A vida cristã não é um passeio pelo parque

“Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus.” (2 Timóteo 1:8)

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Pr. Cleber Montes Moreira

Paulo exorta a Timóteo a participar das aflições do evangelho, ou seja, a assumir seu ministério diante de Cristo com determinação e considerando as implicações disso. O exemplo que deixa é a sua própria vida, sua resignação, lutas e sofrimentos. Enquanto escrevia, ele era prisioneiro; sua condição era consequência de sua fé, firmeza, ousadia e amor ao Senhor. Ele não era afligido por militar por uma paixão, ou por alguma causa secular, mas porque era soldado de Cristo.

Do ponto de vista humano, a vida de Paulo não é um convite atraente para os que desejam seguir a Jesus. Neste tempo de anseios e práticas hedonistas, de pessoas amantes de si mesmas que querem ganhar o mundo sem se importar com suas almas, o testemunho do apóstolo trabalha contra a lógica e desfavorece as expectativas humanas. Contra Paulo laboram a teologia da prosperidade, a teologia triunfalista, o evangelho mercantilista, os conteúdos de autoajuda e todas as logias que apresentam um evangelho adequado às exigências de nosso tempo, em que o principal convite evangélico é “pare de sofrer!”

As igrejas alinhadas ao pensamento hodierno usam de sofismas e estampam em suas fachadas frases bem atraentes, tais como: “Venha ser feliz”, “Lugar de gente feliz”, “Lugar de bênção” (…). Nunca vi um letreiro onde se lê: “Lugar de gente que sofre”, “Venha padecer por Cristo”, “Venha morrer para o mundo”, “Tome a sua cruz” etc., contudo, não é esta a mensagem do verdadeiro evangelho?

Não estou afirmando que a vida com Cristo seja apenas de sofrimento, que seja uma vida azeda, desprovida de alegrias, muito pelo contrário, é uma vida de significado, de contentamento, vida abundante, de esperança que não pode morrer, eterna… Porém, isso não nos isenta das lutas de nossa militância, de oposições, de perseguições e padecimentos. É por isso que Paulo disse ao jovem Timóteo: “Tu pois, sofre as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo”, e ainda, “Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.” (2 Timóteo 2:3, 4:5), porque a vida cristã, principalmente para os que lideram, não é um passeio ao parque, embora muitos insistam em descrevê-la assim.

Aqueles que se guiam por vista, e não por fé, por logias humanas, e não pela Palavra da Verdade, podem até conservar aparência religiosa, todavia não estão “religados” a Deus pelo novo nascimento. Eles estão aptos para, na companhia de seu cristo, darem um passeio pelo parque, mas não para se alistarem como soldados para a batalha. Contudo, o que é a vida cristã autêntica, um passeio pelo mundo e desfrute de prazeres, ou uma guerra espiritual?