Pr. Cleber Montes Moreira
“Assim, eu lhes digo, e no
Senhor insisto, que não vivam mais como os gentios, que vivem na
futilidade dos seus pensamentos. Eles estão obscurecidos no
entendimento e separados da vida de Deus por causa da ignorância em
que estão, devido ao endurecimento dos seus corações.” (Efésios
4:17,18 – NVI).
Um
cantor gospel participa de um evento num terreiro de candomblé. Uma
famosa estação
de rádio, dita evangélica, toca uma música cuja letra menciona
Maria como medianeira. Um pastor evangélico participa com um padre,
numa igreja católica, como oficializante numa
celebração de casamento
(para a Igreja Romana, um
sacramento1).
Um evangélico
aceita ser padrinho2
de batismo
de duas crianças numa
cerimônia católica. Um
pastor de jovens posta em redes sociais textos
de apologia à Ideologia de
Gênero. Outro pastor, de uma comunidade evangélica, convida um
transexual para pregar em sua igreja. Diante
destes e outros fatos, pergunto:
O que há com os evangélicos de hoje? Abandonaram a Bíblia? Se
esqueceram de seus princípios? Estão seguindo um “outro
evangelho”? Se
renderam ao ecumenismo que antes reprovavam? Ou, porque se
conformaram ao mundo, adotaram o “politicamente correto”? Talvez
por isso há quem diga: “Já não se fazem evangélicos como
antigamente.” Eu concordo.
Houve
um tempo em que ser evangélico era crer no evangelho e praticá-lo.
Esta fé capacitava o crente para reagir contra as heresias, para
identificar os falsos profetas e resisti-los na Palavra. Hoje,
infelizmente, nem conhecem a
Palavra de Deus, pois
abandonaram-na, ou substituíram-na por alguma outra “verdade”
humana, agradável, sem a exigência de compromisso, “inclusiva”,
regada de “amor” (segundo o entendimento vigente na sociedade),
e passaram a dialogar com outras correntes de fé (segundo um amigo
meu “fezes”) antagônicas aos ensinos de Cristo. Estes
“novos diálogos” abrem conversas que promovem o relativismo das
Escrituras, sua
“ressignificação”, sua “reimaginação” e consequente
“reinterpretação”, a partir de perspectivas humanas, dos
valores fundamentais da fé cristã. Esta degradação, num nível
ainda mais baixo, acata debates sobre temas
para
os quais os evangélicos tinham opinião formada e embasada, tais
como a inspiração,
inerrância e autoridade da Bíblia, suficiência
e exclusividade da Obra de Cristo, ecumenismo, aborto, uniões
homoafetivas etc. O
subproduto deste sincretismo religioso (e também social e político)
é o que chamo de ‘evangélicos
sem o evangelho’. Não é
sem motivo que o crescimento vertiginoso dos evangélicos não tem
causado os impactos esperados na sociedade que prossegue em franca
derrocada.
‘Evangélicos
sem o evangelho’, ainda que cultivem algum orgulho religioso, são
pessoas perdidas, desprovidas da experiência de salvação e
esperança real em Cristo. Porque não deram lugar ao Espírito
Santo, ainda não conhecem a
virtude do “poder de Deus
para a salvação de todo aquele que crê” (Romanos
1:16). Sem
Cristo, e sem o evangelho, permanecem (porque são “gentios”)
“obscurecidos no entendimento e separados da vida de Deus por causa
da ignorância em que estão, devido ao endurecimento dos seus
corações” (Efésios 4:18 – NVI).
1Casamentos
e batismos são, para a Igreja Católica, sacramentos.
2Homem
que apresenta alguém (ger. criança) para o batismo ou crisma, com
o compromisso implícito de provê-la do necessário na falta dos
pais; dindo, dindinho.
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