentores, mas compartilhadores da graça: “Graciosamente recebestes, graciosamente dai” (Mateus 10:8 — BKJA).

É com este sentimento que o salvo por Cristo, em gratidão ao Salvador, se dispõe a servir a Deus e ao próximo. O problema é que este espírito de gratidão está cada vez mais escasso. Certa ocasião, um jovem ao ser consultado pela comissão de indicações de sua igreja sobre a possibilidade de assumir um cargo para o ano seguinte, logo quis saber: “Quanto receberei por isso?” Ele não considerou servir com alegria àquele que para salvá-lo enviou seu Filho unigênito, nem que aquele cargo seria uma oportunidade de comunicar graça aos irmãos — ele foi ingrato, como muitos têm sido.

Paulo diz que devemos ser eucháristoi (εὐχάριστοι), agradecidos5. “E sejam agradecidos” (Colossenses 3:15 — NVI) faz parte das orientações que o apóstolo dá aos salvos, àqueles que tendo ressuscitado com Cristo devem focar nas coisas do alto, e não nas terrenas, e incorporar em seu viver os valores do Reino de Deus. É assim que “tudo o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a Deus Pai” (Colossenses 3:17 — NVI).


“Bendiga ao Senhor a minha alma! Não esqueça de nenhuma de suas bênçãos!” (Salmos 103:2 — NVI)


1 http://www.ibcnovohamburgo.com.br/2018/09/27/discernindo-o-tempo/ (acessado em 31 de julho de 2019)

2 Champlin, Russell Norman, Ph. D., Comentário Bíblico, Volume 5, página 386, Hagnos, 2001

3 Texto adaptado de “O Presente das Rosas”, de autoria desconhecida.

4 https://biblehub.com/greek/1432.htm (acessado em 01 de agosto de 2019)

5 https://biblehub.com/greek/2170.htm (acessado em 31 de julho de 2019)

A Escola Bíblica Dominical como instrumento para alcançar as futuras gerações

Se cada geração entender a importância do discipulado, e alcançar e capacitar a próxima para que faça o mesmo, a Palavra de Deus seguirá salvando, santificando, edificando, e aperfeiçoando os salvos de hoje e de amanhã para a Boa Obra

Bíblia
Imagem: Pixabay

“E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.” (Deuteronômio 6:6 — grifo do autor)


Pr. Cleber Montes Moreira


A maior demonstração de amor e fidelidade a Deus é acolher a Sua Palavra, praticá-la e transmiti-la às futuras gerações. Por isso ela deve estar guardada no coração (Salmos 119:11), inundar nossos pensamentos, transbordar em nossas ações, ser declarada por nossos lábios (Lucas 6:45), ensinada aos filhos em casa, andando pelo caminho, antes de dormir e ao acordar (v. 7). Ela deve estar sempre diante de nossos olhos, para que seja memorizada, compreendida, aplicada, e opere eficazmente em nós e nossas famílias (vs. 7,8). Para Israel ser bem-aventurado em sua terra, deveria observar isso. Também nós, se quisermos agradar a Deus, alcançar os nossos e transmitirmos valores eternos aos filhos, e por meio deles fazermos chegar a Palavra aos nossos netos, bisnetos e assim por diante. Se cada geração entender a importância do discipulado, e alcançar e capacitar a nova geração para que faça o mesmo, a Palavra de Deus seguirá salvando, santificando, edificando, e aperfeiçoando os salvos de hoje e de amanhã para a Boa Obra. Porém, aquela geração que romper com este clico colherá resultados nefastos.

Um dos recursos que temos à disposição, que nos ajuda a cumprir o que nos pede o texto bíblico, é a Escola Bíblica Dominical. Ela não é apenas uma atividade, ou departamento da igreja, mas um instrumento poderoso de ensino e transformação de vidas. Muitos que hoje servem a Cristo, aprenderam os princípios fundamentais da fé cristã desde pequenos, na EBD. A Bíblia diz: “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele” (Provérbios 22:6). Eu creio nisso. E você?

Billy Graham e Charles Templeton

“Pai, pela fé eu aceito este livro como Tua Palavra! Pela fé vou além das minhas dúvidas; eu creio que esta seja a Tua Palavra inspirada!”

Billy Graham
Billy Graham, 1969. Imagem: BGEA

“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem.” (Hebreus 11:1)

“E a minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder; para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.” (1 Coríntios 2:4,5)

 

Pr. Cleber Montes Moreira

 

Em 1949, antes de pregar num grande evento numa tenda em Los Angeles, Billy Graham mergulhou em dúvidas que afligiam sua alma. Algumas semanas antes, ele participara de uma conferência no Centro de Retiros Forest Home, na Califórnia, com diversos teólogos da época, dentre eles o seu então melhor amigo Charles Templeton, que defendia no Seminário Teológico de Princeton (Princeton Theological Seminary) seu estudo histórico e literário da Bíblia contrário a inspiração e inerrância das Escrituras.

Perturbado, certa noite Billy pegou sua Bíblia e caminhou sozinho pelas montanhas de San Bernardino, ao redor do Forest Home. Ao ver um velho tronco de árvore ao lado do caminho, colocou sobre ele sua Bíblia aberta e começou a orar:

“Ó Deus! Há muitas coisas neste livro que não entendo. Existem muitos problemas para os quais não tenho solução. Existem muitas contradições aparentes. Existem algumas áreas que não parecem se correlacionar com a ciência moderna. Não posso responder a algumas das questões filosóficas e psicológicas que Templeton e outros estão levantando.”

Depois caiu de joelhos, e continuou:

“Pai, pela fé eu aceito este livro como Tua Palavra! Pela fé vou além das minhas dúvidas; eu creio que esta seja a Tua Palavra inspirada!”

Após sua oração Graham sentiu o Espírito de Deus inundando sua alma. Quando se dirigiu ao público do Forest Home na noite seguinte, era como se fosse um novo homem. Havia uma confiança, um senso de autoridade em sua pregação que era totalmente nova e poderosa.

Ambos eram estudiosos da Palavra e evangelistas muito conhecidos. Um buscou entender a Bíblia por critérios humanos, o outro dobrou seus joelhos. Billy Graham tornou-se no homem que conhecemos, já Charles Templeton trocou a fé cristã pelo ateísmo1. (1 Coríntios 2:14)


1  Com informações de:

Documentário “Billy Graham O embaixador de Deus”, God's Ambassador (Original), DVD, 2006, Distribuído no Brasil por Comev.

https://www.ultimato.com.br/conteudo/billy-graham-e-a-ante-sala-da-apostasia (acessado em 29 de maio de 2019)

https://friendsofjustice.blog/2015/08/03/billy-grahams-shadow-chuck-templeton-and-the-crisis-of-american-religion/ (acessado em 29 de maio de 2019)

Os homens dos “tempos trabalhosos” serão desobedientes a pais e mães

Filhos desobedientes a pais e mães são uma das características mais evidentes dos “tempos trabalhosos”; eles não são obra do acaso, mas frutos de uma sociedade sem compromisso com Deus

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Imagem de Jana V. M. Por Pixabay

“Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos.” (2 Timóteo 3:2 — grifo do autor)


Pr. Cleber Montes Moreira


Os homens dos “tempos trabalhosos” também serão goneusin apeitheis (γονεῦσιν ἀπειθεῖς), “desobedientes a pais e mães”. Na Bíblia King James Atualizada, “desrespeitosos aos pais”. Escrevendo aos Romanos sobre os que não temem a Deus, Paulo diz que “desobedecem a seus pais” (Romanos 1:30 — NVI), e a Tito escreve: “Eles afirmam que conhecem a Deus, mas por seus atos o negam; são detestáveis, desobedientes e desqualificados para qualquer boa obra” (Tito 1:16 — NVI). Para Hernandes Dias Lopes “este é o maior sinal de decadência de um povo. Quando os filhos não respeitam mais os pais, perderam por completo qualquer respeito à autoridade. E o que se espera daí é a anarquia e a confusão”.1 Matthew Henry afirma que “quando os filhos são desobedientes aos seus pais demonstram que os tempos sejam perigosos”.2 William Barclay corrobora com esta conclusão ao afirmar que “o sinal da suprema decadência de uma civilização se dá quando a juventude perde todo o respeito pela idade, e se nega a reconhecer a dívida impagável e seu dever básico para com aqueles que lhe deram a vida”.3

É inegável que esta desobediência, insubordinação, falta de afetividade para com os pais, é uma das características mais evidentes deste tempo, porém, relembro, Paulo está falando de ocorrências no seio religioso. Fato é que há em nossas igrejas pessoas que se comportam assim, vivendo uma religiosidade cênica que camufla seu verdadeiro caráter. Champlin diz que “A falta de amor aos pais, além de total desconsideração para com sua autoridade, é própria do ‘paganismo’; mas igualmente caracteriza aqueles que repelem a autoridade de Deus, na ‘apostasia’”4. Isso contraria os princípios do evangelho e desagrada a Deus: “Filhos, obedeçam a seus pais em tudo, pois isso agrada ao Senhor” (Colossenses 3:20 — NVI). No Decálogo, lemos: “Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa na terra que o Senhor teu Deus te dá” (Êxodo 20:12 — NVI).

Ainda que este não seja o único motivo, mas uma soma de fatores, é certo que filhos “desobedientes a pais e mães” decorrem, em muitos casos, de alguma falha na transmissão de valores, sendo, nestes casos, culpa dos pais. Sérgio Sinay, em seu livro “A Sociedade Dos Filhos Órfãos”5, nos alerta sobre um dos maiores problemas da sociedade: “o abandono da responsabilidade de criar os filhos”. Segundo ele, “boa parte dos pais de hoje não consegue estabelecer uma conexão real com suas crianças, o que resultará em uma geração altamente influenciada pelos maus valores da TV, da internet e do marketing agressivo”.

É verdade que a correria dos tempos modernos, comportamento que Mário Sérgio Cortella chama de “miojização da vida”, tem feito com que pais se abdiquem de responsabilidades na formação dos filhos. Esta tarefa normalmente é terceirizada, passando a ser delegada aos avós, babás, escolas, igrejas e outros. Muitas vezes as crianças são submetidas aos cuidados da TV, a babá moderna, de onde absorvem maus valores, bem como entregues aos smartphones, o que as expõe a riscos e más influências. Ouvi sobre pais que lutam para que as creches abram aos sábados, domingos e feriados, para que tenham onde deixar os filhos. Tais expedientes também fazem parte da realidade de pais cristãos que, agindo conforme o mundo, se esquecem do dever de criar os filhos no “caminho em que devem andar” (Provérbios 22:6). Para piorar, a sociedade (inclusive a religiosa) exige desses filhos um padrão acima do comum ‘porque são filhos de crentes ou de pastores’, criando ambiente favorável para que muitos se afastem da fé, se desviam para as drogas e/ou criminalidade, tornem-se imorais, depressivos etc.

Se de um lado há a terceirização das responsabilidades, por outro há também o problema da superproteção. Há pais que dão aos filhos tudo o que pedem, que não lhes permite passar por frustrações, que criam pequenos “reis” e “rainhas” diante dos quais se prostram e se submetem. Estes filhos normalmente se tornarão, além de desobedientes, insubordinados, “absolutos” e infelizes.

Filhos desobedientes a pais e mães não é obra do acaso, mas frutos de uma sociedade sem compromisso com Deus, característica que se reflete também no seio religioso.

Como não se pode transferir a salvação para os filhos, os pais deveriam transmitir-lhes conhecimento, instrui-los na Palavra do Senhor, discipliná-los e prepará-los para a vida como ela é.


1 Lopes, Dias Hernandes. 2 Timóteo, o Testamento de Paulo à Igreja, página 88, Hagnos, São Paulo, 2014.

2 Henry, Matthew. Comentário Bíblico

3 Barclay, William. Comentário Bíblico. The Second Letter to Timothy, Tradução: Carlos Biagini

4 Champlin, Russell Norman, Ph. D., Comentário Bíblico, Volume 5, página 386, Hagnos, 2001

5 Sinay, Sérgio. A sociedade dos filhos órfãos, Editora Best Seller, 2012, ISBN: 978-8576844402

Apenas cumpra o seu ministério

Há líderes que se esforçam demasiadamente para elaboração de estratégias de crescimento e multiplicação, e se esquecem da responsabilidade de criarem um ambiente propício à ação do Espírito Santo na medida em que, obstinados pelo crescimento, desprezam o compromisso e o ensino da Sã Doutrina

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“Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.” (1 Coríntios 3:6,7 — grifo do autor)


Pr. Cleber Montes Moreira


No início de meu ministério comprei alguns livros sobre “como fazer sua igreja crescer”. Sinceramente que pensava poder fazer algo sobre isso. Li livros e matérias diversas sobre o assunto. Ainda hoje noto os modelos de gestão e estratégias de crescimento que estão em voga, tidas por alguns como a “nova invenção da roda”. Com o tempo percebi que esta é uma intenção inútil, por mais honesta que seja. Assim como não podemos acrescentar um centímetro à nossa estatura (Mateus 6:27), tampouco fazer uma criança crescer, a não ser criar um ambiente e condições favoráveis à saúde, também não podemos fazer a igreja crescer a partir de nossa capacidade. O grande problema que vejo é que estamos confundindo os papéis no processo de crescimento: “somos cooperadores de Deus” (v. 9) e não deuses; nossa tarefa é plantar e regar, ou seja, alimentar e sustentar os cristãos com a pregação do evangelho genuíno, todavia, o crescimento, é Deus quem dá. É como o lavrador cujo trabalho é observar as estações, preparar a terra, semear e cuidar da lavoura, sabendo que quem faz a semente germinar e crescer é o Criador, utilizando de leis da natureza que Ele mesmo estabeleceu.

O problema de alguns líderes de hoje é que eles se esforçam demasiadamente para elaboração de estratégias de crescimento e multiplicação, tarefa que compete a Deus, e se esquecem da responsabilidade de criar um ambiente propício à ação do Espírito Santo na medida em que, focando no crescimento, desprezam o compromisso e o ensino da Sã Doutrina. Dessa forma, o resultado que conseguem é meramente numérico, decorrente de adesões e não de conversões. A consequência são igrejas cheias de membros carnais, tendo pastores humanos e não a Cristo por cabeça, manejados por metodologias e estratégias seculares e não pela Palavra da Verdade, guiados por “visões” e não pelo evangelho.

Se você é pastor e quer cooperar para o crescimento da igreja local, apenas plante e regue: pregue a Palavra com integridade, a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina, seja sóbrio em tudo, suporte os sofrimentos, faça a obra de um pastor e de um evangelista, cumpra fielmente o seu ministério, e creia que Deus fará a sua parte (Leia 2 Timóteo 4:5).

Os homens dos “tempos trabalhosos” serão blasfemos

Em nossa sociedade decadente, e também no contexto religioso, os blasfemos são uma característica cada vez mais perceptível, quanto mais nos aproximamos dos últimos dias

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“Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos.” (2 Timóteo 3:2 — grifo do autor)

 

Pr. Cleber Montes Moreira


A palavra usada para “blasfemos” é blasphēmoi (βλάσφημοι) e significa “calunioso, malfalante”1. Alguém blasfemo é aquele que comete blasfêmia, “discurso, palavra proferida, que ofende fortemente uma divindade, insulta uma religião ou tudo que pode ser considerado sagrado”2; é alguém que desdenha de Deus, ou “desafia o divino”3. Segundo Champlin, é “aquele que fala com profanação”4.

Paulo reconhece que havia sido “blasfemo, perseguidor e insolente” (1 Timóteo 1:13). Não porque proferisse (literalmente) injúrias contra a divindade, mas por que em seu extremo zelo religioso perseguia os cristãos pensando prestar um serviço a Deus; a sua blasfêmia era resistir ao Senhor. Ele perseguia não só os salvos, mas a Cristo: “Caí por terra e ouvi uma voz que me dizia: ‘Saulo, Saulo! por que você está me perseguindo?’” (Atos 22:7 — NVI). Com isso aprendemos que a religiosidade cega é também uma forma de blasfêmia.

Ser blasfemador é, sem dúvidas, uma das características mais marcantes dos “tempos trabalhosos”, não só fora das igrejas, mas (e talvez principalmente), dentro delas. Podemos dizer que todo falso crente é um blasfemo, que todo falso líder, não importando o nome que ostente — profeta, pastor, bispo, apóstolo etc. — é um blasfemador; é alguém que desafia Deus e profere mentiras contra Ele e/ou em nome dele. Os ensinamentos dos falsos mestres são blasfêmias. Por amarem a si mesmos, por cultuarem o próprio ventre, eles mercantilizam, ressignificam e falsificam a Palavra de Deus intencionalmente, por conveniências e interesses pessoais; e isso consiste na blasfêmia preferida de Satanás.

O Bispo macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, ao falar sobre o primeiro milagre de Jesus, a transformação da água em vinho, blasfemou contra Deus com estas palavras (literalmente, conforme vídeos publicados noYouYube, incluindo os erros de português):

O primeiro milagre que Jesus realizou foi numa festa de casamento, quando ele transformou a água em vinho. Eu fiquei perguntando: Meu Deus, o primeiro milagre que o Senhor faz não é a cura de um enfermo, não é a libertação de um oprimido, não é a salvação de um ser humano, o Senhor transformou água em vinho!? E essa água em vinho, o que fez? Alegrou apenas os convidados daquela festa de casamento, mais nada. Não fez mais nada, ou fez? Qual foi o benefício que a transformação de água para vinho trouxe para o Reino de Deus? Qual foi? Fala pessoal! Houve algum benefício? Não. Aí eu fiquei pensando, meu Deus: É justo que o Senhor tenha transformado água em vinho sem beneficiar qualquer pessoa para o reino de Deus, enquanto há pessoas cujas vidas se mantém como água poluída, podres na realidade, e que apesar de crer em Ti ainda continuam com a mesma qualidade de vida, a mesma vidinha miserável, mesquinha, infeliz, triste, mal-humorada… é justo isso? É justo que o Senhor tenha transformado a água em vinho e não tenha transformado a vida de uma pessoa para uma nova criatura? Eu não aceito isso. Eu não aceito essa situação. A minha inteligência se nega a aceitar essa situação. Mas foi o Senhor quem fez isso, eu sei que o Senhor fez isso, mas, particularmente, o meu coração, diante do conhecimento que nós temos da Tua Palavra, da justiça de Deus, não passa na minha cabeça uma coisa que eu não aceito. É inaceitável que Ele tenha transformado água em vinho e não tenha transformado a vida das pessoas que têm crido nele. Sejamos honestos, sim ou não, concordam comigo?

No Antigo Testamento o castigo para o blasfemador era a morte por apedrejamento:

O filho de uma israelita, cujo pai era egípcio, saiu de sua casa e, ao encontrar-se no meio dos filhos de Israel, no acampamento, contendeu com um homem israelita. Ora, o filho da israelita blasfemou o Nome e o amaldiçoou. Levaram-no então a Moisés. O nome de sua mãe era Selomite, filha de Dibri, da tribo de Dã. Deixaram-no preso até que a vontade do SENHOR lhes fosse declarada.

Então o SENHOR disse a Moisés: “Tira fora do acampamento aquele que pronunciou a maldição. Todos aqueles que ouviram, porão suas mãos sobre a cabeça dele, e toda a comunidade o apedrejará. Em seguida comunicarás aos filhos de Israel o seguinte: Toda pessoa que amaldiçoar a seu Deus levará o peso do seu pecado! Aquele que blasfemar o Nome de Yahweh deverá morrer, e toda a comunidade o apedrejará. Quer seja estrangeiro ou natural da terra, será executado, caso blasfeme o Nome.

(Levítico 24:10-13 — BKJA)

Jesus nos adverte que a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada: “Por esse motivo eu lhes digo: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas quem falar contra o Espírito Santo não será perdoado, nem nesta era nem na era que há de vir” (Mateus 12:31,32 — NVI). Alguém perguntaria, “Mas o que é a Blasfêmia contra o Espírito Santo?” Este assunto é melhor entendido à luz do verso 24, que diz: “Mas quando os fariseus ouviram isso, disseram: ‘É somente por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa demônios.’” Observe: os fariseus acusaram Jesus de expulsar demônios em nome de Belzebu, o maioral dos demônios. Com esta acusação eles afirmaram que a obra de Jesus era obra de demônios. Esta era a blasfêmia contra o Espírito Santo, pois obra de Jesus é a obra do Espírito. Mesmo tendo uma prova visível e irrefutável do poder do Espírito que operava por meio de Jesus, eles declaram que o Senhor agia, não pelo Espírito, mas pelo diabo. Assim, declaradamente atribuíram a obra do Espírito à Satanás.

Tudo o que Jesus realizou foi pelo Espírito Santo. A obra da salvação é pelo Espírito Santo. Quando alguém nega a Jesus, ou seja, rejeita a sua obra sobre sua vida, está blasfemando contra o Espírito Santo, e quem morre nesta condição não tem perdão porque depois da morte não há oportunidade para o arrependimento.

Embora o evangelho seja pregado todos os dias, pessoalmente, nos templos, por meio de literaturas, nas redes sociais (a agora as lives), rádios, TVs, etc., pecadores há que, conscientemente, teimosamente, rejeitam a Obra do Espírito em suas vidas. Nos registros de João encontramos que muitos que ouviram Jesus crerem nele, porém não quiseram confessá-lo: “Ainda assim, muitos líderes dos judeus creram nele. Mas, por causa dos fariseus, não confessavam a sua fé, com medo de serem expulsos da sinagoga; pois preferiam a aprovação dos homens do que a aprovação de Deus” (João 12:42,43). Isso é blasfêmia.

Em Apocalipse lemos sobre aqueles que blasfemaram e não se arrependeram:

O quarto anjo derramou a sua taça no sol, e foi dado poder ao sol para queimar os homens com fogo. Estes foram queimados pelo forte calor e amaldiçoaram o nome de Deus, que tem domínio sobre estas pragas; contudo se recusaram a se arrepender e a glorificá-lo. O quinto anjo derramou a sua taça sobre o trono da besta, cujo reino ficou em trevas. De tanta agonia, os homens mordiam a própria língua, e blasfemavam contra o Deus do céu, por causa das suas dores e das suas feridas; contudo, recusaram-se a arrepender-se das obras que haviam praticado.

(Apocalipse 16:8-11 — NVI)

Há pessoas obstinadas no pecado, que não se arrependem. Esta indisposição contra o Espírito Santo leva à morte eterna, por isso é pecado sem perdão, uma vez que após a morte já não há oportunidade para a salvação.

Seja no seio das igrejas, ou no mundo, não importa, a blasfêmia contra Deus é uma característica cada vez mais perceptível nesta sociedade decadente, quanto mais nos aproximamos dos últimos dias, e não somente os incrédulos, mas os falsos profetas atestam isso.


1 https://biblehub.com/greek/989.htm (acessado em 16 de julho de 2019)

2 https://www.dicio.com.br/blasfemia/ (acessado em 16 de julho de 2019)

3 https://el.wiktionary.org/wiki/βλάσφημος (acessado em 16 de julho de 2019)

4 Champlin, Russell Norman, Ph. D., Comentário Bíblico, Volume 5, página 386, Hagnos, 2001

A fé não empodera

Enquanto a fé dos que buscam “andar sobre as águas” tende a produzir autoconfiança, a fé bíblica revela que precisamos do socorro divino, sem o qual estamos perdidos

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“E respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas. E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me! E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?” (Mateus 14:29-31)


Pr. Cleber Montes Moreira


Há quem ostente uma fé num deus servil, subserviente ao homem, fé capaz de “mover montanhas”, de dar a quem crê o poder de “mover no sobrenatural”, de decretar curas, milagres e outras realizações; fé que diminui o Criador e empodera a criatura. Porém, esta fé que exalta nosso ego nada mais é que um ‘recurso de autoajuda’, capaz de gerar uma sensação agradável de poder e segurança que obscurece o entendimento de nossa dependência de Deus, e por isso nos leva ao naufrágio.

É certo que Pedro foi ousado ao fazer tal pedido. É certo que ele caminhou, ainda que por pouco tempo, sobre o mar, desafiando leis naturais. É certo que sua atitude pode merecer alguma admiração, mesmo tendo origem numa dúvida: “se és tu” — ele desafiou Jesus para que provasse ser Ele mesmo, e não um fantasma ou outro ser (v. 26). Mas, é também certo que ele teve que suplicar por socorro para não se afogar, motivo pelo qual concluo que nossa fé não é aferida quando andamos sobre as águas, mas quando clamamos por Cristo e seguramos em sua mão salvadora, sempre estendida para nos ajudar.

A tendência de quem anda sobre as águas é confiar em si mesmo, por isso Jesus não permitiu que Pedro fosse longe, e logo o fez perceber a sua impotência diante de forças tão ameaçadoras. E nisso há um ensino contra a soberba: Ninguém pode ir encontrar com Cristo caminhando sobre as águas, para que não se glorie em si mesmo; é o Senhor que vem a nós, com sua graça e misericórdia, trazendo Salvação; é ele quem estende sua mão para nos erguer da miséria do pecado. Assim, a fé salvadora não é aquela que nos faz sentir acima das circunstâncias, que nos empodera, mas a que nos leva a buscar e confiar somente em Jesus, nossa única esperança. Pense nisso!

Os homens dos “tempos trabalhosos” serão orgulhosos

Os que sofrem da Síndrome de Diótrefes: adoram os holofotes, querem estar no controle de tudo, são maledicentes, não ensináveis, autoritários, não querem ser liderados, e são uma péssima influência

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“Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos.” (2 Timóteo 3:2)


Pr. Cleber Montes Moreira


Paulo nos apresenta outra característica dos homens dos “tempos trabalhosos”. O escritor usa hyperēphanoi (ὑπερήφανοι), para descrever aquele que é “arrogante, altivo, alguém que se julga superior aos outros”1, orgulhoso, desdenhoso, prepotente; aquele que exalta a si mesmo e se coloca acima dos outros que, supostamente, são menos importantes.2

Há uma expressão que ilustra bem este tipo de gente: “salto alto”. No futebol dizemos que o time “entrou em campo de salto alto” quando uma equipe, considerando a outra inferior, vai para o jogo tão segura de si, tão orgulhosa, que acaba perdendo. Talvez isso explique a inesquecível derrota do Brasil para Alemanha pelo placar de 7 a 1. Isso lembra outra expressão: “Quanto mais alto, maior o tombo”. Há pessoas que se exaltam tanto, mas tanto, que são surpreendidas por quedas muito violentas.

Li uma história de um garotinho que disse para sua mãe:

— Mãe, eu tenho três metros de altura.

Ela respondeu:

— Não, meu amor, você já é um homenzinho, mas não é tão alto assim.

— Sou sim, mamãe. Eu medi!

— É mesmo, meu amor? E com que você se mediu?

— Com este “metro” aqui, ó.

E mostrou para a mãe uma régua de 30 cm.

 

O orgulhoso tem uma régua própria para medir a si mesmo, e uma outra para medir os demais: a régua que usa para medir a si é sempre maior.

Certa vez li um conto que dizia sobre um galo que reinava soberano em seu grande quintal. Orgulhoso de sua função, nada acontecia sem que ele soubesse e participasse. Com sua força descomunal e coragem heroica, enfrentava qualquer perigo. Era especialmente orgulhoso de si mesmo, de suas armas poderosas, da beleza colorida de suas penas, de seu canto mavioso.

Toda manhã acordava pelo clarão do horizonte, e bastava que cantasse duas ou três vezes para que o sol se elevasse no céu. “O sol nasce pela força do meu canto”, dizia ele. “Eu pertenço à linhagem dos levantadores do sol. Antes de mim era meu pai; antes de meu pai era meu avô…”

Um dia uma jovem galinha, de beleza esplendorosa, veio morar em seu quintal. Por ela ele logo se apaixonou, e a paixão correspondida culminou numa noite de amor para galo nenhum botar defeito: naquela noite os dois perderam a hora e só foram dormir de madrugada. Foi assim que algo novo aconteceu: Os primeiros raios de luz no horizonte não acordaram o galo, como de costume. Só depois do meio dia que ele abriu os olhos, quando o sol já brilhava forte no meio do céu azul. Foi aí que percebeu a realidade e, desolado, exclamou em pensamento: “Então não sou eu quem levanta o sol!” E caiu em profunda depressão.

O reconhecimento de que nada havia mudado no galinheiro enquanto dormia trouxe-lhe um forte sentimento de inutilidade, e um questionamento incontrolável de sua própria competência. Com um “nó na garganta” e dor no peito a angústia se instalou e, de tanta vergonha, pensou até em suicídio. “O que vão pensar de mim?”, murmurou para si mesmo, enquanto assustado se lembrava de um concorrente que queria assumir seu posto…

Talvez tenha sido este momento de humildade, único em sua vida, que o tenha ajudado a se lembrar que lá no fundo do galinheiro passava o dia inteiro empoleirado um velho galo, filósofo que pensava e repensava a vida dos galináceos, e que costumava com seus sábios conselhos dar orientações úteis a quem o procurasse com seus problemas existenciais.

O velho sábio o olhou de cima de seu filosófico poleiro, enquanto ele vinha se esgueirando, tropeçando nos próprios pés, como que se escondendo de si mesmo. E disse: “Olá! Você nem precisa dizer nada, do jeito que você está. Aposto que você descobriu que não é você quem levanta o sol. Como foi que você se distraiu assim? Por acaso andou se apaixonando?” Sua voz tinha um tom divertido, mas, ao mesmo tempo, compreensivo, como se tudo fosse natural para ele. A seu convite, o galo angustiado, empoleirou-se a seu lado e contou-lhe a sua história. O filósofo ouviu cada detalhe com a paciência dos pensadores. Quando o consulente já se sentia compreendido, o velho sábio fez-lhe uma longa preleção. Foi assim que aquele galo orgulhoso aprendeu, com humildade, a lição: Ele não deveria se achar onipotente, nem completamente inútil, mas deveria ter uma visão realista das coisas e de si mesmo. Foi assim que no dia seguinte, aos primeiros raios da manhã, aquele galo cantou para anunciar o sol nascente, e a vida continuou seu curso normal.3

Tem gente na igreja que se acha insubstituível: que se considera a “coluna da igreja”, que pensa que sem ele as coisas não acontecem, e que até usa desta posição (fictícia, fruto de seu orgulho) para chantagear os demais.

Conheci um homem rico e orgulhoso que doou um terreno para uma igreja onde era membro, e disse que bancaria toda a construção do templo, mas com uma exigência: tudo deveria ser feito do jeito dele, coisa que os irmãos rejeitaram. Tendo sua oferta recusada, aquele prepotente desqualificou seus irmãos de fé, e ainda disse que aquela igreja não conseguiria nada sem ele. Para encurtar a conversa, hoje a igreja tem um belo templo construído. Como aquele galo, imagino que aquele homem tenha percebido que não é ele quem faz o sol se erguer no horizonte.

João menciona em sua Terceira Carta um certo Diótrefes: “Escrevi à igreja, mas Diótrefes, que gosta muito de ser o mais importante entre eles, não nos recebe. Portanto, se eu for, chamarei a atenção dele para o que está fazendo com suas palavras maldosas contra nós. Não satisfeito com isso, ele se recusa a receber os irmãos, impede os que desejam recebê-los e os expulsa da igreja” (3 João 1:9 — NVI). Seu nome significa “alimentado por Júpiter”. Além de ser o maior planeta do sistema solar, na mitologia era considerado o deus dos céus e dos trovões, além de rei dos deuses. Pelo que percebemos, o nome descrevia bem o comportamento daquele irmão orgulhoso. Do pouco que nos é dito sobre ele, logo percebemos que era alguém que gostava de um pedestal, altivo, orgulhoso, rebelde, ambicioso, não hospitaleiro, insubordinado… Ele falava mal dos irmãos, não os recebia e ainda expulsava da igreja os que queriam recebê-los. Era um ditador.

Há muita gente sofrendo da Síndrome de Diótrefes: buscam holofotes, querem controlar tudo, são maledicentes, não ensináveis, autoritários, não gostam de ser liderados, e influenciam para o mal.

Diz o sábio: “Você conhece alguém que se julga sábio? Há mais esperança para o insensato do que para ele” (Provérbios 26:12 — NVI).

O célebre Franklin conta que, numa visita que fez a um sábio filósofo, quando se retirou ele o fez passar por um corredor estreito e curto que tinha uma travessa colocada em altura pouco inferior à de um homem.

— Caminhávamos conversando, quando o sábio gritou: “Abaixai-vos, abaixai-vos!” Não compreendi o que me queria dizer, senão quando senti minha cabeça bater de encontro à madeira.

— Você é jovem — disse-me —, e você tem o mundo pela frente. Abaixe-se para o atravessar e você poupará mais de um choque e decepção. Vi muitas vezes o orgulhoso humilhado, e muitas frontes vergonhosamente abatidas por se terem se elevado demais.

Tiago escreveu: “Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes” (Tiago 4:6 — NVI). E Paulo nos ensinou este princípio:“Pois pela graça que me foi dada digo a todos vocês: ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, pelo contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu” (Romanos 12:3 — NVI).


1 Rienecker, Fritz – Rogers, Cleon. Chave linguística do Novo Testamento grego, página 477, Vida Nova, São Paulo-SP, 1985.

2 Champlin, Russell Norman. Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, Vol 5, página 386, Editora Candeia, São Paulo – SP, 1995

3 Adaptado do texto de Maurício de Souza Lima, Psicólogo, Diretor da Sociedade de Terapia Breve (BH), Trainer em PNL pelo Southern Institute of NLP da Flórida. Fonte: https://metaforas.com.br/2000-07-08/o-galo-orgulhoso.htm

Vencendo a ansiedade por meio da oração

A prática constante da oração nos faz confiar no agir de Deus, e esta confiança é a cura para o mal da ansiedade.

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“Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças.” (Filipenses 4:6)


Pr. Cleber Montes Moreira


Como filhos de Deus temos um recurso eficaz contra a ansiedade, a oração. A sua prática constante nos fortalece para lidarmos com as aflições na confiança de que o Eterno está no controle, e que Ele pode, se for de sua agradável vontade, alterar o cenário desfavorável ou nos capacitar para lidarmos com as circunstâncias de modo que seu nome seja glorificado. A disciplina da oração nos faz entender e aceitar os desígnios de Deus para nós, e nos torna gratos pelo entendimento de que“todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Romanos 8:28), inclusive tudo que nos aflige.

O ensino bíblico é para levarmos ao Pai, em oração, tudo que nos inquieta, seja algum medo, alguma culpa, algum sentimento indevido, alguma necessidade, alguma enfermidade, alguma preocupação… cada um terá o que apresentar em suas petições. O resultado é que a paz que excede todo o entendimento tranquilizará nossos corações e aquietará nossos pensamentos.

Quanto mais tempo passamos em oração, maior é nossa confiança no agir de Deus, e esta confiança é a cura eficaz para o mal da ansiedade. Pense nisso!

 

O Grande Amigo

(Hino 155 do Cantor Cristão)

 

Em Jesus amigo temos, mais chegado que um irmão,

E nos manda que levemos, tudo a Deus em oração.

Oh que paz perdemos sempre, ó que dor no coração,

Só porque nós não levamos tudo a Deus em oração!

 

Temos lidas e pesares, e na vida tentação,

Não ficamos sem conforto, indo a Cristo em oração.

Haverá um outro amigo de tão grande compaixão,

Os contritos Jesus Cristo, sempre atende em oração!

 

E se nós desfalecemos, Cristo estende nos a mão,

Pois é sempre a nossa força e refúgio em oração.

Se este mundo nos despreza, Cristo é nosso em oração,

Em Seus braços nos acolhe, e nos dá consolação!

 

Charles Crozat Converse (1832-1918)

Joseph Scriven (1820-1886)

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