Os homens dos “tempos trabalhosos” serão traidores | Pastor Cleber
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Os homens dos “tempos trabalhosos” serão traidores

Estar no seio da igreja, seja apenas como membro, líder, mestre ou formador de opinião, e trair a Cristo negando seus ensinos é também uma das características deste tempo de apostasia da fé

Judas
Imagam de Falco. Fonte: Pixabay

“Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus.” (2 Timóteo 3:4 — grifos do autor)


Pr. Cleber Montes Moreira

 

Os homens dos tempos trabalhosos serão prodótai (προδόται), traidores, traiçoeiros. O termo indica ainda, dentre outras coisas, os informantes, delatores, entreguistas. Segundo Fritz Rienecker e Cleon Rogers “a palavra era usada para as pessoas que traíam seu país, ou que faltavam com um juramento, ou, ainda, para as pessoas que abandonavam outras em perigo”1. Em Lucas 6:16 o termo é usado para Judas Iscariotes, que entregou o Senhor por 30 moedas de prata.

A história está cheia de traidores anônimos e famosos. Dentre eles destaco Marcus Junius Brutus (Roma, 44 a.C), que alcançou fama por trair seu pai adotivo. Quando o imperador romano Júlio César foi vítima de uma conspiração de senadores para tirá-lo do cargo, Brutus se uniu a outro traidor, o general Cássio Longinus, para tomar o poder. Ele fez parte do complô que resultou no assassinato do imperador a punhaladas pelo grupo de senadores. Na hora da morte, Júlio César reconheceu o filho entre os seus algozes, e proferiu a frase que ficou eternizada na história, e que hoje é usada para significar a traição de um falso amigo: “Até tu, Brutus, filho meu?”

“Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe pague segundo as suas obras. Tu, guarda-te também dele, porque resistiu muito às nossas palavras” (2 Timóteo 4:14,15). Historiadores afirmam que foi Alexandre, o latoeiro, quem delatou Paulo, o que culminou em sua segunda prisão em Roma e consequentemente o martírio.

Segundo Jesus, os salvos também seriam traídos: “E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós. E de todos sereis odiados por causa do meu nome” (Lucas 21:16,17).

Como Paulo escreve sobre desvios no meio religioso, ou seja, de dentro para fora, é de se esperar que os traidores deste tempo estejam também dentro das igrejas. A apostasia da fé é uma das piores traições.

Neste tempo de grande confusão, de disseminação de tantas heresias, é importante considerar o que escreveu Judas em sua carta: “Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo” (Judas 1:4 — ACF). Na Nova Almeida Atualizada (NAA), o mesmo texto está assim: “Pois certos indivíduos, cuja sentença de condenação foi promulgada há muito tempo, se infiltraram no meio de vocês sem serem notados. São pessoas ímpias, que transformam em libertinagem a graça do nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo” (grifo do autor). Observem: “se infiltraram no meio de vocês sem serem notados.” Muitos traidores estão nos púlpitos das igrejas, ensinando nos seminários, liderando jovens, escrevendo livros supostamente cristãos, palestrando em eventos evangélicos etc., transformando a graça de Deus em libertinagem e negando Jesus Cristo e seus ensinos.

Sua ação é sutil, velada, mas nefasta. Eles distorcem a Sã doutrina utilizando um discurso politicamente correto, falando de amor, tolerância, justiça, igualdade etc. Trata-se de uma traição que surge de dentro dos arraiais evangélicos, que tem por objetivo implodir a fé cristã autêntica (doutrina dos apóstolos), oferecendo ao povo um evangelho palatável, saciando os que têm comichão nos ouvidos e desencaminhando os neófitos. Um exemplo deste comportamento é um print que recebi de uma postagem de um pastor de uma denominação histórica em que divulga o livro “Vocação para a Igualdade”2, da Igreja Batista do Pinheiro, do qual é coautor, lançado pela Editora Novos Diálogos, que conforme a sinopse no site da própria igreja “reúne reflexões bíblicas e teológicas, análises e relatos da história da IBP sobre o acolhimento de pessoas homoafetivas na comunidade de fé”. André Musskopf, teólogo luterano, gay, autor de vários livros, dentre eles “Viadagens Teológicas”3, sobre o livro “Vocação para a Igualdade”, depôs: “Este é um testemunho sobre a capacidade de transformação de uma comunidade orientada por suas crenças religiosas e atenta aos movimentos da vida, à população LGBTI+ e à diversidade sexual de gênero como expressão de liberdade e beleza.”4 Paulo Nascimento, em resenha do livro, afirmou que “o amor e o acolhimento prevaleceram sobre a frieza da doutrina e sobre as interpretações literais da Bíblia”5. Este não é um caso isolado, há uma militância forte, muito ativa, que pode ser percebida principalmente pelos posts e artigos em redes sociais, engajada, produzindo conteúdos supostamente bíblicos mas contrários à fé cristã.

Estes que pervertem a doutrina são os “inimigos da cruz de Cristo”, sobre os quais Paulo afirmou: “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição” (Filipenses 3:18,19). Eles são os que “promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes”. Por isso, “desviai-vos deles. Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples.” (Romanos 16:17,18).

Em tempos trabalhosos devemos observar com atenção a exortação paulina: “Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo” (Colossenses 2:8); “Destes afasta-te” (2 Timóteo 3:5).


1 Rienecker, Fritz – Rogers, Cleon. Chave linguística do Novo Testamento grego, página 477, Vida Nova, São Paulo-SP, 1985.

2 https://www.facebook.com/photo.php?fbid=3023005544380898&set=a.211003665581114&type=3&theater (acessado em 26 de setembro de 2019)

3 http://andremusskopf.blogspot.com/2012/04/sobre-as-viadagens-teologicas-um-mimo.html (acessado em 26 de setembro de 2019)

4 https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2696179563727184&set=a.859194720759020&type=3&theater (acessado em 26 de setembro de 2019)

5 https://www.youtube.com/watch?v=CD7-vMTdLhQ (acessado em 26 de setembro de 2019)

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