COMUNHÃO BÍBLICA | Pastor Cleber
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COMUNHÃO BÍBLICA




Atos 2:46,47

46 – E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração,
47 – Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.


INTRODUÇÃO:

Observem que a palavra comunhão não está no texto, mas sim o seu sentido. As versões bíblicas corroboram este entendimento com as seguintes traduções: “perseverando unânimes todos os dias” (ACRF); “diariamente perseverando unânimes” (SBB); “perseverando todos os dias concordemente” (BKJF); “diariamente, continuavam a reunir-se” (BKJA); “todos os dias, continuavam a reunir-se” (NVI) etc. Assim os crentes estavam juntos, no templo e nas casas.
Champlim1 explica que:
Os crentes comiam juntos, em grande alegria, porquanto suas vidas haviam assumido um novo propósito e destino. Faziam isso com Jesus como Senhor, enriquecendo as suas vidas. Note-se como Cristo se tornou o centro de toda a vida dos crentes; e sem dúvida isso é o segredo de sua intensa devoção (…).
A significação literal dessa palavra, “singeleza” (que não ocorre em qualquer outra porção do N.T.) era a ideia da suavidade do solo, sem pedras. Daí passou a significar igualdade e unidade de caráter. Tal unidade de caráter podia ser demonstrada pelo amor mútuo, pela pureza, pela devoção intensa, sem mistura ao Senhor Jesus, porquanto se consagravam supremamente a ele, de tal modo que nenhuma “pedra” do ego e do pecado estava misturada com a igualdade deles, com o seu caráter singular (…).


Segundo a mesma fonte, “Partindo o pão em casa” é uma referência a observância da celebração da Ceia do Senhor, que estava vinculada à refeição vespertina dos crentes. A cada vez que se reuniam pela manhã, como também em outras refeições, provavelmente, partiam o pão e observavam o rito da Ceia, que mais tarde passou a ser celebrada nas congregações, de maneira mais formal, no primeiro dia da semana, como memorial da ressurreição e da promessa da volta de Cristo. Assim, as reuniões cristãs eram marcadas pelo “partir o pão” e comer “juntos com alegria e singeleza de coração”.

Em Corinto os ajuntamentos perderam seu significado, de forma que Paulo diz: “Nisto, porém, que vou dizer-vos não vos louvo; porquanto vos ajuntais, não para melhor, senão para pior… De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do Senhor. (1 Coríntios 11:17, 20). Havia encontro, celebração, mas não havia comunhão!

Que nossos encontros não sejam somente de “comemoração”, mas de “comunhão”, uma vez que é preciso distinguir tais ajudamentos: Comer + morar dá a ideia de comida e moradia – comer e morar juntos – o que não denota unidade, podendo indicar apenas um festejo. Comunhão é termo mais abrangente e próprio para designar a vida em unidade da igreja.

Em Atos os crentes se reuniam em torno da mesa, e também da doutrina. Assim aqueles irmãos não apenas se encontravam festivamente para celebrarem, mas viviam concordemente, unânimes, com um mesmo sentimento, comungando princípios e valores doutrinais, bem como afeto e bens, exercitando a fé e o cuidado mútuo. Percebam ainda que a “comunhão” era no sentido vertical e horizontal: o que os mantinham unidos na Terra era a sua união com Deus em torno dos ensinos de Cristo – “e perseveravam na doutrina dos apóstolos” e “todos os que criam estavam juntos” (vs. 42 e 44) – doutra maneira nenhuma igreja poderá experimentar a verdadeira comunhão cristã.

Enfatizo que o elemento aglutinador desta comunhão é a doutrina de Cristo, e não o amor, como tem sido ensinado erroneamente. Não é o amor que gera a unidade cristã, mas sim a Verdade que une os que à ela convergem. A doutrina nos ensina a amar como Cristo amou, e promove a unidade dos filhos de Deus em torno da Palavra. Vejam que Paulo não nos ensina seguir o amor, mas seguir a verdade em amor, quando diz: “Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Efésios 4:15 – grifo do autor). A verdade nos ajuda a crescer em tudo, inclusive em amor.

1 – O PRAZER DE ESTAREM JUNTOS (v.46)

E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração” (Atos 2:46 – grifo do autor).

As reuniões eram constantes, no templo e nas casas. A nota do texto bíblico que denota prazer nestes encontros é “juntos com alegria”. O crescimento cristão acontece quando “juntos” e com “alegria” cultuamos a Deus, oramos, buscamos conhecimento em sua Palavra, exercemos nossos dons para bem do próximo, proclamamos a salvação etc. A igreja existe porque “juntos” a formamos, daí a ideia de “edifício”, usada por Paulo:
Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;
No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor.
No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito.
Efésios 2:20-22
Juntos” porque somos corpo e edifício, e não ilha, porque somos família de muitos irmãos, porque pertencemos à comunhão dos salvos. “Alegria” porque a vida cristã, embora gere oposição e exija sacrifícios, não é um fardo, mas um privilégio, de modo que deve ser exercida com alegria, e não com murmurações. “Alegria” porque “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união” (Salmos 133:1); porque “A minha alma está desejosa, e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo” (Salmos 84:2); porque “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor” (Salmos 122:1); porque nosso contentamento está em Deus, porque nos alegramos com os irmãos, porque nos alegramos quando pessoas crescem no conhecimento da Palavra, porque nos alegramos quando vidas são salvas, porque nos alegramos em servir, porque nos alegramos quando a igreja segue cumprindo a missão… A comunhão cristã frutifica em alegria.

Será que a alegria contagiante entre os primeiros cristãos é também realidade entre nós?

Prazer significa, dentre outras coisas, “sensação agradável de contentamento ou de alegria, normalmente relacionada à satisfação de um desejo, vontade ou necessidade” 2. Temos tido prazer na vida com Deus e com os irmãos?

2 – COMUNHÃO E MULTIPLICAÇÃO (v. 47)

A comunhão bíblica e, portanto saudável, cria uma atmosfera propícia ao trabalho do Espírito Santo e facilita a multiplicação. Apenas destaco que a multiplicação não é algo que se exige, que se conquista com estratégias meramente humanas, que não pode ser programada ou agendada, que não acontece pela implantação de um modelo de gestão etc. É como o crescimento físico: os pais esperam que os filhos cresçam por que isso é natural. Quando não acontece, procuram ajuda médica para que seja identificado o problema. Da mesma forma, é natural que a igreja cresça, e se isso não ocorre é preciso verificar o que está havendo.

Também é importante reconhecer que crescimento numérico nem sempre é crescimento qualitativo, embora o crescimento qualitativo possa desencadear o crescimento numérico. Não devemos confundir adesão com conversão, nem reuniões “animadas”, festivas, com comunhão saudável.

Outra coisa que preciso salientar: Não é exatamente a comunhão dos salvos que produzirá novos salvos, como tem sido ensinado por aí, mas a pregação clara e descontaminada da Palavra de Deus. Embora a vida em comunhão sirva como testemunho que corrobora a pregação, é o evangelho ainda o único “poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Romanos 1:16), e o modo como o Espírito Santo trabalha para o convencimento do pecador ainda consiste em que “a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus (Romanos 10:17). Para isso não há alternativas. O amor atrai, mas é a Verdade que liberta (João 8:32 e 36). Não foi observando o amor entre os irmãos, mas ouvindo a mensagem da Verdade que pessoas com corações compungidos perguntaram “Que faremos, homens irmãos?”, e chegaram ao arrependimento (Atos 2:37). Se “todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles iam sendo salvos”, é porque a igreja, além da vida comunitária, em obediência ao Senhor, alcançava os de fora com a pregação (Atos 2:47): “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?” (Romanos 10:14).

Tendo feito tais considerações, destaco a importância da comunhão para a multiplicação: se a comunhão não é o elemento desencadeador da multiplicação, é a propiciadora do ambiente que gera prazer e alegria no serviço cristão, permitindo, dentre outras coisas, a cooperação sadia e produtiva dos crentes na obra. Sem a comunhão, a igreja local é como uma casa dividida, “e, se uma casa se dividir contra si mesma, tal casa não pode subsistir” (Marcos 3:25). Esta verdade também pode ser ilustrada com o que ocorre com um time de futebol: se cada jogador jogar para si mesmo, os resultados não virão. Da mesma forma, se num canteiro de obras cada operário trabalhar independente do outro, sem seguir um plano, sem liderança, a conclusão do projeto ficará prejudicada. Portanto, cooperar com alegria, servir com prazer, fazer todas coisas para a glória de Deus, considerar sempre a importância do outro e zelar pela comunhão são atitudes que contribuem e facilitam o cumprimento da missão.

CONCLUSÃO:

Considero que a igreja tem duas grandes obras no mundo: edificar os salvos e ganhar os perdidos. Realizando isso ela cumprirá a razão de sua existência: GLORIFICAR A DEUS! E, quando os crentes servem num ambiente de comunhão bíblica, portanto saudável, o trabalho cristão é ainda mais prazeroso e dinâmico, e Deus é honrado. Por isso todos devem cooperar e zelar pela comunhão entre os irmãos.

Concluo apresentando o texto a seguir como um desafio: “E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia” (Hebreus 10:24,25).


Pr. Cleber Montes Moreira
Em paralelo ao Estudo 5 da Revista Palavra e Vida, Primeiro Trimestre de 2018.
Em 04 de fevereiro de 2018, na TIBI


1 O Novo Testamento Interpretado Versículo Por Versículo, Volume III, Russell Normam Champlim, Ph. D., página 76.

2 https://www.dicio.com.br/prazer/ (acessado em 30 de janeiro de 2018).

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