Por Cleber Montes Moreira
Este post não é um ataque a quem quer que seja, independente da posição teológica de cada um, nem mesmo ao autor do vídeo em questão, mas consiste numa resposta necessária àquilo que entendo conter declarações erradas, talvez preconceituosas, sobre os batistas tradicionais. Não o faço para estabelecer um “cabo de guerra”, uma vez que entendo que estas discussões que se prolongam por séculos não edificam os homens nem glorificam a Cristo.
O autor do vídeo intitulado “Qual a diferença entre os Batistas Tradicionais e os Batistas Reformados?”, Filipe Niel, ao tentar explicar o que é um “batista típico” afirma que a denominação batista está muito fragmentada e vive uma crise muito grande de identidade, coisa com a qual concordo. Porém, quando diz que há diversidade entre as igrejas batistas tradicionais, como, por exemplo, igrejas lideradas por apóstolos, ele exagera, generaliza, e joga na mesma latrina as igrejas sérias, verdadeiramente tradicionais, com aquelas que sabemos não são. Uma igreja liderada por apóstolo, ou por pastora, por exemplo, jamais pode ser tida como uma igreja tradicional, uma vez que está afastada tanto da tradição batista quanto da Bíblia.
Quando ele diz “você tem dentro desses mesmos batistas tidos como tradicionais igrejas sérias, biblicistas, que creem na Palavra de Deus, que querem seguir a Palavra de Deus…” apenas reforça o seu posicionamento generalizado sobre igrejas tão diversas (sérias e heréticas) que ele considera como batistas tradicionais. Sinceramente creio que qualquer bom aluno de EBD poderia formular um conceito bem melhor sobre o que é ser batista tradicional.
Quando exalta os batistas reformados, Filipe Niel o faz com certo orgulho, colocando-os acima dos que considera como batistas tradicionais, o que é, na minha opinião um erro ― talvez intencional ―, uma vez que, como já dito, ele inclui entre os tradicionais os que não são. Tenho receio de que este orgulho seja parente do orgulho farisaico.
A exposição bíblica não é uma característica apenas dos reformados, mas de igrejas e pregadores sérios, o que inclui igrejas e pregadores batistas tradicionais. “A crença numa soteriologia calvinista” expõe o comportamento inadequado de exaltar certos homens em detrimento das Escrituras. Exemplifico: O que eu creio sobre soteriologia e/ou outros assuntos não tem por base as doutrinas de Calvino, Armínio ou outro, embora eles possam ter boas formulações a respeito, mas o Evangelho. O correto seria dizer “A crença numa soteriologia bíblica”, e argumentar sua posição teológica a partir da Palavra de Deus e não de Calvino ou outro. Se Deus nos ilumina por meio de Lutero, Calvino, Armínio ou outro, esta luz é sobre as Escrituras e não sobre tais homens, uma vez que as Escrituras são inerrantes, mas eles, como nós, não. Esta é uma das diferenças entre os batistas tradicionais e alguns (para não generalizar) que se dizem reformados.
Ao terminar, quando diz “agora a típica ou a tradicional igreja batista é muito difícil você definir o que é isso, porque você tem de tudo no meio batista brasileiro”, além de uma conotação de desprezo, mais uma vez generaliza, colocando igrejas tradicionais e outras que ele assim considera no mesmo balaio. O problema é que ele viola uma regra ensinada por Jesus: “Pois com o critério com que julgardes, sereis julgados; e com a medida que usardes para medir a outros, igualmente medirão a vós” (Mateus 7:2 ― BKJA). Isso porque ele se esquece, propositadamente ou não, que entre as igrejas que se proclamam reformadas há igrejas sérias e outras que não: igrejas bíblicas, outras que conservam muitas coisas do catolicismo romano, e ainda igrejas liberais e até inclusivas que recebem LGBTs e outros pecadores sem o testemunho do arrependimento em sua membresia (dentre as quais algumas que se declaram batistas de teologia reformada).Pergunto: seria justo jogar todas estas igrejas na mesma vala? Estou convicto de que não.
É um erro primário e grosseiro dizer que igrejas neopentecostais que usam indevidamente o nome batista sejam tradicionais
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