Estudo 1: Texto Bíblico: Atos 9
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Imagem: Pixabay
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OBS.: A partir desta
semana publicarei aqui as lições do 2 trimestre da revista Palavra
e Vida com o objetivo de facilitar aqueles que têm dificuldades com
arquivos em pdf.
Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
A 9:1-6 narra um dos momentos mais marcantes da história. O
cristianismo e o mundo serão mudados. Uma obscura seita judaica, “O
Caminho” (9.2), dará uma guinada em seu rumo. O vinho novo
sairá do odre velho, e o instrumento para isso será um fariseu que
se encontrou com Jesus ressuscitado. O até então desconhecido
fariseu se tornará, depois de Jesus, o maior vulto do cristianismo e
da humanidade. O fato deve ter sucedido três anos após a morte de
Jesus. Homens e mulheres do Caminho vinham pregando o Cristo
crucificado, o que despertou a ira de Saulo. O capítulo 9 mostra seu
estado emocional: “respirando ainda ameaças” (v. 1). Um
homem contra Cristo. E termina com ele pregando (v. 29). Um homem
dominado por Cristo. O Caminho não morrerá. A perseguição não o
abaterá. Um perseguidor teve um encontro com Jesus e levará seu
nome ao mundo, mesmo sob perseguição. E isto de tal maneira que
nós, estudando sua vida e lições, somos devedores ao seu
ministério. Com mente e coração abertos caminhemos pela vida e
ensinos de Saulo de Tarso, depois Paulo, o cristão por excelência.
1. A infância de um menino judeu
Pouco se sabe sobre esta fase de Paulo. Ele silencia sobre ela. Há
apenas lendas, que não nos interessam, sobre o período. Sua vida,
como menino e adolescente judeu deve ter sucedido assim: com cinco
anos de idade foi alfabetizado e começou a ler as Escrituras. Com
seis foi enviado a uma escola rabínica. Aos dez foi instruído na
lei oral. Aos doze teve sua cerimônia de tornar-se filho da lei.
Assim começou sua carreira de judeu ortodoxo.
Entre os treze e dezesseis anos deve ter sido enviado a Jerusalém
para ser educado como rabino: “Eu sou judeu, nascido em Tarso da
Cilícia, mas criado nesta cidade, instruído aos pés de Gamaliel,
conforme a precisão da lei de nossos pais, sendo zeloso para com
Deus, assim como o sois todos vós no dia de hoje” (At 22.3).
Lá estudou com Gamaliel, o mesmo de Atos 22.33-40, que alguns dizem
ter sido cristão oculto. Paulo tinha uma irmã morando na cidade (At
23.16). Hospedagem não teria sido problema.
2. Quem era Paulo?
Na primeira década de nossa era havia dois meninos, em cidades
diferentes (Nazaré e Tarso), sem que um soubesse do outro. O
primeiro mudou e marcou o mundo para sempre. O segundo tornou o
primeiro conhecido fora dos limites da religião dos dois, o
judaísmo. E pôs a vida em função dele, a ponto de dizer: “…
e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim…”
(Gl 2.20). Graças ao segundo, sabemos muito do primeiro, Jesus de
Nazaré. Mas sobre ele, que sabemos? Quem foi ele? Ele nos responde.
Pelo nascimento: “Eu sou judeu, natural de Tarso,
cidade não insignificante da Cilícia” (At 21.39). Não era um
qualquer. Orgulhava-se de sua descendência religiosa e de sua cidade
natal.
Pela cidadania: “Vindo o comandante, perguntou-lhe:
Dize-me: és tu romano? Respondeu ele: Sou. Tornou o comandante: Eu
por grande soma de dinheiro adquiri este direito de cidadão. Paulo
disse: Mas eu o sou de nascimento” (At 22.27,28). Era cidadão
romano, com todos os direitos.
Pela sua cultura, segundo os outros: “Fazendo ele
deste modo a sua defesa, disse Festo em alta voz: Estás louco,
Paulo; as muitas letras te fazem delirar” (At 26.28). Seus
juízes atestaram sua vasta cultura.
Pela sua religião: “Circuncidado ao oitavo dia, da
linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à
lei fui fariseu; quanto ao zelo, persegui a igreja; quanto à justiça
que há na lei, fui irrepreensível” (Fp 3.5,6). Membro da
seita mais ortodoxa do judaísmo, ele foi “irrepreensível”.
Espiritualmente: “Pois eu sou o menor dos apóstolos,
que nem sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a igreja
de Deus. Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para
comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles;
todavia não eu, mas a graça de Deus que está comigo” (1Co
15.9,10).
Extraordinariamente culto, de grande capacidade de trabalho,
espiritualmente zeloso, judeu radical. Sua conversão redirecionou
todo seu cabedal a serviço de Jesus. No dizer de Stott, Paulo era um
homem “intoxicado de Cristo”. O mundo deve muito a esse homem,
que Rohden denominou de “o maior bandeirante do evangelho”. Sua
paixão por Jesus é um desafio à nossa fé.
3. A transformação
Uma palavra de Paulo merece nossa atenção, por sintetizar sua
vida: “nem sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a
igreja de Deus” (1Co 15.9). Há dois limites nela: perseguidor
da igreja de Deus e apóstolo. A mudança se deu no caminho de
Damasco. Há três narrativas de sua conversão, em Atos: 9.1-19
(narrada por Lucas), 22.1-16 (contada por ele em discurso ao povo de
Jerusalém após sua prisão) e em 26.10-18 (em Cesaréia, contada
por ele, diante de Agripa e de Festo). Esta experiência o marcou
para sempre. Nunca mais Paulo foi o mesmo. A conversão deve mudar a
pessoa.
Muitos tentaram desacreditar esta experiência, dando-a como
produto de cansaço físico e emocional ampliado por uma caminhada ao
sol do meio-dia. Outros tentaram lhe atribuir uma doença mental. Sua
conversão teria sido apenas uma alucinação.
O evento foi sobrenatural, e não uma ilusão, pois foi uma luz
mais forte que o sol do deserto, ao meio-dia (At 22.6). Os homens
ouviam a voz, mesmo não a entendendo (v. 7, cf. At 22.9). O poderoso
e arrogante perseguidor cai por terra. Uma voz o alcança: “Saulo,
Saulo, por que persegues?” (At 9.5). A repetição do nome
próprio era uma forma carinhosa de tratamento (Êx 3.4, 1Sam 3.4).
Ele odiava, sem conhecer, o dono daquela voz. O dono daquela voz o
amava. Atônito, Paulo pergunta: “Quem és tu, Senhor?”. A
resposta foi: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues”. Que
impacto! Que choque! Ele não perseguia seguidores de uma
superstição, mas alguém vivo, que agora o alcançara e derrubara!
Jesus era real! Estava vivo! E Paulo o perseguia! Caçava seus
seguidores! Mas o Grande Caçador dos Céus o alcançou. Não com o
ódio com que ele caçava, mas com ternura. A graça de Jesus o
alcançou. Por isso, mais tarde ele escreverá, como ninguém, sobre
a graça de Deus. Ele a experimentou em Jesus. Quem tem um encontro
real com Jesus prova a graça.
4. Disposição para o serviço
A conversão de Paulo não foi superficial. Foi radical, profunda,
como deve ser uma conversão. Ele não se aculturou nem aderiu a um
grupo. Ele foi transformado pelo poder de Jesus, e como resultado,
quis servi-lo: “Então perguntei: Senhor, que farei? E o Senhor
me disse: Levanta-te, e vai a Damasco, onde se te dirá tudo o que te
é ordenado fazer” (At 22.10).
Quem é autenticamente convertido tem como desejo principal fazer
alguma coisa para seu Salvador. Como Paulo mais tarde diria: “Pois
o amor de Cristo nos constrange” (2Co 5.14). Conhecer o amor de
Jesus provoca um santo constrangimento na vida. Quem conheceu seu
amor quer servi-lo. Muitos convertidos hoje querem entretenimento e
que Deus ou a igreja cuide deles. Mas nunca se perguntam o que podem
fazer pelo Senhor. Uma pessoa verdadeiramente salva é grata e mostra
espírito de serviço. Muitos querem ser servidos, mas a vida cristã
é servir. Jesus nos deu o exemplo: “Pois também o Filho do
homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua
vida em resgate de muitos” (Mc 10.45). Paulo seguiu seu
exemplo.
Para pensar e agir
1. Nenhum coração é bastante duro para não ser alcançado pela
graça de Jesus. Não deixemos de orar por pessoas sem Cristo,
pensando que elas são muito duras e nunca se converterão. Não há
limites para o poder de Jesus.
2. O propósito real de Deus para nós só pode ser descoberto em
Cristo. A conversão redireciona nossa vida.
3. Quem é convertido deseja servir a Jesus. Vida cristã é
dedicação a Cristo, não busca de vida fácil e prazerosa. Você é
convertido? Sirva!
Leitura Diária
Segunda: Atos 7. 55-8.3
Terça: Atos 9.1-6
Quarta: Atos 9.17-30
Quinta: Atos 26.4-19
Sexta: 1 Coríntios 15.1-11
Sábado: Efésios 3.1-13
Domingo: Gálatas 2. 15-21
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