Pastor Cleber: abril 2020
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Jesus: a mão amiga de Deus

Estudo 5 — Texto Bíblico: 2 Coríntios 5:18-20

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Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

Uma questão muito discutida quando se analisa o pensamento de Paulo é qual é o centro ou ponto básico do conteúdo de sua mensagem. Durante muito tempo, por causa da Reforma Protestante, da qual somos herdeiros, afirmou-se que o ponto central do pensamento de Paulo fosse a “justificação pela fé” (nosso próximo assunto). Mas, sem depreciar esta doutrina, nos últimos tempos os teólogos têm apontado outra doutrina exposta pelo apóstolo, e a veem como seu pensamento central, a doutrina da reconciliação. Isto não diminui a doutrina da justificação pela fé, como veremos no próximo estudo. Pelo contrário, amplia-a. Mas fiquemos hoje com a doutrina da reconciliação.
Ela ocorre de forma bem clara em quatro conhecidas passagens: Romanos 5:10,11, 2 Coríntios 5:18-20, Efésios 2:11-16 e Colossenses 1:19-23. O texto clássico, que é seu suporte, é 2 Coríntios 5:19: “Pois que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões; e nos encarregou da palavra da reconciliação”. O conteúdo do evangelho fica bem claro: ele é uma chamada de Deus para os homens se reconciliarem com ele. Esta é a boa nova: Deus deseja ter bom relacionamento com os homens. O substantivo grego para “reconciliação” é katallagê, cujo sentido é “cessação de inimizade”. A ideia é que duas partes que antes eram hostis agora são amigas. É disto que trata a doutrina da reconciliação: Deus e o homem, antes em campos opostos, se tornam amigos na pessoa de Jesus.

 1. A inimizade entre Deus e o homem

Isto quer dizer que o homem fora de Cristo não está reconciliado com Deus, e que a inimizade entre os dois permanece. Algumas pessoas objetarão a isto, dizendo: “Como Deus pode ser inimigo de alguém, se ele é amor?”. Evitemos raciocínios simplórios e argumentos baseados em sentimentalismo humano. A questão para nós deve ser sempre esta: o que a Bíblia diz sobre o assunto? Ela é a autoridade, e não os nossos sentimentos ou nossas impressões.
Romanos 8:7 e Tiago 4:4 são passagens bíblicas que mostram haver uma inimizade entre o homem não regenerado, seus impulsos e tudo o que o domina e Deus. Se nos curvamos diante do ensino bíblico, temos que reconhecer que Deus não é o Papai Noel ou a fada madrinha que tantos imaginam (“Deus é Pai, tudo vai resolver”, ou “Quem ama não castiga”). Deus é moral e é justo e os pecadores não reconciliados são seus inimigos, como lemos em Romanos 5:10, Colossenses 1:21 e Tiago 4:4. O homem sem Cristo não é um coitado, e sim um rebelde contra Deus.
Isto sucede não porque Deus seja caprichoso ou rabugento, mas porque, diferentemente de nós, sendo absolutamente santo, ele está em veemente oposição a toda forma de mal. Apesar de dizermos que somos bons e de acentuarmos nossos sentimentos positivos, somos pecadores e como tais amamos o erro e praticamos o mal. Quanto a Deus, lembremos desta expressão de Habacuque: “Tu que és tão puro de olhos que não podes ver o mal, e que não podes contemplar a perversidade…” (Hc 1:13a). Esta inimizade não é de sentimentos.
Alguém pode gostar de Deus, de assuntos espirituais, ser bondoso, mas a inimizade é moral e não sentimental. Tem bases teológicas e não sentimentais. Ela existe, apesar de nossas boas intenções.
Se entre Deus e o homem há uma inimizade estabelecida, para um bom relacionamento esta há que ser desfeita.

2. Como desfazer a inimizade?

Como é possível desfazer a inimizade? Por sucessivas reencarnações, que supostamente nos tornariam melhores? Pela prática de boas obras? Por cerimônias religiosas que acalmariam a Deus? A resposta está em 2 Coríntios 5:18,19:“Mas todas as coisas provêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação; pois que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões; e nos encarregou da palavra da reconciliação”. Deus tomou a iniciativa de cessar a inimizade. Ele nos propõe a paz em Jesus. Ele nos estende a mão, na pessoa de seu Filho. É obra de sua graça, é ato de sua bondade. Ele tornou isto possível! A cruz é o aceno de amor de Deus.
O Novo Testamento não diz que Cristo nos reconciliou com Pai, à revelia deste. Os versículos 18 e 19 são claros. O Pai nos reconciliou consigo, em Cristo. A iniciativa foi dele. O Pai não é um colérico com tendências homicidas, a quem um Filho adocicado vem acalmar, para conseguir nosso perdão. Deus Pai é amor (1Jo 4:8). Algumas ilustrações contadas em sermões fazem de Deus um destrambelhado, furioso, querendo vingança ou justiça a todo custo (o AT também) e mostram Jesus como um filho adocicado que aplaca a cólera deste pai iracundo. Como a do rei que mandou chicotear um súdito fraquinho, que o filho do rei viu que não aguentaria as chicotadas, e então tirou a camisa, afastou o súdito fraquinho e tomou as chicotadas em seu lugar, acalmando a fúria do rei. Esta ilustração ofende a Deus, fazendo dele um ensandecido raivoso. E desvirtua o relacionamento entre Deus Pai e Deus Filho. Na reconciliação, os dois não estão em campos opostos: “Deus estava em Cristo”. A cruz também foi dolorosa para o Pai. A cruz é uma proposta do Pai e do Filho. A Trindade não tem conflitos de relacionamento e o Pai e o Filho se amam (Jo 14:31, 15:9, 17:23 e 17:26).
A ênfase do ensino neotestamentário é que o homem deve se reconciliar com Deus: “Rogamo-vos, pois, por Cristo que vos reconcilieis com Deus” (2Co 5:20b). É o pecado que causa a inimizade entre Deus e o homem. Cristo morreu para levar nossos pecados (2Co 5:21). Não há motivo para continuarmos em inimizade. Somos chamados a sermos amigos de Deus. A Linguagem de Hoje traduziu, de maneira feliz, 2 Coríntios 5:18 assim: “Tudo isso é feito por Deus, o qual, por meio de Cristo, nos transforma de inimigos em amigos dele”. Como dizia um antigo folheto da Cruzada Mundial de Literatura: “Ele quer ser seu amigo”.

3. Um episódio curioso

Em 1965, soldados japoneses foram capturados em ilhas remotas do Pacífico. Eles não acreditavam que a Guerra acabara em 1945, e continuavam escondidos, em florestas, lutando. Um deles foi capturado e voltou para dizer aos demais que a Guerra acabara havia vinte anos. Alguém comentou sobre eles: “Gente estranha esta, lutando numa guerra que havia acabado há vinte anos!”. Mas muito mais estranho é o tipo de gente que continua lutando contra Deus, dois mil anos após Cristo ter acabado com a inimizade na cruz.
Não há mais motivos para se manter afastado de Deus. Ele nos reconciliou em Cristo, e nos oferece a mão de amizade. A nós compete aceitar sua mão amiga, e à igreja compete a compreensão de que ela chama os homens a refazerem o bom relacionamento com Deus: “De sorte que somos embaixadores por Cristo, como se Deus por nós vos exortasse. Rogamo-vos, pois, por Cristo que vos reconcilieis com Deus” (2Co 5:20).

Para pensar e agir

1. Estamos separados de Deus por causa de nossos pecados, somos inimigos dele, porque ele é santo. Esta inimizade foi criada por nós, e desfeita por ele, na cruz. Em Jesus, Deus nos chama à reconciliação e nos oferece sua amizade.
2. Nada há que possamos fazer que venha nos reconciliar com Deus. Ele fez a reconciliação. É obra dele. A parte ofendida tomou as medidas para acabar a inimizade e a nós cabe aceitar seu gesto de amor. Deus quer voltar a andar com os homens, como fazia no Éden. Em Jesus, ele veio habitar conosco (Jo 1:14) e quer ser nosso amigo.
3. A igreja tem a responsabilidade de anunciar ao mundo que há uma reconciliação proposta por Deus e chamar as pessoas a fazerem as pazes com ele (2Co 5:18, 20). Evangelização e missões são a igreja dizendo ao mundo que Deus estende a mão amiga na pessoa de Jesus.

Leituras Diárias
Segunda: 2 Coríntios 5.1-10
Terça: 2 Coríntios 5.11-16
Quarta: 2 Coríntios 5.17-21
Quinta: Colossenses 1.19-23
Sexta: Romanos 5.10,11
Sábado: João 1.12-14
Domingo: 2 Coríntios 5.19

O Cristo cósmico

Estudo 4 — Texto Bíblico: Efésios 1-3


Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

A obra de Cristo tem uma dimensão muito mais profunda do que nossas igrejas costumam abordar. Ele é mais que o Salvador da alma das pessoas. É o Senhor do universo, o criador da nova ordem de Deus. Em Efésios, Paulo fala do “mistério” da vontade de Deus, que não fora revelado antes, mas só agora: Deus uniu judeus e gentios (Ef 3:5-7) e todas as coisas, tanto do céu quanto da terra, hão de convergir em Cristo (Ef 1:9,10). Tudo terminará nele (tudo começou com ele, segundo João 1:3). Ele tem uma dimensão cósmica. Este mistério é manifestado pela igreja aos principados e potestades espirituais (Ef 3:9,10). A igreja ensina às potestades o mistério de Deus, que começa pela união dos homens e termina no destino do universo. Em Cristo, Deus está criando não apenas um novo povo ou uma nova raça, mas um novo mundo: “Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2Co 5:17). “Criatura” é o grego ktisis, que em Romanos 1:20 refere-se ao mundo criado. Seu sentido em 2 Coríntios 5:17 é mais que moral. Não é: se alguém está em Cristo não bebe, não fuma, não adultera. É cósmico. Se alguém está em Cristo faz parte do novo mundo de Deus. Nós, a igreja, somos o início do novo mundo que Deus está criando. Não apenas novo povo ou nova raça, mas novo mundo. Aldous Huxley escreveu “Admirável mundo novo”, onde mostrava um mundo novo produto da tecnologia, e Mao Tse-Tung quis criar o “novo homem”, um produto político. Mas novo homem e o novo mundo surgem em Jesus. É obra divina, em Cristo, não humana.


1. Cristo: autor e sustentador da criação

O pecado alterou as relações do homem com Deus (Gn 3:10,11), com o próximo (Gn 3:16) e com a natureza (Gn 3:17,18). Ele teve uma dimensão cósmica: o bom mundo de Deus (Gn 1:31) foi desordenado (Rm 8:19-22). O mundo em que vivemos não é o mundo ideal de Deus. Não plantamos urtigas nem ervas daninhas. Elas surgem. O trigo não brota espontaneamente e tem que ser cuidado. A natureza nos é benéfica, mas também hostil. Ela nos dá água e alimento, mas também terremotos, secas, furacões. Ela não é sábia, como diz a ecolatria moderna da nova era. É uma força cega e irracional. Viemos dela (Gn 2:7), mas ela nos é hostil (Gn 3:18) e nós lhe somos hostis. A ideia em Efésios e Colossenses é que Deus está refazendo o mundo, incluindo aí a nossa relação uns com os outros e com a natureza.
Efésios é considerada como “a rainha das epístolas” e onde o gênio de Paulo mais brilha. Colossenses é considerada sua “irmã gêmea”. Nestas duas cartas, a cristologia (o ensino sobre Cristo) muda de funcional (como Cristo funciona para a igreja) para ontológica (Cristo como o Ser, o Absoluto, o Auto e Sempre Existente, a Razão das Coisas). O Cristo de Efésios está assentado nas regiões celestes (Ef 1:3). Ele é Senhor deste século e do século que há de vir (Ef 1:21). “Século” é o grego aéon, que significa mais que cem anos. Significa uma ordem, um tempo, uma idade, uma era. Cristo é Senhor desta era e da era que há de vir. Tudo foi feito por ele e para ele (Cl 1:16,17). Todas as coisas hão de convergir para ele (Ef 1:10). A expressão “todas as coisas” merece especial atenção. O grego é ta panta, neutro (não é masculino nem feminino, não é gente; é coisa). Refere-se ao mundo material. Ele está desintegrado. A queda o afetou. E Jesus veio reordená-lo. Sua obra inclui recolocar o mundo material em ordem.
Cristo está assentado nas regiões celestes, e para ele tudo converge e nele tudo terminará (Ef 1:10). Ele é o Autor e Sustentador da Criação, mas é também seu propósito. A criação foi feita por ele e para ele, e voltará para ele. Sua obra inclui a reconciliação de “todas as coisas” na terra e no céu (Cl 1:20). Ele não é apenas o Salvador pessoal de indivíduos, mas o Senhor cósmico de todas as coisas. Podemos confiar num Salvador que tem poder sobre o tempo, as pessoas e todo o universo. Como diz um de nossos cânticos: “Quão formoso és, Rei do universo, tua glória enche a terra e enche os céus…”. O Filho é o Rei do universo.


2. O novo mundo de Deus

Embora bem sustentada em Paulo, esta ideia não foi inventada por ele e não é estranha aos demais autores da Bíblia. Lemos, na visão de João: “E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve; porque estas palavras são fiéis e verdadeiras” (Ap 21:5). Agora vem o novo mundo que Deus está criando em Jesus.
No final da Bíblia, em Apocalipse 22, quando a obra de Cristo chega à sua consumação, o Éden está de volta. Em Gênesis 3, o homem foi expulso. Em Apocalipse 22 é readmitido. Tudo o que perdeu na queda, recupera em Cristo. Reaparece a árvore da vida (Ap 22:2). Seus frutos são para alimento e as folhas para saúde. A consumação da obra de Cristo nos devolve o que a queda nos tirou. Compare Gênesis 2:17 com Apocalipse 21:4; Gênesis 3.16 com Apocalipse 21:4; Gênesis 3:17 com Apocalipse 22:3; Gênesis 3:22-24 com Apocalipse 22:2. O que perdemos com a queda nos é devolvido em Cristo.
O novo mundo traz uma natureza totalmente benéfica: água, alimento e saúde, as perfeitas provisões de Deus. A razão é que agora “as primeiras coisas são passadas” (Ap 21:4). Cristo refez o mundo.


3. Qual é o nosso lugar neste novo mundo de Deus?

Em Efésios 1:22 vemos que todas as coisas foram subjugadas a Cristo, inclusive as do mundo vindouro (Ef 1:21) e ele as deu à igreja. Isto é fantástico. Igreja não é lugar aonde vamos. Não é uma instituição humana ou social. Ser igreja é mais que entoar cânticos e apresentar programas especiais. É fazer parte do novo mundo de Deus, sendo a ponta de lança, mas é também reinar com ele. No momento, a igreja é militante. Um dia ela será triunfante. Isto todos nós sabemos. Mas triunfante de quê? De problemas e de lutas humanas? Das contrariedades deste mundo? Não, a igreja será triunfante sobre o poder do mal e o caos do mundo, por fim. Em Lucas 10:19, ela recebeu poder para pisar escorpiões, símbolo do mal. A igreja será vencedora sobre todo o poder maligno. Sua vitória será global. Ela julgará o mundo e o mal com o Senhor Triunfante (Mt 19:28, Lc 22:30). E desfrutará da vitória de Cristo. Nosso triunfo não é apenas para esta vida, mas é para a nova ordem de Deus, para o novo mundo que o Cristo Senhor do Universo está criando. Ela desfrutará deste novo cosmos: “E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já se foram o primeiro céu e a primeira terra, e o mar já não existe” (Ap 21:1).
A salvação é mais que libertação do fogo do inferno. É identificação com o Cristo e lugar de honra no novo mundo do Senhor. Nós o desfrutaremos. Em Cristo, “somos mais que vencedores” (Rm 8:37).


Para pensar e agir

1. O pecado é um desastre. Ele perturbou o relacionamento do homem com Deus, com o próximo e com a natureza. Ele perturbou a ordem de Deus. Cada crente deveria fugir do pecado, pois ele traz perturbação da ordem, que já é frágil.
2. A obra de Cristo é destruir o poder do pecado e de seu autor (1Jo 3:8). E ele construirá um novo mundo. A igreja é a ponta de lança deste projeto de Cristo. Cada convertido é uma pedra a mais na construção do novo mundo de Deus.
3. Esta nova ordem de Deus não é apenas moral, mas cósmica, com estes elementos se desfazendo e um novo mundo chegando (2Pe 3:10-13). Sim, nós esperamos não apenas um céu, mas um novo universo, um novo mundo, em que a paz e a justiça reinarão porque o pecado não mais existirá (Ap 21:3-5).
Cristo foi preparar-nos lugar. Não um quartinho, mas um mundo novo.


Leituras Diárias

Segunda: Efésios 1.1-14
Terça: Efésios 1.15-23
Quarta: Efésios 3.1-21
Quinta: Colossenses 1.13-21
Sexta: Judas 17-25
Sábado: Filipenses 2.1-11
Domingo: Apocalipse 21.1-27

Não às obras, sim à graça

Estudo 3: Texto Bíblico: Efésios 2:8,9

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Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

Uma questão ainda discutida em nosso meio é a relação entre a lei (a Torah), o sistema do Antigo Testamento para se aproximar de Deus, e graça mostrada no Novo Testamento. Algumas seitas evangélicas, confusas, misturam Lei e Graça, e outras, mais confusas, pregam a Lei como essencial à salvação.
Paulo era judeu ortodoxo, um fariseu, profundamente imerso no ensino da Lei. Ele foi um dos mais aplicados fariseus: “E na minha nação excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais” (Gl 2:14). Criado no mais rigoroso judaísmo, aprendera que a Lei era o caminho da salvação. A obediência a ela salvava o fiel. Mas após sua conversão, mudou sua posição. Na lição anterior, comentamos o fato de Paulo levar o evangelho aos gentios: “Desde sua conversão o Senhor dissera que ele fora escolhido para levar o evangelho aos gentios (At 9:15). Mais tarde, na sua mais dura carta, ele disse que a circuncisão, como rito religioso, anulava a obra de Cristo (Gl 5:2). Ou cristão ou judeu! Ou a salvação pela graça por meio da fé em Cristo (Ef 2:8 e Gl 2:16) ou a salvação pela Lei. Se a salvação viesse pela Lei, a morte de Jesus teria sido sem sentido (Gl 2:21)”. Continuamos nossa caminhada hoje, vendo como Paulo deu um sonoro “Não!” às obras da Lei.

1. Uma busca inadequada

Paulo não encontrou a justificação dos seus pecados na Lei, mas na fé em Jesus: “E seja achado nele, não tendo como minha justiça a que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé” (Fp 3:9). A busca anterior, como fariseu, fora frustrante. A Lei, como qualquer sistema religioso, não pode nos dar o perdão dos pecados. Só a fé em Cristo. Alguém pode se sentir bem numa religião, cumprindo um conjunto de regras e obedecendo a determinados ritos. Mas isto será uma questão de gosto. Terá paz interior porque satisfez um desejo de seu coração. Mas diante de Deus (isto é bem diferente do que sentimos ou achamos), só a fé em Cristo pode salvar a pessoa. Sistema religioso algum pode nos salvar. Devemos dizer “Não!” às formas religiosas que criamos. Elas seguem a nossa mente, e não a mente de Deus.
A bagagem legalista de Paulo foi inútil, como podemos ler em Filipenses 3:4-7. Ele considerava todo o sistema religioso como refugo ou esterco, palavra dura, mas expressiva (Fp 3:8). Sua conduta irrepreensível dentro da Lei era inútil.
Obedecer à Lei não era impossível, como dizem alguns. O moço rico que queria a vida eterna disse a Jesus que obedecia a ela, guardando tudo (Mt 19:16-21, Mc 10:17-21, Lc 18:18-22). Jesus não contraditou o moço, dizendo que era impossível obedecer a tudo. Aceitou sua palavra. Paulo cumpriu a Lei: “Quanto à justiça que há na lei, fui irrepreensível” (Fp 3:6). Não pensemos que o evangelho veio porque Deus estabeleceu a Lei, ninguém conseguiu cumpri-la, e aí ele viu que era impossível e arranjou outro método. Esta teoria desonra a Deus. A Lei era transitória. Criou uma consciência de pecado (Rm 3:20 e 7:20) e Deus ofereceu a graça aos que reconhecem seus pecados e apelam para sua misericórdia. A Lei dizia: “Façam isto e viverão!”. A Graça diz: “Eu fiz para que vocês vivam!”. Buscar salvação na Lei, como Paulo mostrou com sua vida e palavras, é frustrante. Na Graça do Deus que ama, que faz por nós e nos dá gratuitamente no Amado (Ef 1:6), encontramos a vida eterna.

2. Cristo é o fim da Lei

A religião legalista (seja a dos fariseus ou seitas atuais, que nos enchem de regras) enfatiza o que a pessoa deve fazer. O evangelho de Jesus, pregado por Paulo, enfatiza que Deus fez, para que ninguém se envaideça por ter feito que Deus o aceitasse (Ef 2:8,9). Deus nos aceita não pelo que fizemos, mas pelo que ele e Jesus fizeram na cruz. Veremos isto depois, no estudo sobre a doutrina da reconciliação, mas guardemos desde agora que Deus estava em Cristo e ele nos reconciliou consigo, na pessoa de Cristo (2Co 5:18,19,21).
Deus Pai e Deus Filho fizeram a obra de reconciliação. Deus Espírito Santo trabalha em nós para entendermos o que Pai e Filho fizeram. Ele é o ministro da Graça. O ensino é que Deus fez e que devemos crer no que ele fez.
Cristo pôs fim ao valor da Lei e se tornou a norma para nós. Quem defende a Lei tem zelo por Deus, mas sem entendimento (Rm 10:2-4). “Cristo é o fim da Lei”, diz Paulo. A palavra “fim” é o grego télos, que significa “meta” ou “término”. E aqui significa os dois. A Lei era uma provisão temporária até a vinda do descendente de Abraão, em quem a promessa se cumpriu. Mas sendo provisão temporária, terminou em Cristo, que é o clímax da revelação de Deus, como Jesus disse, em Lucas 16:16. O evangelho do reino substitui a Lei.
A Lei era provisória (Gl 3.19-24). Ela foi um aio para nos conduzir a Cristo. A palavra “aio” é o grego paidagogós, de onde vem pedagogo e Pedagogia. Aparece também em 1Coríntios 4:15, como “preceptores”. O paidagogós era o escravo que cuidava da educação da criança em casa, e que o levava pela mão à escola. A Lei é o paidagogós que conduziu a Cristo.
A Lei não tem poder de salvar. Mas Cristo tem. O legalismo leva a praticar boas obras para agradar a Deus. Também leva a cumprir regulamentos religiosos com o mesmo propósito. A Graça mostra que Deus nos ama e nos dá a salvação em Cristo.

3. Salvos pela Graça

Dizemos que somos salvos pela fé. A declaração está equivocada. Somos salvos pela Graça, por meio da fé, não pela fé: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2:8). A pessoa poderia ter uma tonelada de fé, mas se não houvesse um grama da Graça, não seria salva. A Graça de Deus, sua bondade para conosco, é a causa de tudo. “O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu” (Jo 3:27). Muita gente se orgulha de ter fé. É a religião legalista, que põe o foco no homem. A Graça nos humilha ao dizer que nada nosso agrada a Deus, mas ele nos ama assim mesmo. Muitos falam mais da fé do que da Graça porque querem o foco sobre si. A Graça põe o foco sobre Deus.
Mas isto não é salvação compulsória, como dissemos no estudo anterior. Nós nos apropriamos da Graça pela fé. Basta crer. O carcereiro de Filipos perguntou “Senhores, que me é necessário fazer para me salvar?” (At 16:30) e ouviu a resposta: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa” (At 16:31). Não há o que fazer. Deus já fez, em Cristo. Basta crer. Não é fé na fé, como alguns parecem crer, dizendo que têm muita fé. É fé em Cristo. Pode-se ter uma tonelada de fé na pessoa errada, e isto não valeria nada. É crer na pessoa certa, Jesus Cristo, a oferta de Deus pelo pecado.
Vivemos um tempo de rejudaização do evangelho. A questão que a igreja resolveu em Atos 15, ressurge na ação de alguns que, empolgados pelos seus insights e de gurus iluminados, trazem a fraseologia, os símbolos e as festas judaicas para a igreja. Devemos dar um sonoro “Não!” às obras da Lei, e um entusiástico “Sim!” à Graça. Não somos judeus, mas cristãos. Nosso monte não é o Sinai, mas o Calvário. E do Calvário vem esta declaração: “Verdadeiramente este homem era filho de Deus” (Mc 15:39).

Para pensar e agir

Guardemos bem três lições do estudo de hoje.
1. Somos salvos pela Graça, não pela Lei. “Porquanto pelas obras da lei nenhum homem será justificado diante dele; pois o que vem pela lei é o pleno conhecimento do pecado” (Rm 3:20).
2. Somos salvos pela Graça, por meio da fé. Não é a nossa fé que arranca alguma coisa de Deus. É a Graça de Deus que nos oferece e nos apossamos pela fé.
3. Nunca nos orgulhemos espiritualmente, pois nada somos e nada merecemos. É a bondade de Deus que nos dá tudo: “Para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, pela sua bondade para conosco em Cristo Jesus” (Ef 5:2).

Leituras Diárias

Segunda: Atos 15.7-20
Terça: Filipenses 3.1-11
Quarta: Lucas 18. 17-30
Quinta: Romanos 8.31-39
Sexta: 2 Coríntios 5.1-21
Sábado: Miqueias 6.1-8.
Domingo: Efésio 2.1-10

Pró-vida ou pró-morte? OMS considera aborto como “essencial” durante pandemia de coronavírus


Com o pretexto de preservar a vida, a militância pró-aborto e eutanásia segue firme, tendo, inclusive, a OMS como braço e estrategista político


Imagem: Freepik

No sábado, dia 04, a Organização Mundial da Saúde (OMS), em declaração ao site de notícias The Daily Caller, afirmou que o aborto é considerado um serviço essencial durante a pandemia de coronavírus: “os serviços relacionados à saúde reprodutiva são considerados parte dos serviços essenciais durante o surto de COVID-19 […]. As escolhas e os direitos das mulheres aos cuidados de saúde sexual e reprodutiva devem ser respeitados, independentemente da mulher ter ou não uma infecção por COVID-19 suspeita ou confirmada […] Isso inclui métodos contraceptivos, cuidados de saúde de qualidade durante e após a gravidez e o parto e aborto seguro em toda a extensão da lei.”

Engana-se quem pensa que a Organização Mundial da Saúde é uma entidade que se preocupa com a defesa e proteção da vida. Na verdade a OMS serve a interesses ideológicos que defendem, dentre outras coisas, o aborto. Para a OMS o aborto não é considerado “causa de morte” — tanto que não consta como tal nas estatísticas —, mas como “direitos das mulheres aos cuidados de saúde sexual e reprodutiva” que devem ser respeitados.

Em 2014, o Departamento de Saúde Reprodutiva da OMS elaborou um documento intitulado “Abortamento seguro: Orientação técnica e políticas para sistemas de saúde”1, com orientações “seguras” para o assassinato de criança em diversos estágios da gravidez, o que contraria a Declaração Universal dos Direitos Humanos que diz que “Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”2 (Artigo 3º — grifo do autor).

O documento considera a necessidade de políticas “para estabelecer ou fortalecer serviços de atenção para o abortamento seguro”. O termo “abortamento seguro” sugere o abortamento legal, ou seja, a permissão para matar — descriminalização do aborto — e com financiamento público. Trata como parte dos “direitos humanos das mulheres” o abortamento induzido: “O tratamento emergencial das complicações pós-abortamento é fundamental para diminuir as mortes e as lesões decorrentes do abortamento inseguro, mas não pode substituir a proteção da saúde das mulheres e os direitos humanos que o abortamento induzido oferece, com amparo legal e sem riscos” (grifo do autor). O documento defende que “os serviços de abortamento devem estar integrados ao sistema de saúde, seja como serviços públicos ou através de serviços sem fins de lucro, financiados com fundos públicos, para que lhes seja reconhecida a condição de serviços de saúde legítimos e para proteger as mulheres e os profissionais de saúde do preconceito e a discriminação”. Ainda que a “disponibilidade de instalações e profissionais capacitados disponíveis para toda a população se revela essencial para garantir o acesso a serviços de abortamento sem riscos.” (consulte especialmente as páginas 63 e 64).

Nos Estados Unidos e na Europa, principalmente, enquanto a grande mídia exibe em seus noticiários matérias sobre coronavírus, criando pânico e provocando histeria na população, militantes fazem pressão para a flexibilização do aborto e da eutanásia. Na Itália, o aborto e a eutanásia são considerados serviços essenciais. Nos países onde o suicídio assistido é legal, há esforços para normatizar a entrega de comprimidos letais pelos correios: o paciente faria uma consulta por teleconferência e o médico prescreveria os comprimidos letais que seriam entregues na casa do cliente. Há denúncias de que em certos lugares estão sendo realizados abortos assistidos em casa, por causa do isolamento social. O aborto e a eutanásia tem se tornado um negócio lucrativo, além de atender às políticas de controle populacional.

Kim Callinan, do movimento pró eutanásia na América, afirmou que “a atual crise do Covid-19 oferece uma nova oportunidade para o suicídio assistido”. O lobby da morte tenta aprovar uma lei para que o paciente, por meio de uma consulta online, tenha a receita com prescrição de drogas letais sem a necessidade de ser examinado presencialmente por médicos e psicólogos. A lei também trataria de critérios para a entrega das drogas em domicílio.3

Enquanto a Organização Mundial da Saúde recomenda o isolamento social com o pretexto de preservar a vida, a militância pró-aborto e eutanásia segue firme, tendo, inclusive, a entidade como braço e estrategista político.

Recomendo a leitura do artigo de Benedetta Frigerio (jornalista e bacharel em Ciências Políticas pela Universidade Católica de Milão), que pode ser acessado aqui.
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A universalidade da obra de Cristo

Estudo 2: Texto Bíblico: Romanos 1:18-2.12

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Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho


Das muitas virtudes de Paulo, a maior foi tirar o “Caminho” da situação de seita transformá-lo no cristianismo, religião universal. O mérito é sempre de Deus, que o chamou desde o ventre (Gl 1:15) e que, na sua soberania poderia ter chamado outro. Mas Paulo não foi desobediente à visão celestial (At 26:19).

O homem de Tarso tornou o homem de Nazaré matéria de culto no mundo inteiro. Ele compreendeu melhor que ninguém que a obra de Jesus tinha dimensão universal. Como dissemos na lição anterior: “O vinho novo sairá do odre velho, e o instrumento para isso será um fariseu que se encontrou com Jesus ressuscitado”. O fato de ele ter sido fariseu torna a questão mais impactante. Hoje, “fariseu” é sinônimo de “hipócrita”, por causa de Mateus 23, que direciona nossa interpretação. “Fariseu” deriva de pherishut, que significa “abstinência e separação”. Era o grupo mais fiel ao judaísmo, preso à Torah (a Lei). O fariseu não era hipócrita, mas alguém sério, zeloso pelo judaísmo, com a mente dominada pela Lei. Paulo, judeu ortodoxo, entendeu o evento Jesus como nem a própria igreja compreendeu, no início.


1. Inicialmente uma seita judaica

E quando Pedro subiu a Jerusalém, disputavam com ele os que eram da circuncisão, dizendo: Entraste em casa de homens incircuncisos e comeste com eles” (At 11:2,3). Pedro foi censurado pela igreja por ter entrado na casa de Cornélio. Aliás, ele dissera a Cornélio que não devia entrar em sua casa e que o fazia por causa de uma visão de Deus (At 11:28). Quando o Espírito Santo veio sobre Cornélio e sua casa, Pedro e seus acompanhantes se admiraram (At 10:45). Os gentios também tinham direitos espirituais! Assim é que eles foram batizados (At 10:47,48). Este foi o mistério (o segredo de Deus) que Paulo compreendeu melhor que todos: Efésios 3:1-6.

Mas nem assim a questão cessou. Em Atos 15:1-29, as igrejas se reuniram porque alguns defendiam que os gentios que cressem em Cristo deveriam se circuncidar (v. 1). O “Caminho” era uma seita judaica, e quem entrasse nela deveria guardar o judaísmo. Nesta ocasião se deu a ruptura, e o evangelho deixou os limites estreitos que queriam lhe impor. Paulo, que lutou por isto (vv. 2 e 15) já entendera a questão muito antes. Desde sua conversão o Senhor dissera que ele fora escolhido para levar o evangelho aos gentios (At 9:15). E, mais tarde, na sua mais dura carta, ele disse que a circuncisão, como rito religioso, anulava a obra de Cristo (Gl 5:2). Ou cristão ou judeu! Ou a salvação pela graça por meio da fé em Cristo (Ef 2:8 e Gl 2:16) ou a salvação pela Lei. Se a salvação viesse pela Lei, a morte de Jesus teria sido sem sentido (Gl 2:21).

É bom lembrar isto, porque vivemos tempos em que alguns desejam restaurar o judaísmo em nossa teologia. Símbolos judaicos, festas judaicas, a estrela de Davi, o quipá (o chapéu masculino judaico), a arca, são trazidos para nossos templos. Não somos judeus. Somos cristãos. Não somos filhos do Sinai, e sim do Calvário. Nada temos a ver com Agar, e sim com Sara, pois não somos filhos da Jerusalém geográfica, e sim da Jerusalém espiritual (Gl 4:21-31 e Ap 21:2). Nós somos de Jesus e ouvimos a Jesus, e não a Moisés ou a Elias (Mt 17:1-5). A Lei e os Profetas, como norma, vigoraram até João, e desde então vale o evangelho do reino (Lc 16:16). Cantemos “Eu sou de Jesus, aleluia, de Cristo Jesus, meu Senhor” (401 CC, 454 HCC). Somos dele, e não de Moisés. Não podemos voltar atrás, pois não somos daqueles que recuam na fé (Hb 10:39).

2. O evangelho é para todos

Para o apóstolo, esta universalidade do evangelho, com o direito da salvação dos gentios, estava predita desde o início da história da salvação (que começa com Abraão), como lemos em Gálatas 3.8. E ele era o homem que iniciaria este processo na igreja. Obviamente, ele tinha consciência disto, desde sua conversão. O Senhor disse a Ananias que o recém-convertido Saulo era “um vaso escolhido, para levar o meu nome perante os gentios (At 9:15).

Tiago, Pedro e João, líderes da igreja de origem judaica, reconheceram que Paulo era o homem destinado por Jesus para pregar o evangelho aos gentios (Gl 2:7-9) e ele mesmo se declarou missionário aos gentios, várias vezes: Romanos 11:13 e 15:16, Gálatas 1:16 e 1 Timóteo 2:7.

O ensino de Paulo é claro. Deus encerrou todos os homens, quer judeus quer gentios, debaixo de pecado (Rm 1:18 a 2:12, e Gl 3:22), para que a promessa fosse de todos. A vantagem dos judeus é que eles receberam os oráculos divinos (Rm 3:1), mas também estão debaixo do pecado, como os gentios (Rm 3:9-20). Judeus e gentios são pecadores (Rm 3:23), e precisam do mesmo Salvador, Jesus (Rm 6:23).

No pensamento de Paulo, Deus é Salvador de todos os homens (1Tm 4:10). É desejo divino que todos os homens, e não apenas os judeus, sejam salvos (1Tm 2:14). Isto é a universalidade da obra de Cristo. Ele é o Salvador possível para todos os homens. Todos podem ser salvos.

3. Universalidade, sim; universalismo, não

Dizemos “Salvador possível para todos os homens” para evitar a confusão que a frase “Salvador de todos os homens” traz. Ele é o Salvador possível para todos os homens, mas isto não significa que todos os homens serão salvos. A doutrina que assim afirma se chama universalismo. Ela ensina que todos serão salvos porque a obra de Cristo na cruz redimiu os pecados de todos os homens, independentemente de eles crerem ou não. Muitos tentam dar este sentido a algumas declarações de Paulo, por isso que tivemos o cuidado na frase.

Paulo deixou claro que não há salvação compulsória. Os homens a devem querer, devem aceitá-la. Em 2 Coríntios 5:20, após dizer que Deus nos reconciliou consigo em Cristo (2Co 5:18), ele pede que os homens aceitem a reconciliação. A salvação é para “todo aquele que invocar o nome do Senhor” (Rm 10:13). “Invocar” é mais que recitar ou dizer o nome. É colocar-se sob o cuidado do nome. Aquele que se coloca sob o cuidado do Nome sobre todo o nome será salvo. Não há salvação indiscriminada, a todos. Ela vem por causa da obra de Jesus, é oferecida e deve ser aceita. Haverá salvos e não-salvos no dia final, conforme Jesus ensinou (Mt 25:34 e 41). Tendo recebido seu evangelho diretamente de Jesus (Gl 1:11,12), Paulo não entra em contradição com ele, mas apenas ressoa o que o Salvador lhe ensinou. Todos podem ser salvos porque Jesus trouxe uma salvação universal, e Paulo a proclamou ao mundo não-judeu.

Para pensar e agir

1. O evangelho acabou com as barreiras humanas, declarando que todos são iguais, tanto como pecadores como objeto da graça de Deus. Por isso, a parede de separação entre judeus e gentios foi derrubada (Ef 2:14). Não há mérito e ninguém é melhor que ninguém. A salvação é obra da graça.

2. A universalidade do evangelho significa que só há salvação pela graça e por meio da fé em Jesus (Ef 2:8,9). Ninguém pode ser salvo a não ser por Cristo. A igreja de Jesus precisa de visão evangelística e missionária. Ninguém é salvo por ser bom, mas somente por Jesus. O destino eterno de bilhões de pessoas está nas mãos da igreja. Nas minhas e em suas mãos.

3. Precisamos lembrar que o tema central da pregação da igreja é Cristo e Cristo crucificado (1Co 2:2). Há muita pregação sociológica, de conceitos humanos, e igrejas mais preocupadas com sua filosofia eclesiástica e em “fidelizar” clientes do que em anunciar que só Jesus salva. Precisamos evangelizar, pregar mensagens evangelísticas, realizar série de conferências evangelísticas, distribuir folhetos, falar de Jesus ao mundo. Nunca esqueçamos que SÓ JESUS CRISTO SALVA!

Leituras Diárias

Segunda: Efésios 2:1-3.6
Terça: Romanos 1:18-32
Quarta: Romanos 2:1-12
Quinta: Romanos 3:21-31
Sexta: Gálatas 4:21-31
Sábado: 1 Pedro 2:9-12
Domingo: João 3:14-21

Sobre o Dia Nacional de Oração pelo Brasil

“Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ação de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade.”

(1 Timóteo 2:1,2 — NVI)

Imagem: Pixabay



Pr. Cleber Moreira


Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ação de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade.”(1 Timóteo 2:1,2 — NVI)


O povo evangélico está conclamado para neste domingo, dia 05 de abril, se unir em oração pela nação.

Oremos pelo presidente da república, para que seja instrumento de Deus na condução do país. Oremos pelos demais governantes, estaduais e municipais, para que tenham boa vontade e a direção do alto em suas ações, priorizando o bem-estar e os interesses da população. Oremos pelos que atuam no parlamento e no judiciário, para que, como representantes do povo, sirvam com integridade, para que o bem dos cidadãos esteja acima dos interesses pessoais, partidários e ideológicos. Oremos pelo povo sofrido, para que as consequências da crise provocada pelo coronavírus sejam atenuadas. Oremos pelos infectados pela covid-19, bem como por outros acometidos de outras enfermidades, algumas com taxa de letalidade bem maior. Oremos para que Deus abençoe cada brasileiro, e que o evangelho seja luz para nosso povo em tempos tão sombrios, e norte para depois que a crise passar.

Oremos, não porque o presidente convocou a nação, mas porque a Bíblia nos ensina sobre o dever de orar.

Oremos, não porque cremos no ‘poder místico da oração’, mas porque nos relacionamos e confiamos no Deus onipotente.

Oremos, porque o nosso “socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra” (Salmos 121:2).

Oremos, mas, antes de tudo, conservemos um espírito de arrependimento sem o qual nossas orações não podem ser atendidas (Isaías 58:1-10; Joel 2:13; Jonas 3:1-10).

Oremos com a consciência de que “oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tiago 5:16)

Oremos, não porque estamos em “campanha de oração”, ou apenas porque o momento requer, mas, principalmente, porque a oração deve ser um hábito na vida do crente.

Oremos, não porque orar é o “último recurso”, como alguns dizem, “agora o jeito é orar”, mas porque na vida do salvo a oração é sempre o primeiro recurso, e aquele do qual o crente não pode abdicar.

Oremos, porque o Senhor nos ensinou sobre o “dever de orar sempre, e nunca desfalecer” (Lucas 18:1).

Oremos, mesmo em tempos de paz aparente.

Oremos, porque temos instrução para “vigiar e orar”.

Oremos, por que orar deve ser algo natural e constante, conforme Paulo nos ensina: “Orai sem cessar” (1 Tessalonicenses 5:17).

Oremos antes, durante e depois da crise.

Oremos, oremos, e oremos.
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