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“MAIS AMIGOS DOS DELEITES DO QUE AMIGOS DE DEUS”
Pr. Cleber Montes Moreira
“Traidores,
obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do
que amigos de Deus.” (2
Timóteo 3:4 — grifos do autor)
Os
homens dos tempos trabalhosos serão “philédonoi
mallon he philótheoi”,
“mais
amigos dos deleites do que amigos de Deus”
(ACF). Algumas versões trazem “mais
amigos dos prazeres do que amigos de Deus”.
Trata-se de um “prazer
amoroso”
pelas
coisas
carnais, um hedonismo exacerbado como característica da sociedade
dos últimos tempos. Sendo
o hedonismo
a busca incessante e descontrolada pelo prazer como bem supremo,
podemos
considerá-lo
como a doutrina que rege a vida dos “amantes
de si mesmos”,
uma vez que este amor egoísta os leva à busca inconsequente de seus
desejos
em detrimento do amor a Deus. Eles procuram satisfazer a carne e
desprezam as virtudes da vida com Cristo; amam mais as trevas que a
luz (João 3:19), colocam seus corações nos tesouros temporais
(Lucas 12:34; 18:23), se deleitam na luxúria, e seu deus é o
próprio ventre (Filipenses 3:19).
Infelizmente
este comportamento está presente — e cada vez mais intensamente —
também no meio religioso. Muitos trocam a leitura e o estudo da
Palavra de Deus, a EBD, a participação nos cultos públicos e
reuniões da igreja pelas novelas, futebol, festas, eventos,
compromissos seculares adiáveis etc. Até o culto tem sofrido
transformações para agradar aos homens, uma vez que certas igrejas
adotam expedientes com o intuito de atrair pessoas e vencer a
concorrência. Certa vez ouvi sobre o que um pastor disse a um colega
convidado para pregar em sua igreja, logo após uma performance
carnal de um grupo local e antes da mensagem: “O que a gente não
faz para segurar os jovens na igreja?!” Ora, crentes carnais, “mais
amigos dos prazeres que amigos de Deus”,
querem uma igreja e um evangelho que lhes satisfaça a carne; não se
interessam em prestar um culto bíblico, mas em servir a si mesmos.
Neste contexto só há louvor ao “deus de promessas”, ao “deus
de milagres”, ao deus de livramentos, ao deus que cura, ao deus que
‘faz a minha vontade’, ao que ‘me dá prazer’ e ao que ‘me
faz feliz’. Eis o motivo principal porque a exposição bíblica
está sendo substituída por sermões de autoajuda, a teologia
tradicional pela teologia da prosperidade, pela teologia do coaching,
pela confissão positiva e
outras coisas — para entreter os bodes! O evangelho, o
poder de Deus para a salvação de todo aquele
que crê (Romanos 1:16), deu lugar a outro evangelho que consiste em
estratégia diabólica para contemplar pessoas em busca de prazer,
entretenimento, empoderamento etc. Este “evangelho”, para que
cumpra seu propósito, é empacotado sob medida.
Paulo,
nesta mesma carta, desabafou: “Porque
Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para
Tessalônica”
(2 Timóteo 4:10). Amar o presente século é amar o mundo e o que
nele há, o
que
constitui em inimizade contra Deus (Tiago 4:4). Demas não apenas
abandonou Paulo, mas revelou onde estava seu coração. Nas igrejas
há muitos Demas; cedo ou tarde eles revelarão seu interesse pelo
mundo.
Por
que Judas traiu a Jesus? Por que Ananias e Safira intentaram mentir
contra o Espírito Santo? Por que Alexandre, o latoeiro, causou
tantos males a Paulo? Por que Simão, que antes exercia artes
mágicas, ofereceu dinheiro em troca de poder? Por que, entre os que
se dizem crentes, muitos já não demonstram amor sincero pelo
Senhor? Por que líderes que deveriam anunciar a Palavra corrompem a
pregação? Por que “adoradores” cobram altos cachês? Por que
certos crentes pulam de igreja em igreja em busca de novidades ou
algo que lhes satisfaça? Porque seus corações estão colocados nas
coisas terrenas, em valores temporais, em ambições e interesses
egoístas, porque são mais amigos dos deleites
que
amigos de Deus.
Onde
colocamos nosso coração revela qual é a nossa natureza e a quem
pertencemos. Pense nisso!
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