Se desejamos que o mundo conheça a graça de Deus, precisamos fazê-lo sentir a sua miséria. Se desejamos que a salvação tenha algum sentido para o perdido, precisamos demonstrar qual é a sua condição diante do Justo Juiz. Se desejamos que o céu seja precioso para alguém, devemos mostrar-lhe a realidade do inferno. A graça faz todo sentido para aquele que percebe sua desgraça.
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“Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros.” (Lucas 15:19 – Leia todo capítulo)
Pr. Cleber Montes Moreira
Certa pessoa, antes desenganada pelos médicos e “entre a vida e a morte”, após se recuperar, por milagre, afirmou: “Eu senti o cheiro da morte, por isso aprendi a valorizar a vida.” Creio que isso explique as mudanças em seus hábitos. É fato que valorizamos muito mais certas coisas quando estamos por perdê-las, compreendemos melhor certos valores quando passamos por experiências extremas e adversas. Foi assim que o filho pródigo, em sua miséria, caindo em si, lembrou-se de todo bem e fartura da casa de seu pai e, compreendendo sua condição indigna, disse: “Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti; Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros.” (Lucas 15:18 e 19). Observe que ele compreendeu não somente sua miséria, mas sua condição indigna: ele sabia que não merecia mais ser tratado como filho e herdeiro, que era totalmente indigno do amor e atenção do pai, e se contentaria em ser apenas um empregado para desfrutar das “migalhas que caem de sua mesa”. Mas o pai, ao ver o rapaz ainda de longe, cheio de compaixão, correu, o abraçou e beijou, mandou que lhe vestissem a melhor roupa, que lhe colocassem um anel como sinal de sua condição de filho e preparou uma grande festa para celebrar seu retorno. Ele não merecia, era totalmente indigno, porém a graça do pai o alcançou com seu perdão, e ele foi recebido não como um empregado, mas como filho. Eu duvido que aquele jovem não tenha aprendido a valorizar sua vida.
Sabe qual o problema de muitos pregadores de hoje? É que eles dizem que Deus é amor, todavia se esquecem de dizer que Deus é juiz e que pecamos contra Ele. Pregam um “meio evangelho”, proferem mensagens positivas que realçam o amor, mas não denunciam o pecado. Assim, os pecadores não se dão conta de sua miséria e indignidade diante do Todo Poderoso, não tendo motivos para o arrependimento. Tais ouvintes acabam crendo que poderão adentrar diante do Pai com trajes imundos. Eles não sabem o que é o pecado nem a dimensão de sua gravidade. Aliás, as mensagens desses falsos profetas até fazem com que seus ouvintes se considerem muito dignos diante do Senhor: dignos de seu amor, de seu perdão, de sua presença, de suas bênçãos… (até de alguma restituição). Gente assim não está em condições de dizer: “Já não sou digno de ser chamado teu filho”, e nem “Miserável homem que eu sou!” (Lucas 15:19; Romanos 7:24).
Se em vez de declararmos que “Deus odeia o pecado, mas ama o pecador”, proclamássemos com mais clareza, constância e firmeza sobre o pecado, o pavor e rigor do juízo divino, talvez mais pecadores se arrependessem. Atenuar a verdade é o mesmo que pregar um falso evangelho e condenar, pelo engano, pecadores à perdição eterna. Isso é cooperar com a obra do diabo.
Se desejamos que o mundo conheça a graça de Deus, precisamos fazê-lo sentir a sua miséria. Se desejamos que a salvação tenha algum sentido para o perdido, precisamos demonstrar qual é a sua condição diante do Justo Juiz. Se desejamos que o céu seja precioso para alguém, devemos mostrar-lhe a realidade do inferno. A graça faz todo sentido para aquele que percebe sua desgraça. Não é pregando um meio evangelho que levaremos pecadores a Cristo.
O evangelho não é maquiagem, é demaquilante!
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