O andar do salvo | Pastor Cleber
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O andar do salvo

Imagem: Pixabay



Pr. Cleber Montes Moreira


1 Finalmente, irmãos, vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus, que assim como recebestes de nós, de que maneira convém andar e agradar a Deus, assim andai, para que possais progredir cada vez mais.
2 Porque vós bem sabeis que mandamentos vos temos dado pelo Senhor Jesus.
3 Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação; que vos abstenhais da fornicação;
4 Que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra;
5 Não na paixão da concupiscência, como os gentios, que não conhecem a Deus.
6 Ninguém oprima ou engane a seu irmão em negócio algum, porque o Senhor é vingador de todas estas coisas, como também antes vo-lo dissemos e testificamos.
7 Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação.
8 Portanto, quem despreza isto não despreza ao homem, mas sim a Deus, que nos deu também o seu Espírito Santo.
9 Quanto, porém, ao amor fraternal, não necessitais de que vos escreva, visto que vós mesmos estais instruídos por Deus que vos ameis uns aos outros;
10 Porque também já assim o fazeis para com todos os irmãos que estão por toda a macedônia. Exortamo-vos, porém, a que ainda nisto aumenteis cada vez mais.
11 E procureis viver quietos, e tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas próprias mãos, como já vo-lo temos mandado;
12 Para que andeis honestamente para com os que estão de fora, e não necessiteis de coisa alguma.

(1 Tessalonicenses 4:1-12)



Tanto na época de Paulo quanto hoje é difícil inculcar nas mentes dos crentes a ideia de santidade. No texto o apóstolo aconselha pessoas que abraçaram a fé cristã há pouco tempo e, portanto, ainda estavam acostumados com o estilo de vida daquela sociedade, decadente, onde principalmente a imoralidade sexual era prática comum.

William Barclay nos lembra do que escreveu Demóstenes, o que retrata bem o estilo imoral dos gregos: “Temos prostitutas para o prazer, concubinas para as necessidades diárias do corpo, esposa para procriar filhos e para o cuidado fiel de nossas casas”. Barclay complementa: “Enquanto o homem mantivesse a sua mulher e a sua família, não havia motivo de vergonha nas relações extraconjugais.”

Também a nossa sociedade está adoecida: os pecados sexuais, a banalização da vida, o mercantilismo religioso, abuso de poder, a corrupção generalizada, e tudo o que carateriza o processo de degradação social faz parte do cotidiano desta geração afastada de Deus, e até mesmo de grande parte dos que se declaram evangélicos. Há ‘igrejas’ tão influenciadas pela sociedade, há denominações inteiras tão corrompidas, que já não se percebe qualquer diferença entre o que chamamos “mundo” e o que chamamos “igreja”. Uma prova disso são as postagens de certos crentes nas redes sociais: No domingo fotos na igreja, louvando, no sábado selfies em festas e lugares onde um cristão jamais deveria estar. Há evangélicos defendendo o aborto, a união homoafetiva, Ideologia de Gênero, a poliafetividade etc. O meio artístico gospel então é uma sucessão de escândalos. Assim é que ser evangélico já não significa viver conforme o evangelho, e aqueles dos quais se espera que influenciem o mundo estão amoldados aos valores seculares.

Se Paulo tivesse uma mensagem para os crentes de hoje, que mensagem seria? Mas ele tem, e esta mensagem é a mesma que escreveu aos Tessalonicenses sobre “de que maneira convém andar e agradar a Deus” e progredir na caminhada com Ele.

“Andar” é referência à maneira de viver. O andar cristão é um modo de vida, mas é também um itinerário que tem por propósito cruzar uma “linha de chegada”. A forma como andamos indica para onde caminhamos. Assim é que o mundo caminha para a perdição, mas os salvos para o alvo perfeito, para o encontro e a glorificação com Cristo.

Vejamos o que Paulo fala sobre o andar do salvo, e apliquemos seus ensinos ao nosso viver.


O andar do salvo é…


1. Andar conforme os ensinamentos recebidos: (vs. 1,2)

A chegada de Paulo e Silas a Tessalônica está registrada em Atos 17:1-9. Lá eles foram à sinagoga dos judeus, debateram sobre as Escrituras por três sábados, “expondo e demonstrando que convinha que o Cristo padecesse e ressuscitasse dentre os mortos”, anunciando Jesus como o Cristo de Deus (Atos 17:3). O resultado foi que “alguns deles creram, e ajuntaram-se com Paulo e Silas; e também uma grande multidão de gregos religiosos, e não poucas mulheres principais” (Atos 17:4). Aqui temos, então, o início da igreja naquela cidade. Depois disso os evangelistas foram perseguidos e enviados pelos irmãos de noite para Bereia (Atos 17:10). Não sabemos como com detalhes como aqueles irmãos continuaram recebendo cuidados espirituais, mas é certo que os ensinos recebidos contribuíram para que se tornassem um padrão para “todos os fiéis na Macedônia e Acaia” (1:7). No capítulo primeiro Paulo elogia as virtudes daquela igreja, e lembra que aqueles crentes foram “feitos nossos imitadores, e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação” (1:6). As instruções recebidas eram suficientes para que o apóstolo lhes cobrasse um andar seguro e fiel em Cristo. Neste capítulo 4 o escritor salienta:

(1) “Assim como recebestes de nós” – Paulo lembra àqueles crentes que eles foram instruídos na Palavra sobre o modo como deveriam andar. Eles não estavam desavisados, não estavam sem orientação e, portanto, não tinham desculpas.

(2) Os ensinos recebidos tinham como propósito nortear suas vidas. Num mundo de tanta confusão, nossa referência segura é sempre a Palavra de Deus.

(3) Estes ensinos também propositavam o progresso espiritual daqueles irmãos. Da mesma forma crescemos quando lemos, refletimos, acatamos e aplicamos a Palavra ao nosso viver.


Nosso andar é diferente do andar do mundo. Nós andamos para frente, para um propósito, e de um modo digno do Senhor.

Você pode dizer que é difícil andar como um cristão autêntico neste mundo de tantas seduções. O Pr. Marcos Graconato num de seus artigos indagou: “Dá pra Ser Crente em Tessalônica?”1 Este desafio é também para nós, uma vez também estamos inseridos numa sociedade doente e decadente. A advertência feita está alinhada ao que o apóstolo escreveu aos Filipenses: “Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo” (Filipenses 2:15). Isso só é possível observando os ensinos bíblicos recebidos, e “vós bem sabeis que mandamentos vos temos dado pelo Senhor Jesus” (v. 2).


2. Andar em santificação: (vs. 1-8)

A palavra grega “agiasmos”, traduzida por santificação significa “consagração”, “separação”, “santificação”, e refere-se ao processo que se inicia no momento da conversão, prossegue por toda a vida do crente, e atinge seu ápice na glorificação. A santificação realiza uma transformação moral no crente por meio do entendimento e da obediência às Escrituras, e imprime no salvo a santidade do próprio Deus. Quanto mais experimenta a santificação, mais o crente se afasta do padrão de vida secular e evolui segundo o padrão divino.

Segundo Russell Norman Champlin, “a santificação inclui a participação positiva nas virtudes morais de Deus”.2 Isso significa não apenas abandonar certos hábitos e desprezar o pecado, mas apresentar a Deus um serviço digno do caráter cristão.

Ao falar sobre a santificação, Paulo poderia ter feito uma lista de atitudes pecaminosas que deveriam ser abandonadas, porém, considerando que a fornicação não era considerado um pecado entre os pagãos, talvez por isso tenha combatido esta prática com maior vigor.3 A palavra usada para “fornicação” na ACF e traduzida por “imoralidade sexual” na NVI é pornéia, e indica qualquer prática sexual pecaminosa.

Embora muitos estudiosos entendam que o verso 6 seja uma orientação à fidelidade nos negócios em geral, principalmente nas atividades comerciais, coisa que realmente se deve observar, o contexto parece indicar uma advertência aos abusos sexuais como, por exemplo, o de algum irmão seduzir a esposa do outro. Por isso este verso não é uma mudança de assunto, mas continuação do tema em questão, tanto que na NVI se inicia assim: “Neste assunto”, ou seja, impureza sexual, “ninguém prejudique a seu irmão nem dele se aproveite”. O verso 7 corrobora isso: “Porque Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade.” Assim é inadmissível que as práticas sexuais pecaminosas daquela sociedade fossem aceitas como naturais entre os irmãos, que houvesse entre eles quem cometesse adultério com a esposa do outro.

Tanto o adultério, como qualquer outra prática sexual ilícita, ainda que comum em nossa sociedade, não deve ter lugar na vida dos santos. Aquele que confessa a Cristo como Senhor não deve viver segundo o padrão moral vigente na sociedade, mas segundo os valores do reino eterno, porque isso seria um contrassenso.


3. Andar em amor: (vs. 9,10)

A palavra usada para “amor fraternal” (philadelphia) indica o amor entre irmãos por nascimento. A igreja é uma família, onde todos, nascidos de Deus, por serem irmãos devem viver em amor. Em “instruídos por Deus que vos ameis uns aos outros” a palavra usada é ágape, e indica um amor proveniente de Deus, amor sublime, amor desinteressado, amor que se doa, amor incondicional, amor altruísta…

Paulo considera que não há necessidade de escrever mais sobre o assunto, visto que aqueles irmãos já estavam instruídos sobre o dever de amar uns aos outros, mas os encoraja para que cresçam nisso.

Crescer na prática do amor faz parte do andar do salvo. Não se trata de um amor comum, de um amor egoísta, hedonista, mas de um amor que busca o bem do próximo. Quem ama respeita, é fiel, não defrauda, não abusa, não peca contra o próximo. Creio que nós também já estamos instruídos neste assunto e que não há muito o que falar, a não ser que precisamos evoluir continuamente nesta ação. Se este amor for uma característica dos irmãos, certamente será um testemunho poderoso para os que estão de fora. Jesus mesmo disse: “Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” (João 13:35). Que sejamos conhecidos por nossa integridade, e também pelo amor com o qual amamos uns aos outros.


4. Andar honestamente: (vs. 11,12)

Aqueles que receberam os ensinamentos sobre como “convém andar e agradar a Deus”, devem viver conforme estas instruções. Quem vive assim, busca a santificação, cresce em amor. Aquele que ama não se aventurará em práticas sexuais ilícitas, uma vez que elas fazem mal não apenas a si, mas também a outros envolvidos, e à comunhão da igreja. Aquele que ama também será honesto em seus negócios, não será uma carga para os outros, e procurará viver em paz, evitando atritos e contendas. Este “andar honestamente” deve ser buscado com diligência.

Não sabemos exatamente o que levou Paulo a fazer tal advertência, mas vários estudiosos suspeitam que pela expectativa da volta iminente de Cristo, muitos abandonaram o trabalho regular e passaram a viver ociosos, se intrometendo em assuntos alheios e sendo pesados aos irmãos (Leia 2 Tessalonicenses 3:11,12). Por isso que teria dito para viverem quietos, tratarem dos seus próprios negócios e a trabalharem para o seu sustento (v. 11), coisa que Paulo ensinou não só com palavras, mas com o exemplo (2 Tessalonicenses 3:8). Como se diz, “o trabalho dignifica o homem”, mas também evita que o ocioso se torne um instrumento do diabo. Dizem que “quem não tem o que fazer, inventa”, e que “quem não trabalha dá trabalho”.

Sobre a expectativa da volta do Senhor, a melhor coisa a pensarmos é que Ele deverá nos encontrar andando conforme a Sua vontade, vivendo em amor, em comunhão e em paz com os irmãos, trabalhando e andando honestamente (Mateus 24:46; Romanos 13:13). Este proceder será um belo testemunho para os de fora.

Resumindo:

O andar do salvo é…
– Andar conforme os ensinamentos recebidos: (vs. 1,2)
– Andar em santificação: (vs. 1-8)
– Andar em amor: (vs. 9,10)
– Andar honestamente: (vs. 11,12)

Assim devemos andar e progredir na vida cristã, visando o alvo final de Deus para nós, que é sermos segundo a estatura do homem perfeito, JESUS CRISTO: “Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Efésios 4:13). Este andar virtuoso, produtivo, fará bem para nós e para a igreja, bem como se constituirá num persuasivo testemunho para os de fora.

Que ao observarem nosso caminhar, todos vejam para onde estamos indo!
_________________
2 Champlin, Russell Norman. Comentário Bíblico Volume 5, 2ª edição, Hagnos, 2001.
3 https://www.apologeta.com.br/1-tessalonicenses-4/ (acessado em 24 de abril de 2019)

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