Neste tempo em que a corrupção humana atinge níveis inimagináveis, de modo que os maus se tornam cada vez piores, há um tipo de amor crescente sobre o qual precisamos refletir.
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“Porque haverá homens amantes de si mesmos…” (2 Timóteo 3:2)
Pr. Cleber Montes Moreira
Ainda está na memória do povo a notícia que abalou o Brasil, com repercussão na imprensa e redes sociais, que no site do Correio 24 horas apareceu com o seguinte título: “Com ajuda da companheira, mãe mata e esquarteja filho no DF.”1
O pequeno Rhuan Maicon da Silva Castro, de apenas 9 anos, foi morto enquanto dormia com uma facada no coração, depois teve seu corpo esquartejado. As assassinas, Rosana Auri da Silva Cândido, 27, mãe do menino, e sua companheira, Kacyla Pryscila Santiago Damasceno Pessoa, 28, ainda tentaram sem sucesso queimá-lo numa churrasqueira, depois colocaram partes numa mala e jogaram num bueiro no bairro onde moram. O corpo foi encontrado por meninos que jogavam bola, por volta de 1h30min, que por curiosidade, quando as mulheres saíram, foram ver o que tinha dentro da mala. Outras duas mochilas com partes do corpo foram encontradas na casa delas. A meia irmã de Rhuan, de 8 anos, filha de Kacyla, que dormia na hora do crime, foi encaminhada para o Conselho Tutelar. Por meio de desenhos, ela contou que chegou a ver partes do corpo do irmão.
O site ainda informou:
Segundo o Conselho, um ano antes de ser morto, Rhuan teve o pênis decepado pela mãe. A conselheira Claudia Regina Carvalho contou ao Uol que Rosana e Kacyla queriam transformar Rhuan em menina. Elas alisavam o cabelo dele, que era longo, todo dia. “Foi uma espécie de cirurgia de mudança de sexo. Após retiraram o pênis, elas costuraram a região mutilada e improvisaram uma versão de um órgão genital feminino, fazendo um corte na virilha”, conta.
Quando soube do ocorrido, logo pensei no amor de mãe. Como falamos sobre esse amor, como é exaltado em poemas, canções, artigos diversos, livros etc.! Quando pensamos em mãe, pensamos também num amor elevado: incondicional, altruísta, abnegado, sacrificial… amor que não podemos descrever em toda a sua beleza e extensão. Porém, concluo que nem todas as mulheres que dão à luz são realmente mãe, algumas se tornam até assassinas (literalmente ou não).
Creio que este comportamento esteja relacionado ao que a Bíblia fala sobre o esfriamento do amor: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará” (Mateus 24:12). Neste tempo a corrupção humana atinge níveis inimagináveis, de modo que os maus se tornam cada vez piores. Mas há algo aqui a observar: enquanto o amor ao próximo diminui, o amor-próprio, não como virtude, aumenta mais e mais. Assim, mais uma vez percebemos que se multiplicam no mundo os “amantes de si mesmos”, descritos por Paulo como: “egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder” (2 Timóteo 3:2-5 ― NVI). Embora o autor não tenha usado a palavra “homicida”, podemos dizer que está subentendida no texto.
Os “amantes de si mesmos” fazem tudo por “amor”. Aquelas mulheres “mataram por amor”, amor-próprio; porque consideravam que o menino era um prolema para o seu relacionamento. Por terem aversão a homens, queriam transformá-lo em menina. A própria meia irmã, tendo má influência dentro de casa, já olhava para Rhuan com preconceito. Esta “escola do amor”, deste amor a si mesmo, amor egoísta, é capaz de formar novos discípulos por meio do mau exemplo. Há muita gente matando por causa deste “amor”.
Guardadas as devidas proporções, este comportamento homicida se faz presente e muito forte em nossa sociedade. Talvez bem mais que imaginemos. Assassinos não matam só com facadas, não são apenas os que matam o corpo, mas também aqueles que, embriagados de amor-próprio ― “amantes de si mesmos” ―, deixam de gastar tempo com as pessoas, de demonstrar interesse genuíno, sentimentos sinceros, lealdade, de oferecer ajuda, de ser companheiro, amigo verdadeiro, de estar ao lado… As armas de um assassino também podem ser a negligência, o silêncio, certas palavras, atitudes inadequadas, a indiferença, o abandono… Será que por causa de um amor egoísta, por cuidar tão obstinadamente de nossos próprios interesses em detrimento do bem do próximo, também não nos tornamos homicidas? Precisamos pensar sobre isso!
1 https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/com-ajuda-da-companheira-mae-mata-e-esquarteja-filho-no-df/ (acessado em 04 de junho de 2019)
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