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O Cristo cósmico

Estudo 4 — Texto Bíblico: Efésios 1-3


Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

A obra de Cristo tem uma dimensão muito mais profunda do que nossas igrejas costumam abordar. Ele é mais que o Salvador da alma das pessoas. É o Senhor do universo, o criador da nova ordem de Deus. Em Efésios, Paulo fala do “mistério” da vontade de Deus, que não fora revelado antes, mas só agora: Deus uniu judeus e gentios (Ef 3:5-7) e todas as coisas, tanto do céu quanto da terra, hão de convergir em Cristo (Ef 1:9,10). Tudo terminará nele (tudo começou com ele, segundo João 1:3). Ele tem uma dimensão cósmica. Este mistério é manifestado pela igreja aos principados e potestades espirituais (Ef 3:9,10). A igreja ensina às potestades o mistério de Deus, que começa pela união dos homens e termina no destino do universo. Em Cristo, Deus está criando não apenas um novo povo ou uma nova raça, mas um novo mundo: “Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2Co 5:17). “Criatura” é o grego ktisis, que em Romanos 1:20 refere-se ao mundo criado. Seu sentido em 2 Coríntios 5:17 é mais que moral. Não é: se alguém está em Cristo não bebe, não fuma, não adultera. É cósmico. Se alguém está em Cristo faz parte do novo mundo de Deus. Nós, a igreja, somos o início do novo mundo que Deus está criando. Não apenas novo povo ou nova raça, mas novo mundo. Aldous Huxley escreveu “Admirável mundo novo”, onde mostrava um mundo novo produto da tecnologia, e Mao Tse-Tung quis criar o “novo homem”, um produto político. Mas novo homem e o novo mundo surgem em Jesus. É obra divina, em Cristo, não humana.


1. Cristo: autor e sustentador da criação

O pecado alterou as relações do homem com Deus (Gn 3:10,11), com o próximo (Gn 3:16) e com a natureza (Gn 3:17,18). Ele teve uma dimensão cósmica: o bom mundo de Deus (Gn 1:31) foi desordenado (Rm 8:19-22). O mundo em que vivemos não é o mundo ideal de Deus. Não plantamos urtigas nem ervas daninhas. Elas surgem. O trigo não brota espontaneamente e tem que ser cuidado. A natureza nos é benéfica, mas também hostil. Ela nos dá água e alimento, mas também terremotos, secas, furacões. Ela não é sábia, como diz a ecolatria moderna da nova era. É uma força cega e irracional. Viemos dela (Gn 2:7), mas ela nos é hostil (Gn 3:18) e nós lhe somos hostis. A ideia em Efésios e Colossenses é que Deus está refazendo o mundo, incluindo aí a nossa relação uns com os outros e com a natureza.
Efésios é considerada como “a rainha das epístolas” e onde o gênio de Paulo mais brilha. Colossenses é considerada sua “irmã gêmea”. Nestas duas cartas, a cristologia (o ensino sobre Cristo) muda de funcional (como Cristo funciona para a igreja) para ontológica (Cristo como o Ser, o Absoluto, o Auto e Sempre Existente, a Razão das Coisas). O Cristo de Efésios está assentado nas regiões celestes (Ef 1:3). Ele é Senhor deste século e do século que há de vir (Ef 1:21). “Século” é o grego aéon, que significa mais que cem anos. Significa uma ordem, um tempo, uma idade, uma era. Cristo é Senhor desta era e da era que há de vir. Tudo foi feito por ele e para ele (Cl 1:16,17). Todas as coisas hão de convergir para ele (Ef 1:10). A expressão “todas as coisas” merece especial atenção. O grego é ta panta, neutro (não é masculino nem feminino, não é gente; é coisa). Refere-se ao mundo material. Ele está desintegrado. A queda o afetou. E Jesus veio reordená-lo. Sua obra inclui recolocar o mundo material em ordem.
Cristo está assentado nas regiões celestes, e para ele tudo converge e nele tudo terminará (Ef 1:10). Ele é o Autor e Sustentador da Criação, mas é também seu propósito. A criação foi feita por ele e para ele, e voltará para ele. Sua obra inclui a reconciliação de “todas as coisas” na terra e no céu (Cl 1:20). Ele não é apenas o Salvador pessoal de indivíduos, mas o Senhor cósmico de todas as coisas. Podemos confiar num Salvador que tem poder sobre o tempo, as pessoas e todo o universo. Como diz um de nossos cânticos: “Quão formoso és, Rei do universo, tua glória enche a terra e enche os céus…”. O Filho é o Rei do universo.


2. O novo mundo de Deus

Embora bem sustentada em Paulo, esta ideia não foi inventada por ele e não é estranha aos demais autores da Bíblia. Lemos, na visão de João: “E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve; porque estas palavras são fiéis e verdadeiras” (Ap 21:5). Agora vem o novo mundo que Deus está criando em Jesus.
No final da Bíblia, em Apocalipse 22, quando a obra de Cristo chega à sua consumação, o Éden está de volta. Em Gênesis 3, o homem foi expulso. Em Apocalipse 22 é readmitido. Tudo o que perdeu na queda, recupera em Cristo. Reaparece a árvore da vida (Ap 22:2). Seus frutos são para alimento e as folhas para saúde. A consumação da obra de Cristo nos devolve o que a queda nos tirou. Compare Gênesis 2:17 com Apocalipse 21:4; Gênesis 3.16 com Apocalipse 21:4; Gênesis 3:17 com Apocalipse 22:3; Gênesis 3:22-24 com Apocalipse 22:2. O que perdemos com a queda nos é devolvido em Cristo.
O novo mundo traz uma natureza totalmente benéfica: água, alimento e saúde, as perfeitas provisões de Deus. A razão é que agora “as primeiras coisas são passadas” (Ap 21:4). Cristo refez o mundo.


3. Qual é o nosso lugar neste novo mundo de Deus?

Em Efésios 1:22 vemos que todas as coisas foram subjugadas a Cristo, inclusive as do mundo vindouro (Ef 1:21) e ele as deu à igreja. Isto é fantástico. Igreja não é lugar aonde vamos. Não é uma instituição humana ou social. Ser igreja é mais que entoar cânticos e apresentar programas especiais. É fazer parte do novo mundo de Deus, sendo a ponta de lança, mas é também reinar com ele. No momento, a igreja é militante. Um dia ela será triunfante. Isto todos nós sabemos. Mas triunfante de quê? De problemas e de lutas humanas? Das contrariedades deste mundo? Não, a igreja será triunfante sobre o poder do mal e o caos do mundo, por fim. Em Lucas 10:19, ela recebeu poder para pisar escorpiões, símbolo do mal. A igreja será vencedora sobre todo o poder maligno. Sua vitória será global. Ela julgará o mundo e o mal com o Senhor Triunfante (Mt 19:28, Lc 22:30). E desfrutará da vitória de Cristo. Nosso triunfo não é apenas para esta vida, mas é para a nova ordem de Deus, para o novo mundo que o Cristo Senhor do Universo está criando. Ela desfrutará deste novo cosmos: “E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já se foram o primeiro céu e a primeira terra, e o mar já não existe” (Ap 21:1).
A salvação é mais que libertação do fogo do inferno. É identificação com o Cristo e lugar de honra no novo mundo do Senhor. Nós o desfrutaremos. Em Cristo, “somos mais que vencedores” (Rm 8:37).


Para pensar e agir

1. O pecado é um desastre. Ele perturbou o relacionamento do homem com Deus, com o próximo e com a natureza. Ele perturbou a ordem de Deus. Cada crente deveria fugir do pecado, pois ele traz perturbação da ordem, que já é frágil.
2. A obra de Cristo é destruir o poder do pecado e de seu autor (1Jo 3:8). E ele construirá um novo mundo. A igreja é a ponta de lança deste projeto de Cristo. Cada convertido é uma pedra a mais na construção do novo mundo de Deus.
3. Esta nova ordem de Deus não é apenas moral, mas cósmica, com estes elementos se desfazendo e um novo mundo chegando (2Pe 3:10-13). Sim, nós esperamos não apenas um céu, mas um novo universo, um novo mundo, em que a paz e a justiça reinarão porque o pecado não mais existirá (Ap 21:3-5).
Cristo foi preparar-nos lugar. Não um quartinho, mas um mundo novo.


Leituras Diárias

Segunda: Efésios 1.1-14
Terça: Efésios 1.15-23
Quarta: Efésios 3.1-21
Quinta: Colossenses 1.13-21
Sexta: Judas 17-25
Sábado: Filipenses 2.1-11
Domingo: Apocalipse 21.1-27

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