A GRAÇA DE DEUS EM TITO 2.11 | Pastor Cleber
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A GRAÇA DE DEUS EM TITO 2.11

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Pr. Cleber Montes Moreira


Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tito 2.11)



INTRODUÇÃO:

Mathew Henry, comentando a Carta a Tito, escreve: “A doutrina da graça e a salvação pelo evangelho é para todas as categorias e estados do homem . Nos ensina a deixar o pecado; a não ter mais relação com este (…). Note-se aqui nosso dever em poucas palavras: negar a impiedade e as luxúrias mundanas, viver sóbria, reta e piedosamente, apesar de todas as armadilhas, tentações, exemplos ruins, maus costumes e vestígios do pecado no coração do crente, com todos seus obstáculos. Nos ensina a buscar as glórias do outro mundo...”

De fato, Paulo fala de diversos tipos de pessoas e diversas condições: velhos (2.2), mulheres idosas (2.3), mulheres novas (2.4), moços (2.6), servos (2.9), senhores, (2.9), autoridades (3.1), menciona maridos, menciona filhos, e com a expressão “a todos os homens” (2.11) abrange todas “categorias e estados” do ser humano.

Todas as pessoas, indistintamente, pela manifestação da graça de Deus, são convidadas a viver em conformidade com os valores do reino, deixando para trás a vida conformada com o mundo.

Tito, o destinatário da carta, era um cristão grego. Paulo lhe dava apoio no desempenho de suas funções e liderança a frente das congregações cretenses. Sua tarefa não era nada fácil, pois tinha que lidar com pessoas rebeldes: “Porque há muitos desordenados, faladores, vãos e enganadores, principalmente os da circuncisão, aos quais convém tapar a boca; homens que transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe ganância” (1.10-11).

Entre os cretenses, eram comuns a mentira, a glutonaria e a preguiça, e, pelo visto, alguns dos cristãos refletiam essas características ruins. Epimênides já havia dito: “Os cretenses são sempre mentirosos, bestas ruins, ventres preguiçosos” (1.12). Infelizmente, assim como na época de Tito, ainda hoje há muitos “cretenses” nas igrejas. Estes “confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra” (1.16). Por esse motivo é que Paulo exorta a Tito que os repreenda com severidade: “Portanto, repreende-os severamente, para que sejam sãos na fé” (1.13).

Nosso estudo visa a melhor compreensão da graça de Deus, sua manifestação, sua abrangência, e o viver daqueles que por ela foram alcançados. Vejamos:


1. A GRAÇA SE MANIFESTOU – TORNOU-SE CONHECIDA:
Tenhamos em mente que o público-alvo da carta, os que deveriam ser orientados por Tito, eram pessoas que faziam parte da igreja, e não os de fora. Embora a graça divina tenha se manifestado para trazer salvação a todos, somente os verdadeiramente convertidos é que podem compreendê-la melhor, à luz dos ensinos bíblicos e sob a orientação do Espirito Santo, o ensinador.

O que é a graça? O termo grego traduzido por “graça” é χαρις (charis) que significa “graça ou favor imerecido”. William Hendriksen afirma: “A graça de Deus é seu favor ativo em outorgar o maior dom aos que merecem o maior castigo.”

A palavra grega traduzida por “manifestou” é επεφανη (epefani). Epifania significa aparecimento ou manifestação. Segundo Fritz Rienecker e Cleon Rogers “o significado essencial da palavra é aparecer repentinamente no cenário e é usada particularmente para a intervenção divina, especialmente para ajudar, e da aurora da luz sobre as trevas”. William Hendriksen diz que “a graça de Deus fez sua aparição”, ou seja, a graça surgiu, apareceu, se manifestou “trazendo salvação”. Para os crentes ela tornou-se conhecida, experimentada, pela experiência da salvação. Ela se manifestou a nós na pessoa de Cristo.



2. TRAZENDO SALVAÇÃO – ROMPIMENTO COM O MUNDO:
Observe o que o verso 12 completa o verso 11: “Ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente.”

A graça se manifestou para alcançar os perdidos e libertá-los do estado de morte. Portanto, receber a graça salvadora implica em rompimento com o mundo.

A compreensão da graça divina deve desencadear no cristão um novo comportamento, pois ela consiste em que Jesus “deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras” (2.14). Para nós é graça; para Cristo um alto preço; custou a sua vida! O preço era elevado, mas Ele o pagou com seu sacrifício na cruz, e o fez para “purificar para si um povo seu, especial, zeloso de boas obras”. Rejeitar a graça é rejeitar ser parte desse povo! Conhecer a graça e viver conformado com o mundo é descaso, é pecado!

Na Carta a Tito encontramos várias orientações sobre como deve ser o comportamento dos crentes:
  1. Aos idosos: “que sejam temperantes, sérios, sóbrios, sãos na fé, no amor, e na constância” (2.2);
  2. Às mulheres idosas: “que sejam reverentes no seu viver, não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras do bem” (2.3-4), para que sejam exemplo para as mulheres mais novas;
  3. Aos jovens: “que sejam moderados” (2.6), ou seja, sem exagero, comedido, prudente;
  4. Aos servos: “que sejam submissos a seus senhores em tudo, sendo-lhes agradáveis, não os contradizendo nem defraudando, antes mostrando perfeita lealdade, para que em tudo sejam ornamento da doutrina de Deus nosso Salvador” (2.9-10);
  5. A todos: “que estejam sujeitos aos governadores e autoridades, que sejam obedientes, e estejam preparados para toda boa obra, que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas moderados, mostrando toda a mansidão para com todos os homens” (3.1-2);
  6. A Tito: que ensine a sã doutrina (2.1), que seja exemplo para os demais (2.7), e que tenha um linguajar saudável e irrepreensível (2.8);
    Observe que todas as orientações de Paulo estão na contra mão daquilo que o mundo tenta nos impor. Quem conheceu a graça de Cristo não deve querer voltar ao passado, quando vivia na desobediência, separado de Deus: “Porque também nós éramos outrora insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias paixões e deleites, vivendo em malícia e inveja odiosos e odiando-nos uns aos outros. Mas quando apareceu a bondade de Deus, nosso Salvador e o seu amor para com os homens, não em virtude de obras de justiça que nós houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou mediante o lavar da regeneração e renovação pelo Espírito Santo,” (3.3-5).
Além de romper com o mundo, os fiéis também deveriam romper com aqueles queriam a judaização da fé cristã. Paulo se refere a estes como os da “circuncisão” (1.15), e a seus ensinos como “fábulas judaicas”, “mandamentos de homens que se desviam da verdade” (1.14). O Manual Bíblico Vida Nova afirma que: “Os falsos mestres estavam tentando constituir padrões humanos pelos quais se pudessem julgar questões de pureza e impureza. Paulo, porém, mostrou que aqueles padrões estavam corrompidos”. Eles se preocupavam em introduzir na igreja os costumes judaicos como a circuncisão, regras alimentares etc. Durante seu ministério Jesus já havia se referido aos líderes judaicos dizendo: “Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens” (Mateus 15.9).

Hoje está em moda a tentativa de judaizar o cristianismo. Movimentos e seitas modernas usam símbolos judaicos em suas celebrações. Há um grupo que se denomina “Ministério Trazendo a Arca”, que representa muito bem este esforço judaizante. No youtube existem vídeos de diversas denominações que, durante seus ajuntamentos, introduzem réplicas da arca da aliança. É comum durante a introdução da arca que pessoas procurem tocá-la como se pudessem receber dela alguma virtude. Esta semana ouvi de um pastor de uma igreja batista que teria ido a Israel, e diante do rio Jordão não exitou em ser “rebatizado”. A estrela de Davi, o castiçal, o shophar e outros símbolos judaicos estão cada vez mais em uso. Muitas denominações celebram festas judaicas. Há entre estas, infelizmente, algumas que ainda teimam em ser chamadas de batistas.


3. A TODOS OS HOMENS – DEUS NÃO AGE COM DISCRIMINAÇÃO, A LIBERTAÇÃO É PARA TODOS:
Da mesma forma que todos são culpados diante de Deus, todos são alvos de Seu amor e objetos de Seu cuidado. Deus quer salvar a todos! Ele não faz distinção entre pessoas.

Um belo exemplo da graça de Deus está na igreja: idosos e idosas, jovens, servos, livres... Quantas pessoas distintas na idade, na classe social etc.? A graça de Deus a todos alcança: o jovem, o adulto, o idoso, o homem, a mulher, o escravo, o livre... Por isso que todos são chamados a viver a vida cristã.

Lembremo-nos que o evangelho é inclusivo, mas ele exige mudanças. Jesus nos ensina isso ao dizer para a adúltera: “vai-te, e não peques mais” (João 8.11). Pala graça estava livre para viver uma nova vida.

“Trazendo salvação” pode ser traduzido como “trazendo libertação”. O apóstolo aponta para o viver segundo o evangelho. Os cristãos, pela graça, são libertos do velho modo de viver. Não existe salvação sem liberdade. Na carta esta liberdade é tanto em relação aos costumes do mundo, quanto aos rudimentos religiosos do judaísmo.

Pela graça todas as pessoas, sejam homens ou mulheres, velhos ou jovens, escravos ou livres, são iguais perante Cristo. Na igreja os valores são outros. Por isso os servos devem, como cristãos, obedecer aos seus senhores, não sendo infiéis nem defraudando. Os senhores, como bons cristãos, devem tratar seus servos com respeito. Na época de Paulo havia escravos. Lembremo-nos que o apóstolo escreveu a Filemom para que recebesse o escravo fugitivo, mas agora converso, Onésimo, como irmão em Cristo (Filemom 15-17). No contexto do evangelho a relação entre as pessoas se dá na base do amor cristão: “Pois em um só Espírito fomos todos nós batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos quer livres; e a todos nós foi dado beber de um só Espírito” (1ª Coríntios 12.13); “Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gálatas 3.28).


CONCLUSÃO:
Encerro com a citação de dois textos consonantes aos ensinos aqui apresentados:
“Mas agora fomos libertos da lei, havendo morrido para aquilo em que estávamos retidos, para servirmos em novidade de espírito, e não na velhice da letra” (Romanos 7.6);
“Para a liberdade Cristo nos libertou; permanecei, pois, firmes e não vos dobreis novamente a um jogo de escravidão” (Gálatas 5.1);
Consideremos estas orientações em nosso viver diário.


Fontes de pesquisa:
Comentário Bíblico, de Mathew Henry
Lexico do Novo Testamento, de F. Wilbur Gingrich
Chave Linguística do Novo Testamento Grego, Fritz Rienecker e Cleon Rogers

7 comentários:

  1. Muito bom o texto amado pastor, que Deus continue o abençoando.

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  2. Excelente mensagem, que o Senhor de toda a sabedoria use a sua vida como instrumento para propagar a sua palavra com ousadia, sinceridade e amor, pois temos vivido tempo dificéis somente a palavra de Deus pode transforma este mundo pecaminoso que precisa de Jesus.

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  3. ... Que o Espírito do Senhor continue a operar em ti, revelando-lhe a Salvação que é exclusivamente pela Graça de Deus, e não pelas obras ou sacrifícios religiosos impostos a todo religioso!

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  4. Deus nem sempre nos dá o que pedimos, mas do que precisamos! Assim, Ele nos deu a Sua Maravilhosa Graça !

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  5. Paz de Cristo. Texto muito proveitoso e edificasnte. Parabéns meu querido pelo estudo.

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  6. Paz de Cristo. Texto muito proveitoso e edificasnte. Parabéns meu querido pelo estudo.

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