Estudo 2: Texto Bíblico: Romanos 1:18-2.12
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Imagem: Pixabay |
Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Das muitas virtudes de Paulo, a maior foi tirar o “Caminho” da
situação de seita transformá-lo no cristianismo, religião
universal. O mérito é sempre de Deus, que o chamou desde o ventre
(Gl 1:15) e que, na sua soberania poderia ter chamado outro. Mas
Paulo não foi desobediente à visão celestial (At 26:19).
O homem de Tarso tornou o homem de Nazaré matéria de culto no
mundo inteiro. Ele compreendeu melhor que ninguém que a obra de
Jesus tinha dimensão universal. Como dissemos na lição anterior:
“O vinho novo sairá do odre velho, e o instrumento para isso será
um fariseu que se encontrou com Jesus ressuscitado”. O fato de ele
ter sido fariseu torna a questão mais impactante. Hoje, “fariseu”
é sinônimo de “hipócrita”, por causa de Mateus 23, que
direciona nossa interpretação. “Fariseu” deriva de pherishut,
que significa “abstinência e separação”. Era o grupo mais fiel
ao judaísmo, preso à Torah (a Lei). O fariseu não era hipócrita,
mas alguém sério, zeloso pelo judaísmo, com a mente dominada pela
Lei. Paulo, judeu ortodoxo, entendeu o evento Jesus como nem a
própria igreja compreendeu, no início.
1. Inicialmente uma seita judaica
“E quando Pedro subiu a Jerusalém, disputavam com ele os que
eram da circuncisão, dizendo: Entraste em casa de homens
incircuncisos e comeste com eles” (At 11:2,3). Pedro foi
censurado pela igreja por ter entrado na casa de Cornélio. Aliás,
ele dissera a Cornélio que não devia entrar em sua casa e que o
fazia por causa de uma visão de Deus (At 11:28). Quando o Espírito
Santo veio sobre Cornélio e sua casa, Pedro e seus acompanhantes se
admiraram (At 10:45). Os gentios também tinham direitos espirituais!
Assim é que eles foram batizados (At 10:47,48). Este foi o mistério
(o segredo de Deus) que Paulo compreendeu melhor que todos: Efésios
3:1-6.
Mas nem assim a questão cessou. Em Atos 15:1-29, as igrejas se
reuniram porque alguns defendiam que os gentios que cressem em Cristo
deveriam se circuncidar (v. 1). O “Caminho” era uma seita
judaica, e quem entrasse nela deveria guardar o judaísmo. Nesta
ocasião se deu a ruptura, e o evangelho deixou os limites estreitos
que queriam lhe impor. Paulo, que lutou por isto (vv. 2 e 15) já
entendera a questão muito antes. Desde sua conversão o Senhor
dissera que ele fora escolhido para levar o evangelho aos gentios (At
9:15). E, mais tarde, na sua mais dura carta, ele disse que a
circuncisão, como rito religioso, anulava a obra de Cristo (Gl 5:2).
Ou cristão ou judeu! Ou a salvação pela graça por meio da fé em
Cristo (Ef 2:8 e Gl 2:16) ou a salvação pela Lei. Se a salvação
viesse pela Lei, a morte de Jesus teria sido sem sentido (Gl 2:21).
É bom lembrar isto, porque vivemos tempos em que alguns desejam
restaurar o judaísmo em nossa teologia. Símbolos judaicos, festas
judaicas, a estrela de Davi, o quipá (o chapéu masculino judaico),
a arca, são trazidos para nossos templos. Não somos judeus. Somos
cristãos. Não somos filhos do Sinai, e sim do Calvário. Nada temos
a ver com Agar, e sim com Sara, pois não somos filhos da Jerusalém
geográfica, e sim da Jerusalém espiritual (Gl 4:21-31 e Ap 21:2).
Nós somos de Jesus e ouvimos a Jesus, e não a Moisés ou a Elias
(Mt 17:1-5). A Lei e os Profetas, como norma, vigoraram até João, e
desde então vale o evangelho do reino (Lc 16:16). Cantemos “Eu sou
de Jesus, aleluia, de Cristo Jesus, meu Senhor” (401 CC, 454 HCC).
Somos dele, e não de Moisés. Não podemos voltar atrás, pois não
somos daqueles que recuam na fé (Hb 10:39).
2. O evangelho é para todos
Para o apóstolo, esta universalidade do evangelho, com o direito
da salvação dos gentios, estava predita desde o início da história
da salvação (que começa com Abraão), como lemos em Gálatas 3.8.
E ele era o homem que iniciaria este processo na igreja. Obviamente,
ele tinha consciência disto, desde sua conversão. O Senhor disse a
Ananias que o recém-convertido Saulo era “um vaso escolhido,
para levar o meu nome perante os gentios…” (At
9:15).
Tiago, Pedro e João, líderes da igreja de origem judaica,
reconheceram que Paulo era o homem destinado por Jesus para pregar o
evangelho aos gentios (Gl 2:7-9) e ele mesmo se declarou missionário
aos gentios, várias vezes: Romanos 11:13 e 15:16, Gálatas 1:16 e 1
Timóteo 2:7.
O ensino de Paulo é claro. Deus encerrou todos os homens, quer
judeus quer gentios, debaixo de pecado (Rm 1:18 a 2:12, e Gl 3:22),
para que a promessa fosse de todos. A vantagem dos judeus é que eles
receberam os oráculos divinos (Rm 3:1), mas também estão debaixo
do pecado, como os gentios (Rm 3:9-20). Judeus e gentios são
pecadores (Rm 3:23), e precisam do mesmo Salvador, Jesus (Rm 6:23).
No pensamento de Paulo, Deus é Salvador de todos os homens (1Tm
4:10). É desejo divino que todos os homens, e não apenas os judeus,
sejam salvos (1Tm 2:14). Isto é a universalidade da obra de Cristo.
Ele é o Salvador possível para todos os homens. Todos podem ser
salvos.
3. Universalidade, sim; universalismo, não
Dizemos “Salvador possível para todos os homens” para
evitar a confusão que a frase “Salvador de todos os homens”
traz. Ele é o Salvador possível para todos os homens, mas isto não
significa que todos os homens serão salvos. A doutrina que assim
afirma se chama universalismo. Ela ensina que todos serão salvos
porque a obra de Cristo na cruz redimiu os pecados de todos os
homens, independentemente de eles crerem ou não. Muitos tentam dar
este sentido a algumas declarações de Paulo, por isso que tivemos o
cuidado na frase.
Paulo deixou claro que não há salvação compulsória. Os homens
a devem querer, devem aceitá-la. Em 2 Coríntios 5:20, após dizer
que Deus nos reconciliou consigo em Cristo (2Co 5:18), ele pede que
os homens aceitem a reconciliação. A salvação é para “todo
aquele que invocar o nome do Senhor” (Rm 10:13). “Invocar”
é mais que recitar ou dizer o nome. É colocar-se sob o cuidado do
nome. Aquele que se coloca sob o cuidado do Nome sobre todo o nome
será salvo. Não há salvação indiscriminada, a todos. Ela vem por
causa da obra de Jesus, é oferecida e deve ser aceita. Haverá
salvos e não-salvos no dia final, conforme Jesus ensinou (Mt 25:34 e
41). Tendo recebido seu evangelho diretamente de Jesus (Gl 1:11,12),
Paulo não entra em contradição com ele, mas apenas ressoa o que o
Salvador lhe ensinou. Todos podem ser salvos porque Jesus trouxe uma
salvação universal, e Paulo a proclamou ao mundo não-judeu.
Para pensar e agir
1. O evangelho acabou com as barreiras humanas, declarando que
todos são iguais, tanto como pecadores como objeto da graça de
Deus. Por isso, a parede de separação entre judeus e gentios foi
derrubada (Ef 2:14). Não há mérito e ninguém é melhor que
ninguém. A salvação é obra da graça.
2. A universalidade do evangelho significa que só há salvação
pela graça e por meio da fé em Jesus (Ef 2:8,9). Ninguém pode ser
salvo a não ser por Cristo. A igreja de Jesus precisa de visão
evangelística e missionária. Ninguém é salvo por ser bom, mas
somente por Jesus. O destino eterno de bilhões de pessoas está nas
mãos da igreja. Nas minhas e em suas mãos.
3. Precisamos lembrar que o tema central da pregação da igreja é
Cristo e Cristo crucificado (1Co 2:2). Há muita pregação
sociológica, de conceitos humanos, e igrejas mais preocupadas com
sua filosofia eclesiástica e em “fidelizar” clientes do que em
anunciar que só Jesus salva. Precisamos evangelizar, pregar
mensagens evangelísticas, realizar série de conferências
evangelísticas, distribuir folhetos, falar de Jesus ao mundo. Nunca
esqueçamos que SÓ JESUS CRISTO SALVA!
Leituras Diárias
Segunda: Efésios 2:1-3.6
Terça: Romanos 1:18-32
Quarta: Romanos 2:1-12
Quinta: Romanos 3:21-31
Sexta: Gálatas 4:21-31
Sábado: 1 Pedro 2:9-12
Domingo: João 3:14-21
Estaremos estudando esta lição amanhã dia 14.06.2020 na EBD de nossa Igreja. Igreja Batista da Liberdade em Jacarepaguá.
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