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Culpado ou inocente?

Estudo 6 — Texto Bíblico: Romanos 3:21-24, 5:1-9, 8:28-30

Imagem: Pixabay
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Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

 

A doutrina da justificação pela fé marcou a vida de Lutero e acabou por produzir a Roma protestante, mas não foi criada por ele. É bíblica. E não se baseia apenas em Romanos 1:16,17, que foi o texto que trouxe luz ao angustiado coração do monge, que buscava a salvação. É possível vê-la em Romanos 3:21-24, 5:1-9, 8:28-30, 1 Coríntios 6:11 e Gálatas 2:16 e 3:24. Paulo já a expressara na sinagoga de Antioquia da Pisídia (At 13:39).

Esta é a diferença fundamental entre o protestantismo e os evangélicos, de um lado, e o catolicismo de outro: como uma pessoa pode ser perdoada e aceita (justificada) por Deus? Cremos e pregamos que o homem é justificado pela fé, enquanto no catolicismo o homem é justificado pelas obras administradas pela igreja. Obras, aqui, não são ações e atos pessoais, mas o agir da Igreja Católica. Cremos que a justificação (que podemos chamar, também, de absolvição) vem pela fé, sem a necessidade de uma instituição e de um clero. Diferentemente da Igreja de Roma, que afirma seu papel como ministradora da salvação.

1. Mas, o que é justificação?

Vamos definir os termos, para evitar confusão. Comecemos por uma definição semântica, isto é, das palavras. Obviamente, “justificação” é o ato de “justificar”. O termo hebraico é tsadaq, que significa “tornar reto”. No grego, o termo correspondente é dikaioô, com um sentido mais jurídico: “absolver”, “declarar inocente”, o oposto exato de condenar. Em termos de palavras, “justificação” é o ato de alguém ser tornado reto, diante de Deus. Ser absolvido.

A doutrina da justificação trata desta questão: como um pecador culpado diante de Deus e condenado por seus pecados pode ser declarado inocente? Somos pecadores (Rm 3:23) e estamos condenados (Rm 6:23), sabemos disto. Como obter a absolvição?

2. A teologia explica

Teologia não é para complicar, mas para esclarecer. Então esclareçamos o significado do conceito, pela Teologia: É o ato de Deus que redime os pecados de homens culpados e que os reputa retos, gratuitamente, por Sua graça, mediante a fé em Cristo, à base, não de suas próprias obras, mas do representante obediente à lei, que derramou seu sangue a favor dos mesmos homens, o Senhor Jesus. Poderemos voltar a esta definição e relê-la outras vezes. Mas vamos ver agora sobre que passagens bíblicas ela foi construída. É oportuna a leitura de Romanos 3:23-26, 4:5-8 e 5:18.

No primeiro texto, Deus é justo. E atribui justiça gratuita pela sua graça (v. 24), por meio da fé (v. 25). Quando isto acontece, ele deixa de lado os pecados cometidos (v. 25). Deus é o agente: ele propôs, é por sua graça, por sua paciência. Ele é o justificador. O homem não consegue sua absolvição diante de Deus. Deus o absolve quando ele crê em Jesus Cristo.

No segundo texto há uma comparação. O salário do trabalhador não é um favor, mas dever. O trabalhador merece. Mas Deus nos justifica não pelo nosso mérito, mas se temos fé em Jesus. Podemos citar Romanos 5:1: “Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo”. Deixamos de ser réus, e passamos ao estado de absolvidos, tendo paz com Deus, por causa de Jesus Cristo.

Em Romanos 5:18 fica bem claro que foi a obra de Cristo que se tornou o ato que nos justifica, isto é, nos declara isentos de culpa. Em Jesus temos o perdão de nossos pecados. A justificação é um ato da graça de Deus (Tito 3:7).

“Justificação” pode ser resumida numa frase: “Deus perdoa os pecados de quem crê em Jesus Cristo”. A ideia é de um culpado condenado diante de um tribunal, mas que é declarado inocente. Principalmente em Romanos 4:5-8 vemos que “justificar” significa perdoar, cobrir os pecados e não imputar os pecados.

3. Um juiz, um tribunal e um réu

Alguns questionam a doutrina alegando que a linguagem é de tribunal. E é mesmo! A linguagem é de tribunal! As figuras de juiz, tribunal e réu estão presentes na Bíblia.

(1) Há um juiz: Gênesis 18;25, Salmo 7:11. Ele julga mesmo: Isaías 5:16 e 10:22. A vinda de Cristo, expressão máxima de sua graça, não significa que ele deixou de julgar. Pelo contrário, Cristo é o padrão pelo qual Deus julgará o mundo: Atos 17:31.

(2) Há um tribunal diante do qual todos compareceremos: Romanos 14:10-12, 2Coríntios 5:10, Hebreus 10:30,31 e 12:22,23.

(3) Há um réu: nós, como pecadores que somos. Vejamos 1 Reis 8:46, Romanos 3:23 e 6:23.

Este é o quadro: somos pecadores, estamos condenados por um justo Juiz e um dia prestaremos contas a ele. Não temos como escapar. Mas Deus nos absolve (justifica) pela sua graça, por meio de nossa fé em Jesus.

4. Quais são os efeitos da justificação?

(1) O primeiro de todos é nos livrar da condenação. Ela responde à questão: como me salvar? Vejamos o texto de Romanos 8:31-39. Somos justificados, perdoados, pela fé em Cristo. Israel tentou a justificação pela lei e não conseguiu: Romanos 9:31-33. Nós, gentios, recebemos a justificação porque não dependemos da lei: Romanos 9:30. Cristo justifica o pecador: Romanos 10:4. É fácil ser justificado: Romanos 10:8-11.

(2) O segundo é nos dar a paz: Romanos 5:1. Saber-se perdoado por Deus traz paz infinita. Deus nos perdoou os pecados! Quando cremos em Cristo Deus nos trata como se nunca tivéssemos pecado. Esta paz é mais que tranquilidade emocional. É certeza de uma vida nova, de ser tratado de maneira diferente por Deus: Romanos 5:1-11.

(3) O terceiro é produzir em nós o desejo de santificação, de abandonar o pecado. Alguém poderia perguntar: Então, se fui perdoado, se Deus usa de graça, posso pecar à vontade? A resposta é NÃO. A justificação faz de nós novas pessoas: Romanos 5:1-7. Aquela pessoa que amava o pecado foi crucificada na cruz de Cristo. Na realidade, Deus não perdoa nossos pecados. Deus os faz cair sobre Cristo. Isaías 53:4-11 mostra isso. Um justificado sabe quanto a absolvição da condenação do pecado custou. Para ele, nada. Mas para Deus, muito. Custou a vida de seu único Filho, Jesus: João 3:16.

Isaías 64:6 diz que “todas as nossas justiças são como trapos de imundícia”. A expressão “trapos de imundícia” significa os panos usados pelas senhoras da época como absorventes íntimos. Nossas virtudes seriam panos sujos para jogar fora. Não podemos nos salvar nem conseguir nossa absolvição. Nós a recebemos pela fé em Cristo.

Ser justificado é uma bênção extraordinária, mas ninguém pode ser justificado por ninguém bem como ninguém pode dar justificação a outra pessoa. É uma experiência pessoal, que cada um deve fazer diante de Deus, com contrição, consciente do valor da obra salvadora de Jesus Cristo. Ele morreu pelos nossos pecados e por sua morte temos salvação. Em Cristo somos perdoados. Em Cristo Deus nos declara inocentes. O texto de Romanos 8:1 deveria estar sempre presente em nossa mente, não como um instrumento que conduz o pensamento, mas como recordação da graça de Deus em Cristo: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”. Por isto, nossa palavra deve ser a de Romanos 7:25a: “Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor!”

Para pensar e agir

1. Em primeiro lugar está a graça de Deus. “O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu” (Jo 3:30). Louvemos a Deus por sua graça e sua misericórdia para conosco. Ele nos ama e providenciou nossa absolvição.

2. Deus justifica (absolve) quem crê. Quem quer salvação pelas obras deve refletir sobre João 6:28,29. A maior obra que se pode fazer é crer em Jesus.

3. Quem foi justificado está livre do passado, e tem uma vida nova pela frente. O crente em Jesus não tem passado. Não importa o que tenha feito. Foi justificado. Consagre o presente e o futuro a Jesus.

Leituras Diárias

Segunda: Romanos 1:16-17

Terça: Romanos 3:21-24

Quarta: Romanos 5:1-9

Quinta: 1 Coríntios 6.1-11

Sexta: 1 Coríntios 6:1-11

Sábado: Gálatas 2:16-20

Domingo: Gálatas 3:21-24

 

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