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Pr. Cleber Montes
Moreira
“Eu te louvarei,
porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito;
maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem. Os
meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui feito, e
entretecido nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu corpo
ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as
quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas
havia.” (Salmos 139:14-16)
Ser evangélico nunca esteve tão em moda,
porém, esta descrição já não indica um jeito de ser adequado ao
verdadeiro cristianismo. Enquanto a população evangélica cresce, o
mundo continua sua derrocada rumo ao caos. Assim há, dentre os
verdadeiros discípulos, os que não se sentem confortáveis com este
título, pois ele pode significar várias coisas, e revelar
posicionamentos e padrões destoantes das Escrituras. Prova disso é
a opinião de muitos líderes e “crentes” sobre assuntos para os
quais antes havia consenso, tais como a prática homossexual e o
aborto. Sobre este último tema, apresento dois exemplos: Um grupo de
feministas formou a “Frente Evangélica pela Legalização do
Aborto”1,
e tem militado em favor da descriminalização da prática. “É em
defesa da vida (sagrada, dom de Deus) que precisamos LEGALIZAR o
aborto no Brasil!”2
– Dizem elas. Uma justificativa dos abortistas é que a mulher é
dona de seu corpo e, portanto, deve ser livre para fazer com ele o
que quiser. Outra é que o sistema atual mata duas vezes mais, uma
vez que as mulheres procuram pelas clínicas clandestinas para
abortarem. Também, um líder de uma denominação neopentecostal
causou perplexidade ao dizer: “Eu sou a favor do aborto sim, e digo
isso em alto e bom som, e se eu estou pecando, eu cometo este pecado
consciente, sim!” É lamentável ver esta mesma opinião sendo
defendida tanto em conversas informais quanto de púlpitos, livros,
debates, congressos e outros meios por pessoas que dizem servir a
Cristo.
Os revisionistas procuram apresentar ao público
uma nova leitura bíblica sobre estes assuntos, que seja mais
tolerante e que aplaque as consciências em relação ao pecado. O
liberalismo teológico é terreno fértil para o florescimento do
relativismo e consequente decadência da moralidade tradicional, bem
como para o surgimento de um “outro evangelho” deslocado dos
valores imutáveis da Palavra Sagrada, que dá aos neo-evangélicos
uma sensação de ‘absolvição da culpa’, permitindo-lhes
que se relacionem com
o seu deus num ambiente que lhes seja favorável e no qual a ideia de
um juízo divino inexiste. Aliás, julgar é proibido. Tal pensamento
parece se alinhar à ‘doutrina’ de Raul Seixas, que disse:
“Ninguém tem o direito de me julgar a não ser eu mesmo. Eu me
pertenço e de mim faço o que bem entender.” E faz coro com aquela
máxima feminista: “Meu corpo, minhas regras, minhas escolhas!”
Mas, contrariando tal princípio de direito, de
liberdade e de independência que pregam, os abortistas se colocam,
arbitrariamente, em condições de decidirem sobre quem nascerá e
quem morrerá, e
por se tratar de violência contra
indefeso e atentado contra direito
inalienável, aqueles
que assim agem se elevam acima do
próprio Autor da Vida.
O que a Bíblia diz? Outros perguntariam,
“Abortar é pecado”? Eu não preciso de um texto bíblico para
afirmar que o aborto é uma violência contra a vida, pois trata de
questão de inteligência e de bom senso. Além
disso, a Constituição Federal
brasileira, em seu art. 5º, assegura o direito à vida como
fundamental e inalienável:
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.3
A Declaração Universal dos Direitos Humanos,
adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas
(resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948, diz em seu Artigo III
que “Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à
segurança pessoal”.4
A Constituição Portuguesa, em seu art. 24, resume este direito com
estas palavras: “A vida humana é inviolável.” Infelizmente esta
garantia tem sido desrespeitada, e no Brasil a própria Constituição
tem sido rasgada a pretexto da “liberdade” que a mulher tem de
fazer o que quiser de seu corpo. Ora, liberdade que viola a liberdade
do outro não é liberdade, é violência.
Certa feita recebi um texto muito interessante a
respeito do tema, que transcrevo abaixo:
Uma mulher que queria abortar procurou seu ginecologista:
– Doutor, eu estou com um problema muito sério e preciso muito que me ajude. Meu bebê não tem um ano e eu estou grávida novamente. Eu não quero outro filho.
Então o médico indagou:
– E como eu poderei ajudá-la?
– Eu quero fazer um aborto!
Depois de pensar por alguns instantes, o médico falou:
– Eu tenho uma ideia bem melhor e muito menos arriscada.
A mulher sorriu satisfeita, ávida por ouvir o que o médico teria a dizer.
Ele continuou:
– Para que você não tenha que tomar conta de dois bebês, matemos o que está nos seus braços. Assim, você poderá descansar até que o outro nasça. Os filhos são todos iguais, não é mesmo? Além do mais, sua vida não correrá risco com procedimentos cirúrgicos, se matarmos esse aí.
A mulher, horrorizada com as palavras do médico, respondeu:
- Que isso?! Matar uma criança é uma monstruosidade, além do que é crime!
O médico, calmamente continuou:
- Eu concordo. Mas eu pensei que isso não fosse problema para você. Eu só estou sugerindo que você troque o filho que quer matar.
Qual a diferença entre matar uma criança
nascida e outra que está em gestação? O mal é o mesmo. O aborto é
uma violência contra a vida e os valores cristãos explícitos nas
Escrituras. Em Êxodo 20:13, lemos: “Não matarás.” Isso é
mandamento. O salmista nos diz que “os filhos são herança do
Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão” (Salmos 127:3). Deus,
que nos criou de um modo tão maravilhoso, conhece cada um de nós
desde o ventre de nossa mãe, e nos viu quando ainda estávamos em
formação (Salmos 139:13,15,16). A vida é dom divino, incluindo a
vida dos nascituros, e todo atentado contra a vida também é contra
o Criador.
Aborto é pecado, sim! Não há sentido algum uma
releitura bíblica que apresente outra conclusão; ela seria, no
mínimo, desonesta. Um cristão verdadeiro jamais será favorável
àquilo que o seu Senhor condena. Pense nisso!
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1https://www.facebook.com/frenteevangelicapelalegalizacaodoaborto/?ref=br_rs
(acessado em 03 de abril de 2018).
2https://www.facebook.com/frenteevangelicapelalegalizacaodoaborto/posts/2142973915931559
(acessado em 03 de abril de 2018)
3http://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_atual/art_5_.asp
(acessado em 11 de abril de 2018)
4https://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10133.htm
(acessado em 11 de abril de 2018)
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