“A ganância de possuir mais” | Pastor Cleber
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“A ganância de possuir mais”

O avarento é movido por um interesse obstinado pelo que não tem; é insaciável e, ao mesmo tempo, miserável; nada do que ajuntar lhe será suficiente

avareza
Imagem: Pixabay

“Os homens amarão a si mesmos, serão ainda mais gananciosos…” (2 Timóteo 3:2 — BKJA — grifo do autor)


Pr. Cleber Montes Moreira


Ao contrário do que muitos pensam, a avareza não se restringe aos ricos e, provavelmente, esteja mais presente entre os pobres. A questão é que muitos a compreendem como sendo o acúmulo de riquezas quando, na verdade, diz respeito a insaciabilidade. Avarento não é o rico, mas aquele que tem ambição imoderada pelo dinheiro e riquezas, independente se rico ou pobre.

Quando o Senhor foi procurado por um homem para resolver uma peleja com seu irmão, por causa de uma herança, lhe advertiu: “Tende cautela e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porquanto a vida de uma pessoa não se constitui do acúmulo de bens que possa conseguir” (Lucas 12:15 — BKJA). O que Jesus condena aqui não é o ser rico, mas o ser cobiçoso. O termo traduzido por avareza, πλεονεξίας (pleonexias), significa “cobiça, avareza. A ganância de possuir mais”1. O sentido não é o de amar o que possui, mas de interesse obstinado pelo que não tem (mesmo o que pertence aos outros). Esta disposição insaciável por dinheiro e riquezas pode estar presente tanto no coração do rico quanto do pobre.

Os avarentos, por causa da cobiça egoísta, estão sempre propensos à contenda, e chagam a maquinar o mal contra seu próximo: “As artimanhas do homem de caráter maligno são todas perversas; imagina tramas cruéis para destruir com mentiras o pobre e indefeso, mesmo quando a súplica deste é justa” (Isaías 32:7 — BKJA).

Há um provérbio belga que diz: “O avarento esfolaria um piolho para obter sua pele”. Dante Alighieri disse que “a avareza é de natureza tão ruim e perversa que nunca consegue acalmar seu afã: depois de comer tem mais fome”. E a sabedoria popular conclui que “ao avarento tanto lhe falta o que tem como o que não tem”. O avarento é insaciável e, ao mesmo tempo, miserável; nada do que ajuntar lhe será suficiente.

Agostinho disse: “Não andes averiguando quanto tens, mas o que tu és. A verdadeira felicidade não consiste em ter muito, mas em contentar-se com pouco” (ou com o que se tem). Paulo escreveu a Timóteo: “De fato, a piedade acompanhada de alegria espiritual é grande fonte de lucro. Porque ingressamos neste mundo sem absolutamente nada, e ao partirmos daqui, nada podemos levar; por isso, devemos estar satisfeitos se tivermos com o que nos alimentar e vestir. No entanto, os que ambicionam ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitas vontades loucas e nocivas, que atolam muitas pessoas na ruína e na completa desgraça. Porquanto, o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e por causa dessa cobiça, alguns se desviaram da fé e se atormentaram em meio a muitos sofrimentos” (1 Timóteo 6:6-10 — BKJA). É bom pensar nisso!


1 Rienecker, Fritz – Rogers, Cleon. Chave linguística do Novo Testamento grego, página 132, Vida Nova, São Paulo-SP, 1985.

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