IMPLICAÇÕES DA OBRA MISSIONÁRIA | Pastor Cleber
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IMPLICAÇÕES DA OBRA MISSIONÁRIA

Pr. Cleber Montes Moreira

Texto: Mateus 9.35-38

35- E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.
36- E, vendo as multidões, teve grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor.
37- Então, disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros.
38- Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara.


INTRODUÇÃO:
Os versos anteriores aos que lemos aqui, que compreendem os capítulos 8 e 9 de Mateus, relatam um pouco da Obra que Jesus realizava: pregações, curas, libertação dos oprimidos, demonstração de seu poder sobre a natureza e potestades, ensino, convocação e comissionamento. Podemos dizer que estes dois capítulos de Mateus tem farto material para a compreensão da obra missionária. Mais que isso, eles nos fazem compreender a natureza, a ação e o modelo da missão no ministério de Jesus.
Do capítulo 9, versos 35 a 38, extrairemos alguns ensinos sobre as implicações da Obra Missionária. Vejamos:

1. MISSÕES IMPLICA CONTATO PESSOAL: (v. 35)
(1) “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias...”
Isso difere da vida entre quatro paredes. Muitas vezes pensamos que estamos oferecendo a Deus o nosso melhor, supondo que isso é possível sem a obediência ao “Ide” de Jesus. Mas, para Deus, o nosso melhor não é o ativismo religioso, nossas festas e celebrações cúlticas, os louvores que oferecemos em nossos templos, ou mesmo nas casas dos crentes, e sim a vida de compromisso com a missão que levamos lá fora.
Jesus percorria todas as cidades e aldeias, e nós percorremos ruas, escritórios, escolas, consultórios, estabelecimentos... A grande questão é se temos feito de nossas andanças oportunidades para a pregação do evangelho. Em nossa caminhada precisamos cumprir o propósito da Missão a nós atribuída. Não importa onde você esteja indo, que seu objetivo maior seja o do cumprimento do “Ide”: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mateus 28.19).

(2) “E percorria Jesus... ensinando nas sinagogas deles...”
Não se pode realizar Missões sem o ensino da Palavra de Deus! Muitos compreendem a Obra Missionária como algo que se possa realizar apenas com espetáculos, shows e pirotecnia. Estes recursos são apenas atrativos; servem para chamar a atenção do povo, mas não transformam mentes e corações, pois não desencadeiam o conhecimento de Deus.
Devemos fazer da simplicidade de Jesus o nosso método de trabalho. Ao invés de recursos mirabolantes Ele preferia uma forma de ensino mais simples, objetiva e eficaz. E, o mais importante: seus ensinos correspondiam à sua forma de viver. Marcos relata: “E maravilharam-se da sua doutrina, porque os ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas” (Marcos 1.22).
Transmitir o conhecimento de Deus deve ser a finalidade da Igreja. É este conhecimento que transforma vidas! Seja no templo, na EBD, aos domingos a noite ou durante a semana; seja nas casas ou até mesmo nas ruas, precisamos ensinar o evangelho com vida e palavras, tendo como exemplo o próprio Jesus.

(3) “E percorria Jesus... pregando o evangelho do reino...”
Jesus tinha uma mensagem para pregar; sua pregação era “o evangelho do reino”. Não era uma mensagem qualquer; não era um evangelho qualquer, mas “o evangelho do reino”, as boas novas de salvação!
Hoje existem muitos evangelhos: o da prosperidade, o triunfalista, o “milagreiro”, o da autoajuda... Muitos propagam um evangelho “politicamente correto”, adaptado, atenuado, festivo, sem compromisso com o reino, com a finalidade de agradar, atrair e encher os templos. Jesus, no entanto, pregava “o evangelho do reino”, “o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Romanos 1.16). A pregação deste evangelho começa com “arrependei-vos”, tocando, assim, no âmago da questão humana – o pecado –, evidenciando o estado de morte do pecador, e prossegue para o ensino da graça e da oferta da vida eterna em Cristo.

(4) “E percorria Jesus... curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.”
Embora tendo como alvo o resgate do perdido, Jesus sentiu-se profundamente tocado pelo sofrimento humano: injustiças sociais, preconceitos, fome, opressão espiritual, doenças... Ele ensinou a justiça, multiplicou pães, falou com samaritanos, tocou em leprosos, curou (até no sábado), comeu com pecadores... demonstrando que seu evangelho contempla o homem por inteiro.
A missão primordial da igreja no mundo, é anunciar o evangelho. Mas, ela deve também se preocupar com o bem-estar das pessoas. Foi assim que Jesus agiu. Não há como desassociar o evangelho da piedade.

2. MISSÕES IMPLICA VISÃO E SENTIMENTO: (v.36)
(1) Jesus teve uma visão real das multidões:
- “...andavam cansadas e desgarradas...”
O sentido de “cansadas” (σκύλλω) é o de “esfoliar, tirar o couro”, significando “afligir, molestar, preocupar, perturbar”. Assim “o povo estava sendo molestado, importunado e desnorteado por aqueles que deveriam ser seus mestres”.
O sentido de “desgarradas” (ρίπτω) é o de “lançar para baixo, prostrar com bebida ou ferimento mortal.” Dá a ideia de alguém exausto, caído, ferido... Refere-se “ao povo como ovelhas maltratadas e indefesas”. O povo estava cansado, prostrado e sem esperança.

- “...como ovelhas que não têm pastor.”
Aquela gente tinha liderança espiritual, mas seus líderes estavam falidos em sua religiosidade. O legalismo judaico era um fardo tão pesado que nem mesmo os escribas e fariseus, que esfoliavam o povo, podiam suportar. Sobre tais líderes Jesus afirma: “Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los” (Mateus 23.4).
Esse povo, maltratado, havia perdido a esperança. Estava cansado do “religiosismo”, perdido, sem rumo, “como ovelhas que não tem pastor”.
No relato do texto encontro semelhança com a realidade atual. Não faltam igrejas, pastores, bispos, apóstolos e toda a sorte de líderes que se dizem enviados de Deus para apascentar o povo. Mas, mesmo diante do exposto, vemos que o povo continua perdido, sem esperança de vida eterna, afligido, esfoliado, roubado, ferido por lobos gananciosos travestidos de pastores.

(2) Jesus envolveu-se emocionalmente com aquela gente:
- “E, vendo as multidões, teve grande compaixão delas...”
Compaixão, segundo o DICIO (Dicionário Online), significa “Sentimento de pesar que nos causam os males alheios; comiseração, piedade, dó.” Um dos ensinos mais fascinantes é o da compaixão de Cristo por aqueles que sofrem. A Bíblia registra que em vários momentos “o Senhor moveu-se de íntima compaixão”. Foi o que aconteceu quando, ao entrar na cidade de Naim, encontrou uma viúva chorando enquanto acompanhava o cortejo fúnebre de seu único filho: “E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores” (Lucas 7.13).
Posso afirmar que o coração de Jesus está cheio de compaixão por nós. Ninguém melhor que Jesus sabe chorar conosco durante nossos momentos de angústias e sofrimento (vide João 11.35). O coração de Jesus “move-se de íntima compaixão” por nós!
A igreja também precisa aprender a compaixão e envolver-se na Obra com amor profundo pelos que perecem. Sem compaixão não se cumpre a Missão!

3. MISSÕES IMPLICA ORAÇÃO: (v.38)
A obra tem suas carências, e Jesus as reconhece muito bem. Ela carece de mais obreiros, e por isso devemos orar.
Entenda que Jesus não diz que precisamos de mais pastores, de mais missionários, de mais bispos, de mais profetas..., mas de mais trabalhadores. O povo não tinha falta de líderes religiosos como escribas, mestres, sacerdotes, mas sim de gente que realmente estivesse comprometida com a Obra de Deus.
Infelizmente, hoje, os títulos eclesiásticos já não retratam qualquer compromisso com o evangelho genuinamente bíblico. Ser chamado de pastor, bispo, evangelista, apóstolo (...) para muitos é uma questão de status e de poder. Não é disso que Jesus disse que a Obra carece, mas sim de fiéis trabalhadores; pessoas realmente comprometidas com os valores do reino de Deus. Pastores de verdade, que realmente apascentem o povo, que chorem pelas ovelhas, que as guie pelo caminho eterno, que cuide de suas feridas, que, se necessário, deem suas vidas por elas, ao invés de afligi-las e abatê-las.
Vejo que precisamos orar mais, no sentido de que Deus levante pessoas seriamente comprometidas com Ele. Pessoas de valor que realmente se disponham a trabalhar na obra por amor e fidelidade, sem esperar nada em troca de seu trabalho.
A Obra missionária também apresenta outras carências pelas quais devemos orar. Mas, além de orar, a igreja precisa agir. Foi justamente por isso que logo na sequencia, no capítulo 10, Jesus envia seus discípulos em missão. Primeiro Ele os convida para orar por mais trabalhadores, depois os envia para trabalhar na Sua seara. Os discípulos deveriam agir, dando continuidade à sua Obra. É isso que precisamos fazer!

CONCLUSÃO:
Concluo com as seguintes perguntas para nossa reflexão:
(1) Como você tem agido diante das portas que Deus abre nas escolas, no trabalho, na vizinhança, nas ruas (...)? Você tem aproveitado bem as suas andanças para proclamar a salvação em Cristo?
(2) Que tipo de visão você e sua igreja tem desenvolvido sobre a Obra missionária?
(3) Você está sentimentalmente envolvido com a Missão que Jesus te deu?
(4) Para você, o que implica a Obra missionária?
Reflita e reavalie suas atitudes em relação ao objetivo de Deus para a sua vida.

Em 13 de fevereiro de 2011
Fonte de pesquisas:
Chave Linguística do Novo Testamento Grego, de Fritz Reinecker e Cleon Rogers.
Léxico do Novo Testamento Grego / Português, de F. Wilbur Gingrich.

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