Imagem: Pixabay
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Pr. Cleber Montes Moreira
“Porque haverá homens
amantes de si mesmos…”(2 Timóteo 3:2)
A
data escolhida, o sábado, dia 11 de maio de 2019. O horário, às
11 horas. O lugar, a Chácara
Santa Felicidade, pertencente a um tio. A
ornamentação, de tirar o fôlego; parecia
um conto de fadas. Tudo
perfeito, como planejado. Naquele dia, a
noiva não
atrasou.
No
altar o ministro religioso aguardava, enquanto os convidados,
confortavelmente acomodados, dirigiram seus olhares em direção
àqueles que, ao som
de uma música, executada por uma banda local, caminhavam lentamente
sobre o tapete vermelho e entre arranjos floridos, pausando para
fotos: casais de padrinhos, os pais da noiva, a florista e uma dama
que trazia uma joia e um pequeno
espelho com moldura e ornamentos
dourados, após os quais
eis que surge a noiva, linda,
disputada por fotógrafos e
cinegrafistas, bem como por amadores que com seus smarphones
procuravam eternizar
imagens daquele momento ímpar.
Atenta,
Giulianna,
de 26 anos, já no altar, ouvia
emocionada uma canção
oferecida por Carla, uma
amiga da faculdade. O oficiante fez um pequeno sermão sobre o amor,
e em seguida a dama apresentou o anel cravejado de diamantes
que a própria noiva colocou em seu dedo anular esquerdo, para então,
segurando o espelho, proferir
votos:
Eu, Giulianna Graziane, prometo me amar, me respeitar e ser fiel a mim, a lutar em defesa de minha honra, a perseguir meus ideais, cuidar de minha saúde e bem-estar, buscar minha felicidade, apreciar as coisas boas da vida, e não desistir de mim na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até os fins de meus dias.
Após a noiva beijar a própria imagem no espelho, o ministro impetrou a Benção Araônica e Carla cantou mais uma música durante o recessional.
Embora esta seja uma história fictícia, o casamento sologâmico é uma realidade. Não falo do tipo de cerimônia descrita acima, já comum em várias partes do mundo, mas sobre a realidade explícita em nossa sociedade: pessoas “amantes de si mesmas”, casadas consigo mesmas, narcisistas, egolátricas; comprometidas com seus próprios interesses, sonhos e valores, indiferentes ao próximo e alheias a Deus. O problema é que quando um transtorno se torna padrão de comportamento, ele deixa de ser considerado patológico. Assim, o sologanismo já não é percebido como patologia social, de tão comum que é: ser “amante de si mesmo” se firma cada vez mais como característica deste tempo em que indivíduos se autoveneram.
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