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O preço do resgate

Estudo 7 — Texto Bíblico: Romanos 3:23,24; 6:16-22

Imagem: Pixabay

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

Podemos dizer, de maneira bem simples, que “redenção significa livrar alguém por meio do pagamento de um preço”. Era assim que os prisioneiros de guerra podiam ser libertados. Pagava-se um valor, chamado de “resgate”. Entre os gregos e romanos, um escravo podia ser libertado pagando-se um valor no santuário de uma pseuda divindade pagã. O processo se chamava redenção, e o preço se chamava resgate.

Esta é uma das metáforas de Paulo para a obra salvadora de Cristo. E, nesta figura de linguagem, ele também associa “redenção” com “resgate”. O termo grego para ambos é lytron, que se usava para o pagamento de resgate de escravos de guerra. No grego clássico, na 14ª. rapsódia da Ilíada, o termo lytron é usado para a recuperação do cadáver de Heitor das mãos dos gregos. Um dicionário grego define o termo assim: “É aquilo que se oferece para libertar e resgatar um homem de uma escravidão bárbara”. Paulo usa apolytrôsis, que também tem o sentido de “livramento sob pagamento de um preço”, e mostra este preço como sendo a morte de Jesus. O termo ocorre dez vezes no NT e apenas oito no grego clássico. Alguns teólogos e estudiosos se chocam com a ideia de Deus negociar com Satanás, mas isto é uma metáfora e não uma realidade. Não há motivo para escândalo.

1. O uso do termo redenção no pensamento bíblico

O Antigo Testamento foi escrito em hebraico. Mais tarde, quando foi traduzido para o grego, chamou-se Septuaginta. Esta tradução, conhecida também pela sigla LXX, influenciou muito o pensamento dos escritores do Novo Testamento. Eles foram pregar a judeus fora da Palestina, e muitos destes ignoravam aramaico e hebraico. Falavam o grego, que era uma língua universal, como o inglês, hoje. Os pregadores do Novo Testamento escreveram em grego e se valeram da Septuaginta. A primeira vez que a expressão ocorre é em Êxodo 13.13. Os primogênitos, desde a saída do Egito, pertenciam a Iavé. A ideia ocorre em Êxodo 4.22, onde Israel é declarado como primogênito de Iavé. Em Êxodo 13:2, todo animal primogênito é de Iavé. Mas o jumento era muito necessário, pela sua força física, para o trabalho no campo. Ele podia ser resgatado, ou seja, poderia se pagar um preço por ele, como lemos em Êxodo 13:13. Nesta primeira ocorrência bíblica, a ideia é de dar algo em troca de algo. Um cordeiro, por exemplo. Resgate, aqui, é dar um valor para se ter algo que fora da pessoa, mas que agora não era mais.

A segunda ocorrência surge em Êxodo 21:28-30. Como não era um homicídio doloso, o dono do boi podia pagar um valor (em hebraico, kopher) para redimir sua vida ameaçada. O princípio da lei mosaica era vida por vida e ele, para não ser morto, pagaria um preço. Aqui, é pagar um preço para ter vida. A pessoa era culpada, mas pagava um preço e se livrava da condenação. Em Êxodo 30:12 reaparece a ideia, agora com o sentido de “cobertura”. Os israelitas eram recenseados, temporariamente, provavelmente para se dispor deles em algum serviço oficial. Pagariam um resgate, um valor, por isto. Uma taxa (imposto) pelo direito de serem do Senhor.

Com o tempo, a palavra, tanto no grego (lytron) como no latim (redimo) passou a ter a ideia de um preço pago para comprar um escravo ou um cativo, tornando-o livre. Pagava-se um preço (“resgate”) pela redenção (a liberdade) do cativo. Em Hebreus 11:35, o termo grego ocorre e é traduzido pela Versão Revisada como “livramento”. Os heróis da fé preferiram não ser livrados. Mas esta é a ideia: livramento mediante pagamento. Em Isaías 43:3, por exemplo, Iavé diz que deu partes da África a Ciro, como resgate de Judá. Livrou a nação do cativeiro, dando-lhe outras nações.

2. O que diz a teologia

Muita gente pensa que teologia é algo complicado. E não é. Ela nos ajuda a entender as verdades de Deus. Por isso, fiquemos com uma definição teológica de “redenção”: “Redenção inclui tudo aquilo que chamamos salvação: livramento do pecado, perdão dos pecados, justificação, santificação e a vida eterna. É o ato pelo qual a pessoa passa a ser de Deus”. Longe de Deus, a pessoa é escrava do pecado (Jo 8:34,35). Ela encontra sua liberdade em Cristo (Jo 8:36). E é libertada para não mais ser escrava de ninguém (Gl 5:1). É livre.

3. Cristo, o Redentor

Dos muitos títulos de Cristo, este, sem dúvida, é um dos mais preciosos para o fiel. O Novo Testamento o mostra como sendo o Redentor. Vejamos seu ensino:

1. Em Cristo temos a redenção dos nossos pecados, não sendo mais nós escravos deles: Romanos 3:23,24. Veja também, a propósito, Romanos 6:16-22. Antes de sermos comprados por Cristo, nós nos oferecíamos ao pecado, para fazer sua vontade. Éramos seus servos: Romanos 7:14. Agora, livres, nós nos oferecemos a Cristo para fazer a sua vontade. “Mas, um momento! Mudamos de servos para servos? Então, não ficamos livres!”, dirá alguém. Quando estávamos debaixo do pecado, não conseguíamos não pecar (Rm 7:23,24). Agora, em Cristo, libertados e tornados livres do pecado, podemos não obedecer a ele e desejamos nos apresentar a Deus para fazer a sua vontade (Rm 12:1,2). O crente de conversão autêntica deseja fazer a vontade do Senhor (At 22:8-10). A submissão ao pecado era escravizante, mas a submissão a Deus é voluntária e enche nossa vida de significado. Não somos mais escravos do pecado (Rm 6:17), mas servos voluntários de Deus.

2. O sangue de Cristo, a sua morte na cruz, foi o preço pago pela nossa redenção: Romanos 3:25. Não foi o Pai quem obrigou o Filho, mas o Filho que se ofereceu a si mesmo e ofereceu seu sangue, como o preço para nos libertar. E quando libertou, nos deu de presente ao Pai: Apocalipse 5:9,10. O Filho não foi um curandeiro nem um pregador de autoajuda nem sequer um revolucionário social, mas alguém que se deu como resgate (“preço”) por nós: Marcos 10:45.

3. Ao nos comprar, ele acabou com a nossa condição de escravos e nos tornou participantes de sua natureza, a de Filho: 2 Pedro 1:4. Ele nos tornou seus irmãos, na linguagem do autor de Hebreus, pois passamos a ser filhos do Pai: Hebreus 2:11,12. Tínhamos a natureza de Adão e passamos a ter a natureza de Cristo.

4. A nossa redenção nos faz participantes, também, da ressurreição, da ascensão e da glorificação de Cristo: Romanos 4:25 e 8;29,30. Isto significa que temos vida na vida de Cristo. E porque ele ressuscitou, seremos ressuscitados (1Co 15:20-22) e como ele foi glorificado, nós também o seremos (1Jo 3:2). Ao efetuar a nossa redenção, Jesus nos deu sua natureza vitoriosa, sua natureza ressurreta e sua natureza glorificada, e estas duas últimas nós receberemos no tempo apropriado. Isto tudo porque fomos tirados do domínio do pecado e passamos a ser propriedade do Pai.

Para pensar e agir

1. Redenção ou resgate é a essência da salvação. Significa que fomos comprados para Deus, como o texto de Apocalipse 5:9,10 já nos mostrou.

2. Como consequência ética da nossa redenção, reconheçamos que somos o santuário do Espírito Santo e não mais escravos de alguém nem mesmo donos de nossa vida (1 Co 6:19,20). Neste texto, “corpos” é o grego sôma, que designa mais que a estrutura física. É o âmago do ser, da pessoa, seu centro volitivo e afetivo. Cristo fez a redenção de todo o nosso ser, para sermos do Senhor.

3. Pensemos em 1 João 4:4 e 5;19. Somos do Senhor. Aquele que está em nós, o nosso dono atual, é maior que o dono antigo. Nada de transigir com o pecado. Já que fomos libertados, lembremos de Gálatas 5:1: “Para a liberdade Cristo nos libertou; permanecei, pois, firmes e não vos dobreis novamente a um jugo de escravidão”.

Leituras Diárias

Segunda: Romanos 12:1-8

Terça: Apocalipse 5:9-14

Quarta: Hebreus 2

Quinta: 1 Coríntios 15;20-22

Sexta: 1 João 1,2

Sábado: Marcos 10:35-40

Domingo: Marcos 10:41-15

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