Não às obras, sim à graça | Pastor Cleber
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Não às obras, sim à graça

Estudo 3: Texto Bíblico: Efésios 2:8,9

Imagem: Pixabay


Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

Uma questão ainda discutida em nosso meio é a relação entre a lei (a Torah), o sistema do Antigo Testamento para se aproximar de Deus, e graça mostrada no Novo Testamento. Algumas seitas evangélicas, confusas, misturam Lei e Graça, e outras, mais confusas, pregam a Lei como essencial à salvação.
Paulo era judeu ortodoxo, um fariseu, profundamente imerso no ensino da Lei. Ele foi um dos mais aplicados fariseus: “E na minha nação excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais” (Gl 2:14). Criado no mais rigoroso judaísmo, aprendera que a Lei era o caminho da salvação. A obediência a ela salvava o fiel. Mas após sua conversão, mudou sua posição. Na lição anterior, comentamos o fato de Paulo levar o evangelho aos gentios: “Desde sua conversão o Senhor dissera que ele fora escolhido para levar o evangelho aos gentios (At 9:15). Mais tarde, na sua mais dura carta, ele disse que a circuncisão, como rito religioso, anulava a obra de Cristo (Gl 5:2). Ou cristão ou judeu! Ou a salvação pela graça por meio da fé em Cristo (Ef 2:8 e Gl 2:16) ou a salvação pela Lei. Se a salvação viesse pela Lei, a morte de Jesus teria sido sem sentido (Gl 2:21)”. Continuamos nossa caminhada hoje, vendo como Paulo deu um sonoro “Não!” às obras da Lei.

1. Uma busca inadequada

Paulo não encontrou a justificação dos seus pecados na Lei, mas na fé em Jesus: “E seja achado nele, não tendo como minha justiça a que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé” (Fp 3:9). A busca anterior, como fariseu, fora frustrante. A Lei, como qualquer sistema religioso, não pode nos dar o perdão dos pecados. Só a fé em Cristo. Alguém pode se sentir bem numa religião, cumprindo um conjunto de regras e obedecendo a determinados ritos. Mas isto será uma questão de gosto. Terá paz interior porque satisfez um desejo de seu coração. Mas diante de Deus (isto é bem diferente do que sentimos ou achamos), só a fé em Cristo pode salvar a pessoa. Sistema religioso algum pode nos salvar. Devemos dizer “Não!” às formas religiosas que criamos. Elas seguem a nossa mente, e não a mente de Deus.
A bagagem legalista de Paulo foi inútil, como podemos ler em Filipenses 3:4-7. Ele considerava todo o sistema religioso como refugo ou esterco, palavra dura, mas expressiva (Fp 3:8). Sua conduta irrepreensível dentro da Lei era inútil.
Obedecer à Lei não era impossível, como dizem alguns. O moço rico que queria a vida eterna disse a Jesus que obedecia a ela, guardando tudo (Mt 19:16-21, Mc 10:17-21, Lc 18:18-22). Jesus não contraditou o moço, dizendo que era impossível obedecer a tudo. Aceitou sua palavra. Paulo cumpriu a Lei: “Quanto à justiça que há na lei, fui irrepreensível” (Fp 3:6). Não pensemos que o evangelho veio porque Deus estabeleceu a Lei, ninguém conseguiu cumpri-la, e aí ele viu que era impossível e arranjou outro método. Esta teoria desonra a Deus. A Lei era transitória. Criou uma consciência de pecado (Rm 3:20 e 7:20) e Deus ofereceu a graça aos que reconhecem seus pecados e apelam para sua misericórdia. A Lei dizia: “Façam isto e viverão!”. A Graça diz: “Eu fiz para que vocês vivam!”. Buscar salvação na Lei, como Paulo mostrou com sua vida e palavras, é frustrante. Na Graça do Deus que ama, que faz por nós e nos dá gratuitamente no Amado (Ef 1:6), encontramos a vida eterna.

2. Cristo é o fim da Lei

A religião legalista (seja a dos fariseus ou seitas atuais, que nos enchem de regras) enfatiza o que a pessoa deve fazer. O evangelho de Jesus, pregado por Paulo, enfatiza que Deus fez, para que ninguém se envaideça por ter feito que Deus o aceitasse (Ef 2:8,9). Deus nos aceita não pelo que fizemos, mas pelo que ele e Jesus fizeram na cruz. Veremos isto depois, no estudo sobre a doutrina da reconciliação, mas guardemos desde agora que Deus estava em Cristo e ele nos reconciliou consigo, na pessoa de Cristo (2Co 5:18,19,21).
Deus Pai e Deus Filho fizeram a obra de reconciliação. Deus Espírito Santo trabalha em nós para entendermos o que Pai e Filho fizeram. Ele é o ministro da Graça. O ensino é que Deus fez e que devemos crer no que ele fez.
Cristo pôs fim ao valor da Lei e se tornou a norma para nós. Quem defende a Lei tem zelo por Deus, mas sem entendimento (Rm 10:2-4). “Cristo é o fim da Lei”, diz Paulo. A palavra “fim” é o grego télos, que significa “meta” ou “término”. E aqui significa os dois. A Lei era uma provisão temporária até a vinda do descendente de Abraão, em quem a promessa se cumpriu. Mas sendo provisão temporária, terminou em Cristo, que é o clímax da revelação de Deus, como Jesus disse, em Lucas 16:16. O evangelho do reino substitui a Lei.
A Lei era provisória (Gl 3.19-24). Ela foi um aio para nos conduzir a Cristo. A palavra “aio” é o grego paidagogós, de onde vem pedagogo e Pedagogia. Aparece também em 1Coríntios 4:15, como “preceptores”. O paidagogós era o escravo que cuidava da educação da criança em casa, e que o levava pela mão à escola. A Lei é o paidagogós que conduziu a Cristo.
A Lei não tem poder de salvar. Mas Cristo tem. O legalismo leva a praticar boas obras para agradar a Deus. Também leva a cumprir regulamentos religiosos com o mesmo propósito. A Graça mostra que Deus nos ama e nos dá a salvação em Cristo.

3. Salvos pela Graça

Dizemos que somos salvos pela fé. A declaração está equivocada. Somos salvos pela Graça, por meio da fé, não pela fé: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2:8). A pessoa poderia ter uma tonelada de fé, mas se não houvesse um grama da Graça, não seria salva. A Graça de Deus, sua bondade para conosco, é a causa de tudo. “O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu” (Jo 3:27). Muita gente se orgulha de ter fé. É a religião legalista, que põe o foco no homem. A Graça nos humilha ao dizer que nada nosso agrada a Deus, mas ele nos ama assim mesmo. Muitos falam mais da fé do que da Graça porque querem o foco sobre si. A Graça põe o foco sobre Deus.
Mas isto não é salvação compulsória, como dissemos no estudo anterior. Nós nos apropriamos da Graça pela fé. Basta crer. O carcereiro de Filipos perguntou “Senhores, que me é necessário fazer para me salvar?” (At 16:30) e ouviu a resposta: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa” (At 16:31). Não há o que fazer. Deus já fez, em Cristo. Basta crer. Não é fé na fé, como alguns parecem crer, dizendo que têm muita fé. É fé em Cristo. Pode-se ter uma tonelada de fé na pessoa errada, e isto não valeria nada. É crer na pessoa certa, Jesus Cristo, a oferta de Deus pelo pecado.
Vivemos um tempo de rejudaização do evangelho. A questão que a igreja resolveu em Atos 15, ressurge na ação de alguns que, empolgados pelos seus insights e de gurus iluminados, trazem a fraseologia, os símbolos e as festas judaicas para a igreja. Devemos dar um sonoro “Não!” às obras da Lei, e um entusiástico “Sim!” à Graça. Não somos judeus, mas cristãos. Nosso monte não é o Sinai, mas o Calvário. E do Calvário vem esta declaração: “Verdadeiramente este homem era filho de Deus” (Mc 15:39).

Para pensar e agir

Guardemos bem três lições do estudo de hoje.
1. Somos salvos pela Graça, não pela Lei. “Porquanto pelas obras da lei nenhum homem será justificado diante dele; pois o que vem pela lei é o pleno conhecimento do pecado” (Rm 3:20).
2. Somos salvos pela Graça, por meio da fé. Não é a nossa fé que arranca alguma coisa de Deus. É a Graça de Deus que nos oferece e nos apossamos pela fé.
3. Nunca nos orgulhemos espiritualmente, pois nada somos e nada merecemos. É a bondade de Deus que nos dá tudo: “Para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, pela sua bondade para conosco em Cristo Jesus” (Ef 5:2).

Leituras Diárias

Segunda: Atos 15.7-20
Terça: Filipenses 3.1-11
Quarta: Lucas 18. 17-30
Quinta: Romanos 8.31-39
Sexta: 2 Coríntios 5.1-21
Sábado: Miqueias 6.1-8.
Domingo: Efésio 2.1-10

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